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Conquista da Pedra Bela Vista & Esportiva no Elefante

^ Pedra Bela Vista.

Pedra Bela Vista

Se existe uma coisa que é muito legal na escalada é chegar no cume de uma montanha. E se esse cume for virgem, melhor ainda! Antes de vir morar no Espírito Santo, não ligava muito para essas coisas, até porque o Rio Grande do Sul é bastante restrito quanto a montanhas com cume. Foi somente aqui que aprendi a pegar gosto pelas montanhas intocadas. Não persigo montanhas virgens, mas preciso confessar que chegar num cume virgem tem um toque especial.

É claro que não sou a única pessoa que compartilha essa visão, tanto é que a maioria das montanhas virgens do estado foram conquistados pelos escaladores cariocas que durante anos viam no Espírito Santo um celeiro de montanhas intocadas. O fato é que nos dias atuais, não há praticamente nenhuma grande montanha virgem. O que tinha para ser escalado já foi escalado. É claro que ainda restam algumas montanhas de menor porte ou algumas esquecidas que ainda não foram conquistadas, mas a grosso modo, não há grandes conquistas no estado.

Recentemente, o Cosme me convidou para fazer mais uma escalada na região. Como ele mora em Colatina, norte do estado, dei uma olhada no Google Maps para ver as montanhas que tenho “na manga” e me lembrei de uma pequena agulha localizada próximo a cidade de São Roque do Canaã. O estudo prévio, baseado na imagem de satélite, sugeria que a montanha era virgem, pois por todas as faces que visse não teria como um “escalador local” audacioso conseguisse bater no cume usando apenas a coragem como equipamento. O único risco seria um escalador do Rio ter conquistado a montanha e não ter reportado em nenhum lugar, mas tudo indicava que não.

No sábado, cedo da manhã, rumei em direção ao ponto de encontro combinado com o Cosme, bem em frente à montanha. E após 2h de estrada, tivemos a primeira visão da montanha. Quando vi que a montanha era visível da estrada que liga duas cidades importantes, fiquei um pouco receoso quanto ao fato de a montanha nunca ter sido escalado antes.

Pedra Bela Vista. Lembra um pouco o Calogi.

Como de praxe procuramos os proprietários das terras para solicitar autorização e logo em seguida fomos até o ponto mais próximo que o carro seria capaz de nos levar.

De longe, ficou claro que pedra não era um monstro, talvez uns 100m de altura. E para melhorar mais ainda os ânimos, vimos pelo menos 3 linhas de fenda que levavam ao cume. Tudo isso levantou os nossos ânimos e fizemos a aproximação de uns 300m por dentro da Mata Atlântica com o sorriso na orelha.

Assim que chegamos na base da pedra, descobrimos que a pedra tinha muita vegetação. Para quem não sabe, isso quer dizer duas coisas: onde tem vegetação, tem agarra, o que é uma boa notícia. Por outro lado, onde tem vegetação, tem trepa mato! Ou trepa-espinho.

A vegetação da base era tão densa que demoramos um pouco para encontrar a linha que tínhamos visto de longe. No fim, acabamos achando um boa brecha na rocha, livre da vegetação, onde o Cosme tocou uns 60m até chegar num grande platô onde começavam as fendas.

Início da via.

Por sorte, a brecha nos levou diretamente para base da melhor fenda. As outras duas fendas são mais largas, quase uma chaminé, com muita vegetação. Toquei duas enfiadas por uma fenda com muitas agarras e excelentes proteções, usando sempre muita peça grande (Camelot #5 e #6) até chegar no trecho mais vertical da via, onde uma chaminé nos aguardava.

Fenda de mão da 2a enfiada.
Conquistar é se sujar…

Cheguei na base da chaminé em frangalhos devido a uma gripe que teimava em não me largar desde a semana passada. Olhando de baixo, a chaminé parecia muito tranquila com boas colocações móvel, assim pedi para o Cosme tocar essa, enquanto me recuperava um pouco.

Embora o Cosme ainda não tenha muita prática com material móvel, ele deslanchou muito bem a chaminé e em poucos minutos já estava num outro platô confortável para fazer a P4.

Chaminé da 4a enfiada.

Dali para cima, o cume estava logo ali. E pelas feições que víamos no entorno sabíamos que o cume estava logo ali. Para nossa sorte, encontramos mais uma fenda de mão que levava ao cume, o que facilitaria o nosso trabalho. Como o trecho final parecia fácil, passei mais uma vez a ponta da corda para o Cosme tocar a última enfiada. Em poucos minutos ele sumiu pedra acima e em seguida gritou: cume!!!!

Subi de segundo levando apenas um pouco de comida. Batemos no cume por volta das 14h após 5h de escalada. Do cume tentamos encontrar qualquer tipo de vestígio humano ou alguma linha por onde uma morador local pudesse subir, mas não encontramos nada. Éramos os primeiros a bater no cume!

Parada do cume. Não é a prova de bomba, mas era o que tinha…
Foto do cume!

Como chegamos cedo, passamos um bom tempo no cume curtindo a vista e jogando conversa fora, afinal de conta, o carro estava logo ali, a apenas 300m da base da via.

Descemos com duas cordas de 70m e em apenas 4 rapeis já estávamos na base da via. Juntamos as coisas e começamos o retorno para o carro. Já caminhei muito em mata fechada e sei o quanto ela pode ser traiçoeira, pois você fica sem nenhuma referência, onde tudo é muito parecido. Por isso, na ida, definimos que a melhor estratégia seria caminhar sempre junto à pedra para chegar no pedra. Logo, a volta seria a mesma coisa. Sqn… Em algum momento começamos a nos perder e a nos afastar da pedra porque era muito ruim de caminhar junto a montanha. Eu só lembro que uma hora tivemos que pegar o celular para ver no GPS por onde andávamos e qual rumo pegar. O fato é que no final das contas levamos 1h e meia para percorrer meros “300m” e voltar a segurança do carro.

As chapeletas de inox utilizadas nesta conquista foram parcialmente (50%) subsidiadas pela Associação Capixaba de Escalada (ACE) que mantém um estoque de material de conquista para os seus sócios.

Leia mais sobre a via aqui!

Elefante

No domingo, ainda rolou uma escaladinha de leve na Falésia do Elefante só para não perder o grip. Como eu estava um pouco gripado, não pude aproveitar a escalada, mas o Poul e a Lu fizeram a parte deles.

O Poul mandou a via Shiriyu (8a), um dos 8a´s mais bonitos da região com muitas agarras boas e um crux definido no início e no fim.

Poul na via Shiriyu (8a).

Já a Lu despachou a via Ganesh, um 7c com cara de 8a que costuma colocar muito macho no seu devido lugar por conta de uma sequência final de força-resistência com esticão. De fato, não é uma via muito “feminina”, mas com um pouco de treino específico no muro e coragem deu para ver que tem até como fazer sobrando a via!

Lu na saída da via Ganesh (7c).

 

Comentários

2 respostas em “Conquista da Pedra Bela Vista & Esportiva no Elefante”

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