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Garganta Seca

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Felipe Sertã na 2a enfiada da via “Garganta Seca”. Ao fundo, o Dedinho com o platô da P1 da via Inferno na Torre.

Duas semanas atrás, durante a repetição da via “Inferno na Torre” com o Gillan, uma fenda chamou a minha atenção. Na pedra oposta ao Dedinho, no Pontão Maior, paralelo a via, uma fenda frontal incrível de uns 50m cortava a pedra até encontrar outra fenda horizontal. E aquilo ficou marcado na minha memória. Ficava pensando: como ninguém subiu uma fenda tão perfeita assim? Ninguém viu? Eu já tinha passado por ali umas duas vezes e confesso que nem passou pela minha cabeça que ali pudesse sair uma via.

De qualquer forma, no último sábado, eu, Felipe Sertã e Robinho fomos conferir a tal fenda que estava “caindo de maduro”! Mas nem tudo são flores. Chegar até a base da fenda exige rodar 160km de asfalto, mais uns 6km de estrada de chão em cafezal, um costão de 200m, duas enfiadas de 70m, mais um trepa mato de 100m para finalmente acessar a base da fenda. Nada que 5h de atividade interrupta não resolvesse essa primeira parte. Já a fenda…

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Face oeste dos Três Pontões de Afonso Cláudio, ES. A via transcorre bem na aresta entre o Pontão Maior e o Dedinho no trecho mais inclinado.

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Aproximação matinal! Costão para aquecer as pernas!

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Para cima, para sombra! Fast and light! O carro é aquele ponto branco no meio do cafezal.

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Robinho na saída da 2a enfiada pela via do Dedinho.

Olhando de cima, pela via do Dedinho consegui ler que a via seria bem a prumo, com muita fenda de dedo até uma fenda horizontal. Dali para cima seria pela face, mas a meta era deleitar na fenda, o resto seria o resto.

De cara, a saída da via não se mostrou muito “normal”, um pilar gigante (8m) vazado de uns 2m de largura escorado na pedra seria a única opção para progredir e proteger. Depois, uma sequência fácil de chaminé com muitas agarras até a coisa ficar preta de vez. Ali batemos uma parada a apenas uns 18m do “chão”.

A segunda parte era aquela que eu havia observado do Dedinho na semana retrasada. Um longa sequência de fenda frontal com trechos em oposição a perder de vista. Realmente a saída da segunda enfiada ficou bem durinha, lance de 6o grau mesclando agarra com fenda protegido em Camalot #.3. Depois a fenda dá um arrego e segue em modo desfrute, mas constante, até o final da fenda onde batemos a P2, fechando a enfiada com uns 25m.

Dali para cima, pelo pouco que consegui ver, a pedra segue bem em agarrência até o cume, mas como o objetivo era a fenda, baixamos dali mesmo.

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Garganta que seca, Garganta Seca! Só um pouquinho aéreo!

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Sertã limpando a 1a enfiada da Garganta Seca.

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Sertã limpando a 2a enfiada da via sob o olhar atento do Dedinho.

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Batendo em retirada. Rapel full de 70m até a base!

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Em algum lugar da trilha.

Não foi uma escalada cheia de roubadas, graças a Deus, muito pelo contrário, foi bem agradável e tranquila. Sobre a fenda, ouso a dizer que está entre as melhores vias de fenda do estado!!! O cenário dos Três Pontões, a exposição da via (você escala o tempo todo vendo a base da pedra a uns 300m) e a qualidade da fenda fazem dessa via um must to do da escalada capixaba!

Sobre a dificuldade, a 1a enfiada deve ser um 4o/5o grau. Não tenho muita noção, mas é fácil. A 2a enfiada tem um crux na saída que deve ser um 6o grau. Depois deve ser um 5o grau constante até o fim. Ah, graduação de fenda! Quanto a exposição, deve ser um E2 bem seguro, quase E1.

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1a enfiada – A via começa logo à direita do grande bloco entalado que separa o Pontão Maior do Dedinho, numa totem escorado. O melhor jeito para sair do chão é subir pela grota em tesoura, proteger o mais alto possível no lado esquerdo do totem, descer um pouco e fazer a travessia para outro lado do totem. Depois é só seguir pela fenda. Muita atenção com a geladeira que fica logo na saída. Tem tudo para cair! A parada (2 chapas) fica depois da sequência da chaminé, antes do negativo.

2a enfiada – A enfiada começa numa mescla de fenda com agarra em um trecho negativo. As proteções são bomba, mas é bom passar rápido para não bombar o ante-braço! Depois a fenda dá uma facilitada, mas mantém a constância até o final. A parada dupla está bem onde a fenda intercepta uma fenda horizontal gigante que corta toda a pedra.

Descida – Da P2 é possível de descer até a base do Dedinho em um rapel único com duas cordas. A P1, em chapa, está sem malha.

Equipos para repetição: Duas cordas de 60m, 1 jogo de nut (essencial), 2 jogos de Camalot do #.3 até o #3, 1 Camalot #4, costuras e fitas.

Special thanks ao Sertã que fez o batismo nas montanhas capixabas e ao Robinho que nos acompanhou em mais uma empreitada!

Comentários

4 respostas em “Garganta Seca”

Bela conquista. Eu tinha visto esta fenda em 2002 quando fiz a Inferno na Torre com Zé e Lucas Porto, e realmente ela impressiona vista do dedinho… Cantei alguns parceiros para fazer esta investida na época, mas o logística pesou um pouco..rss

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