Mamãe não deixa

No último domingo, Iury e eu voltamos ao Totem da Lajinha para conquistar mais uma via no totem. Desde o acidente que sofri em abril, se passaram mais de 2 meses. As dores pelo corpo sumiram, o dedo quebrado melhorou e finalmente consegui uma data na minha agenda, que andou bem conturbada nos últimos meses.

Partimos naquele esquema clássico de bate e volta. Uma perna até Colatina, troca de carro e mais 1h de carro até o totem. Pelo caminho, muita água empoçada indicava que o tempo não andou firme nos últimos dias. Aliás, a temporada está custando a chegar por aqui. A medida que chegávamos mais perto da pedra, o tempo foi se degradando e parecia que iria chover a qualquer momento. Bingo! Assim que chegamos na parede e subi uns 15m, começou a garoar. Sem muita opção, segui escalando pela parede que também estava bem úmida. Fendas são excelentes linhas naturais de escoamento de água.

A ideia era conquistar uma nova via, pelo lado oposto do totem e ganhar o cume, já que da outra vez, cai praticamente batendo a parada.

O lado oposto do totem parecia muito mais desafiador, parede a pique e muita laca de dedo. A primeira enfiada já mostrou que as coisas não iriam sair de graça. Estiquei uns 25m, e bati a parada num platô logo após vencer um lance de placa batendo 3 chapas.

Chamei o Iury que subiu escalando, mas ele também teve dificuldade e não conseguiu liberar a enfiada na íntegra.

Iury limpando a 1a enfiada.

A próxima enfiada parecia mais dura que a primeira. Lance de fenda de dedo em oposição com pés ruins. Como a parede estava molhada, passei em artificial e depois segui em livre até uma chaminé estreita em arco. Venci o lance, mas como o atrito estava grande, resolvi bater uma parada na virada para facilitar a próxima enfiada. A essa altura, começamos a achar que havíamos diminuído a via. A escalada não estava fluindo na velocidade esperada e os lances custavam a sair, mas a próxima enfiada parecia mais tranquila. A parede perdia um pouco de inclinação e a fenda se alargava mais.

A terceira enfiada foi uma conquista com turbilhão de pensamentos. As lacas finas constantemente me faziam lembrar do voo épico, mas dessa vez estava mais preparado e fui protegendo regularmente, mas mesmo assim, escalei apreensivo. 

Iury na 3a enfiada.

Cheguei no topo da laca e bati a parada. Chamei o Iury que subiu de segundo uivando pela chaminé estreita.

Chegamos ao cume do totem por volta de 12h30, após 4h de escalada.

A ideia era descer e conquistar mais uma via, mas a nossa idade não permitiu e acabamos indo embora.

Sobre a via, batizamos de “Mamãe não deixa” em homenagem à mãe do Chuck que não o deixou ir.

A via precisa ser liberada, mas parece bem factível. Vai exigir um bom trabalho de pé e técnica apurada em fenda de dedo. 

Ps: Infelizmente, minha Gopro nova deu algum problema e fiquei sem bateria para filmar a escalada…

Comentários

Uma resposta em “Mamãe não deixa”

Olhando de baixou achei que vc tinha perdido a mão, estava demorando muito, quando eu subi kkkk, escalada e suas verdades, de baixo é sempre mais fácil, alguns lances bem duros nessa via ou foi a febre ou qualquer outra desculpa eu tenho um monte (sempre). Boa via vai ser uma daquelas bem legais pra quem quer praticar escalada em móvel, fala nisso toda vez que vou escalar em móvel penso em vender minhas pecinhas. Vlw Japa TMJ irmão.

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