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Piraí: “onde os fracos não têm vez”

Essa foi a resposta do meu amigo e grande conhecedor das escaladas paranaenses, José Luis Kavamura ao questionar sobre as vias do Setor Copo Seco em Piraí do Sul. Sempre que vou a um pico de escalada novo, gosto de consultar o “Kava” porque ele é, sem dúvida, um dos escaladores mais viajados do Brasil e do mundo. Dito e feito! Já nos primeiros dias em Piraí, essa frase caiu como uma luva e me colocou no lugar rapidinho.

A ideia de conhecer Piraí vagava o meu imaginário há muito tempo. O setor começou a ser desenvolvido em 2011 e desde então tem se tornado referência em escalada esportiva tradicional. Por isso, sempre tive muita curiosidade em conhecê-lo, mas conciliar tempo, agenda e disponibilidade de parceria sempre foram os grandes empecilhos.

Em meados desse ano, a ideia de conhecer o local começou a ganhar forma, muito em parte, graças a pandemia. Lancei a ideia ao Lissandro que estava com disponibilidade e aos poucos fomos dando forma ao projeto.

Faltando menos de um mês para viagem convidamos o “Chuck” para engrossar o caldo. O “Chuck” conseguiu alinhar sua agenda e no dia 4 de setembro, às 14h, saímos de Vitória com o carro lotado de equipamento e motivação rumo ao planalto paranaense.

Ainda de última hora, o “Porko” ficou sabendo da nossa viagem e se programou para nos encontrar na última semana. Como a agenda dele estava bem cheia, iria de avião até Curitiba e nós o pegaríamos em Ponta Grossa.

Rodamos direto, revezando o volante e após 18h chegamos a pacata cidade de Piraí do Sul para fazer o rancho da semana.

Via Lácia em Piraí do Sul.

Como eu tinha tomado a segunda dose da vacina contra Covid 19 na 5a feira, cheguei meio mal na cidade e assim fiquei por alguns dias em virtude dos efeitos colaterais da vacina.

Feito o rancho fomos rumo ao Setor Corpo Seco. Chegando lá passamos na casa do Sr. Adão para solicitar passagem e pagar a diária de R$10,00 por pessoa/dia. Como estávamos chegando no início de um feriado prolongado, ficamos com um pouco de receio de encontrar a área do camping lotada, mas logo fomos informados que éramos os primeiros a chegar.

Assim pudemos escolher um bom local para montar o nosso acampamento para as próximas semanas. Cada um de nós montamos uma barraca e levantamos uma tenda de lona para servir de “centro de vivência”, onde seria a nossa cozinha e “sala de estar”. Além da tenda de lona laranja, tínhamos ainda cadeiras e duas mesas que levamos de casa. Conforto é tudo!

Centro de Vivência com o Setor Corpo Seco ao fundo.

A medida que os dias iam passando, fomos implementando algumas melhorias ao nosso CV. Construímos alguns armários abaixo da mesa para organizar melhor as comidas; construímos um tripé para pendurar o restante das coisas; e arrumamos a fogueira que estava desalinhada em relação ao vento. Acho que no total levamos quase uma semana só fazendo pequenas melhorias no nosso CV até que ficasse do jeito que queríamos. Só a tenda foi montada e remontada umas três vezes até chegar no caimento desejado!

Acampamento a noite.
Nossa área de camping.
Hora da janta.

A região de Piraí do Sul oferece outras escaladas além do setor Corpo Seco, tais como o Rupestre, Buraco do Padre, Salto São Jorge, Sapopema e Ortigueiras, mas como estávamos tão bem “baixados”, acabamos passando toda estadia no mesmo setor.

Esse é um grande dilemas das viagens: conhecer bem um local ou visitar vários points superficialmente. Já fiz os dois tipos de viagens e confesso que gosto mais da ideia de fixar em um local, pois assim, além de conseguir explorar melhor a região, a viagem acaba ficando menos cansativa em função dos deslocamentos constantes. Isso sem contar que, dessa forma, a gente acaba descansando mais e aproveitando mais o conceito de “férias”.

Adega e geladeira!
Café da manhã.

O nosso dia-a-dia começava por volta das 6h ou 7h da manhã, a depender do sono de cada um. Antes do café da manhã tomávamos um mate e depois preparávamos alguma coisa para comer. Em geral, tínhamos ovos mexidos, pães, frutas e cereais. Em alguns dias chegamos a fazer panquecas e chapatis. O processo do café da manhã era bem demorado e sem pressa. Somente por volta das 10h da manhã subíamos para escalar. A caminhada do camping até a base das vias não dura mais do que 5 minutos em média. Quando íamos para o setor dos fundos, a caminhada chegava a 15 minutos.

Voltávamos das escaladas ao entardecer e logo acendíamos a fogueira que servia de fogão. O cardápio da janta sempre era vasto e variado. Lentilha, sopa de verdura, salada verde, nhoque, ragu, polenta… E tudo isso regado a uma taça de vinho que só abríamos se alguém tivesse mandando um 8a ou mais no dia. Meta fácil de bater e desculpa para beber todos os dias…

Por volta das 22h nos recolhíamos nas barracas “caindo pelas beiradas” para alegria dos ratos e gambás que faziam a festa. Passamos uns 4 dias alimentando esses bichos com frutas, salames e castanhas até termos a genial ideia de guardar as comidas dentro do carro!

Caminhada para o setor.
Detalhes do arenito.

No setor Corpo Seco prevalecem as vias com proteção móvel e alguma vias fixas. A extensão média das vias é na ordem de 30m. Ou seja, cada escalada demanda muito tempo e esforço. Por isso, não escalávamos mais do que 3 vias por dia em média.

A princípio éramos para escalar no regime dois para um dia de descanso, mas assim que chegamos, a previsão deu uma virada e tivemos que mudar a relação. No meio da viagem ainda conseguimos fazer alguns dias nesse esquema, mas mais para o final tivemos que escalar em três para um e no último ciclo fizemos cinco para um devido ao tempo.

Proteção bomber.
Entardecer no Corpo Seco. Murilo trabalhando um 10a.

Em geral, a região de Piraí do Sul recebe menos chuva do que a capital Curitiba, além disso, muitos setores ficam protegidos da chuva, o que permite escalar com uma garoa fina, desde que não se importe com o frio e a umidade. Inclusive esse foi um dos motivos para escolher esse local, pois a partir de setembro as chuvas aumentam consideravelmente em todo sul e sudeste do Brasil. Mesmo assim, durante a nossa estada de 18 dias, fomos agraciados com duas frentes frias. A primeira foi de boa, mas a segunda… As paredes de fato não molharam, mas nós sucumbimos ao frio… O Chuck, capixaba, então… coitado. O grande problema era que a nossa área de camping ficava num lugar muito úmido, ao lado do riacho com pouco Sol. Na verdade, as nossas barracas foram montadas no charco!

Névoa da manhã.
Passeio fotográfico pela região.
Detalhe da flora local.
O voo das Curucacas ao amanhecer.

Para essa viagem direcionei o foco nas vias tradicionais. Queria aproveitar o que Pirai tem de melhor para aprimorar minha escalada. Acho que até onde sei, Pirai do Sul é o principal point de escalada esportiva móvel do Brasil. Talvez fique um pouco atrás do Setor 3 de São Luis do Purunã, mas com certeza está entre os picos com a maior concentração de vias deste estilo do Brasil. Brincávamos dizendo que se somasse todas as fendas do Espírito Santo não daria um Piraí!

Uma das primeiras lições que aprendi sobre o estilo local é que, em geral, as escaladas não transcorrem por um sistema de fenda contínuo, como vemos, por exemplo, em Indian Creek. E que além da fenda, as agarras de fora da fenda são obrigatórias em alguns lances. O arenito de idade Devoniana proporciona muitos buracos que em diversas ocasiões servem de proteção. No início, todas essas novidades me deram um nó na cabeça e tive que passar por um processo de aprendizado para me acostumar com o estilo local.

Separando os equipos para mais um dia de escalada.
Organizando o rack antes da escalada.

A minha primeira escalada em Piraí foi na via “Frágile” (VI SUP). Uma via que expressa bem o estilo local. Muitas agarras, poucas fendas, e proteções em buracos ao longo da escalada com direito a seção negativa. Talvez não seja a melhor via para ser apresentado ao Piraí, mas foi um bom choque de realidade para entender a frase do Kava. Lembro até hoje da estranha sensação de escalar essa via, um misto de escalada fácil, mas com o comprometimento de não poder cair em qualquer lugar e uma dúvida constante pairando a mente se as proteções nos buracos segurariam uma queda.

Ao longo da viagem escalei mais de 30 vias. Abaixo segue um pequeno resumo de algumas vias tradicionais com comentários que poderão ser úteis:

Limão com Açúcar (VI SUP), via ótima! A saída é mal protegida, o crux é protegido com uma chapa e o toca toca final é muito agradável. No final tem uma pimenta fraquinha.

Ed no crux da via Limão com açúcar.

Corpo Seco (7a), uma das primeiras vias do setor. Na parte inicial a escalada transcorre por agarras e protegida com peças em fendas horizontais. Depois a escalada segue por um diedro de mão e dedo. Quem estiver familiarizado com entalamento de dedo não irá sentir o 7a da via.

Lissandro na via Corpo Seco.

Stairway to Heaven (VI SUP), escalada de puro desfrute. O crux está logo na saída. Há um trecho de chaminé bem tranquilo e depois segue em puro desfrute.

Abelhas de Mordam (7a), escalada dividida em duas partes. Na parte inicial a escalada transcorre por duas fendas de dedo em paralelo até um teto. A partir dali, a via muda de estilo e segue por uma chaminé sem proteção até a parada. O sofrimento da segunda parte é compensada pela primeira parte!

Do porco não sobra nem o grito (7b), o nome não é sugestivo, assim como a saída da via. Duas chapas antes de chegar na fenda marcam o crux, mas a escalada para cima é bem bonita. É preciso gerenciar bem a corda no diedro final para não prendê-la na fenda.

Muito mais do que lindia (7a), variante mais fácil da “Você me deixa doidão” (7b). A fissura de dedo em diedro apertado é a tônica dessa escalada. Levar Camalot #.3 e #.4.

Medo dos Medos (7a), essa via fica no setor do Mate e transcorre por um diedro bem óbvio. Escalada incrível de puro desfrute. A virada do teto em diedro no final é a parte mais divertida da via! O nome da via não condiz com a realidade. Dica: reserve um #3 para o crux. Se tiver dois #3, melhor ainda!

O tempo não para (7a), uma das melhores vias do local. Escalada técnica com uso constante de peças pequenas. Requer uma boa noção de escalada móvel. Um jogo de nut ajuda muito!

Fuga do Labirinto (7b), escalada aventura que mescla, diedro, chaminé e placa. Requer um bom gerenciamento de fitas para quebrar o atrito. Recomendação do Willian! Camalot #6 mandatório! Bom para quem busca uma roubada de 30m.

De todas as vias que provei, essa foi a mais roubada de todas! Assim que tirei o pé do chão e toquei na primeira agarra já senti o que me aguardava porque a agarra estava totalmente suja, indicando que ninguém andava por lá faz tempo. Mais acima passei um sufoco para fazer uma travessia protegida num #5. Era para levar um #6… E já no final, não fui capaz de gerenciar bem o arraste e tive que montar uma parada móvel faltando menos de 5m até a parada para o desespero do Lissandro que teve que vir de segundo. Assim que ele chegou na parada me confessou que nunca ficou numa parada móvel!

Além dessas vias em móvel, Piraí também oferece várias vias mistas. Para mim, as mistas foram disparadas as vias mais difíceis porque é uma mescla da dificuldade da escalada esportiva com tradicional.

Segue abaixo algumas vias dominantemente mistas:

Pira não (7a). A primeira parte é em móvel por uma fenda de dedo e depois segue em chapa espaçada até a parada. Eu acho que o grau correto é VI SUP.

Chicote estrala (8a). Intercala chapa com móvel. Por sorte o crux é na chapa, mas há bons lances em móvel.

Lucifer (8a). À esquerda da Chicote. No croqui está 7c, mas comparando com a Chicote é muito mais dura. Requer Camalot #4 ou #5. Crux em peça! #.3. Equalizado com #.2.

Triângulo das Bermudas (8c). Outra via em mista. Início em móvel protegendo em buracos suspeitos e a partir do teto até o final em fixa. Crux final de técnica. Levar #5.

Fim da história (7c). Outro 7c duro com cara de 8a. Intercala chapa com móvel. Costurar a parada é quase um crux.

Já as vias fixas são as que mais recebem repetições. Pelo menos durante o feriado observei que eram as vias mais requisitadas. Embora não seja o cargo chefe da casa, há excelentes opções para quem deseja escalar mais de boa, sem fritar muito a cabeça.

Nacho Libre (8a). Um clássico de Piraí. Saída em V3 num teto e depois um mar de agarras até o final.

Chuck no crux da via “Nacho Libre”.

Impeachment (7c) e Pros Visitantes (7c). Duas vias com estilo parecido no mesmo setor. Escalada de placa em agarras pequenas.

Thaís trabalhando a via “Pros Visitantes”.
Pros Visitantes (7c).

Without you I’m nothing – 8a clássico que transcorre por uma aresta técnica em agarras abauladas.

Coceira (VI SUP) – Ao lado da Nacho, escalada boa, mas um pouco abrasiva.

Bixo Feio (8a) – De feio não tem nada. Compartilha a saída com a Stairway do Heaven e depois segue independente até o final. Escalada de pura continuidade sem crux definido.

Chuck na via Bixo Feio.

Alma Lavada (8a) – Via nova que fica à esquerda da “Doce Veneno”. Requer um #.75 com coragem na saída, mas depois é só nas chapas.

Alma Lavada (8a)

Homo Deus (8a) – No croqui está 7b, mas é muito mais dura que a “Without you”. Escalada consistente em agarras abrasivas com dois crux’s.

Aço de Navalha (8a) – Via nova que fica à esquerda do Anfiteatro. Crux técnico na saída e depois puro desfrute. Escaladão!

The king of black coconut sweet (7a) – Escaladão de quase 40m em agarras grandes. O crux fica logo na saída. O 7a vai da envergadura de cada um. Para mim é um 7b.

Porko no mar de agarras. Foto: Lissandro.

Entre as escaladas projetei alguns nonos, na verdade, tentei 4, mas até o final da viagem não consegui mandar nenhum deles. Em todas as vias sofri muito com a pele e a distância entre as agarras. Já tinha ouvido falar sobre crux de envergadura, mas achei que com 1,74 não iria sofrer tanto, mas estava enganado. Talvez um trabalho de finger mais consistente e blocadas mais altas sejam os segredos para um futuro retorno.

Sobre a graduação das vias é bem nítida a diferença entre as esportivas e as tradis. Nas esportivas mandava fácil 8a à vista, mas nas tradis sempre sucumbia nos 7b’s nas entradas à vista. Nas mistas achava que iria me dar bem, mas logo descobri que a combinação era pior ainda porque era mais exigente física e mentalmente. Realmente Piraí não é para os fracos…

Infelizmente não pude provar todas as vias do meu wishlist, em parte porque não mandava nem as mais fáceis e também devido às abelhas em diversas vias. Essa foi a parte mais frustrante da viagem. Parece que as abelhas também adoram fendas e sempre se instalam nas melhores fissuras! Até onde conversei com os locais, isso é um processo natural, às vezes elas estão lá e em outras vão embora. Embora eu não tenha alergia a picada de abelha, esse foi outro fator estressante, principalmente nas vias tradicionais. Na maioria das vezes, não tem como ver do chão a metade de cima da via para ver se tem abelha nos buracos e fendas. Por isso, sempre rolava aquela adrena extra devido ao medo constante de ser surpreendido por abelhas em algum trecho onde não é permitido cair…

É bom não entrar…
Lissandro sacando um V grau.

Já nos dias de descanso, íamos para cidade, reabastecer o estoque de mantimentos, dar carga nos eletrônicos e tomar banho. Para o banho, levei um chuveiro portátil que foi um bom quebra galho, mas para um banho mais quente sempre íamos ao Hotel da Rota 90, que fica na saída de Piraí do Sul e onde por módicos R$10,00 podíamos tomar um banho quente. Fica a dica!

Neste mesmo posto, recarregávamos os eletrônicos enquanto comíamos alguma coisa. Lá é servido um prato executivo por R$30,00, mas achamos pouco caro para o que oferece.

Em Piraí do Sul, há bons mercados com o básico, mas para compras mais específicas, a cidade de Castro é mais recomendada. Em Castro, almoçamos no Restaurante Beira Rio que serve o famoso churrasco “Orelha de Elefante”, um corte bem comum por aqueles lados.

A maior cidade da região é Ponta Grossa, que fica a umas 2h 30 do setor. Fomos duas vezes para lá nos dias de descanso. Naturalmente os mercados de lá são bem maiores do que em Castro, além de oferecer mais opções gastronômicas.

A minha recomendação master é a Pizzaria La Base que fica no centro de PG. A pizzaria é tocada pelo escalador Willian Lacerda, conquistador de diversas vias na região e conhecedor de bons (e ruins) betas. Não deixe de provar a “Super Marguerita”!

Para quem busca rodízio de churrasco, a minha recomendação é a Churrascaria Lugano. Por menos de R$ 50,00 você come à vontade.

Outra surpresa agradável foi um restaurante sírio (Café e Sharwarma) que fica ao lado Super Muffato Nova Rússia. Fomos para lá meio sem querer e gostamos muito da comida, tanto dos salgados quanto dos doces!

E a última recomendação é a Cafeteria Frederica’s que fica em Carambeí. Essa foi uma recomendação dos escaladores locais e com certeza é parada obrigatória para quem adora doces como eu!

No último final de semana, antes do nosso retorno, o Ed, Willian e sua turma vieram passar o final de semana em Piraí. No início do mês, a dupla, juntamente com o Val e o Tommy conquistaram uma nova via na Pedra do Fio em Castelo, ES. O encontro foi muito legal para saber mais sobre essa conquista em primeira mão e ter o privilégio de ver os responsáveis pelo desenvolvimento do pico em ação.

No domingo, o Ed e o Willian ainda foram conversar com o dono do setor Torre dos Ventos que estava fechado e conseguiram negociar a reabertura mediante a uma mensalidade. Com isso, pudemos conhecer esse setor de escalada no nosso penúltimo dia de estadia.

Roda de conversa no setor Torre dos Ventos.

Nesse setor escalamos algumas vias bem legais apresentadas pelo Ed e Willian:

Paraíso Perdido (7a), talvez a fissura mais incrível do Setor. Peças pequenas e entalamento de dedo e mão obrigatórios.

Paraíso Perdido (7a). Foto: Willian.

Sangue Valente (7a) – off width que começa em móvel e termina com proteções fixas. O crux da via está fora da fenda de meio corpo.

Willian provando a própria criação, Sangue Valente.

De frente para o paraíso (V SUP) – Bela fenda de mão que corta sucessivos tetos no final. Achei o grau duro. VI seria mais justo.

A minha recomendação de equipo para quem deseja conhecer a região é levar pelo menos 2 jogos completo de móvel e se possível levar um terceiro jogo. Peças grandes a partir do #3 não são usadas com frequência, mas é bom ter pelo menos uma peça grande para algumas vias, incluindo o #6. Um jogo de nut é bem útil em várias vias. Também levei um jogo de offset que foi muito útil! Fitas longas são sempre bem-vindas para diminuir o arrasto e evitar que as peças saiam. Uma corda de 60m serve para maioria das vias, mas uma corda de 70m é mais útil. Não levei, mas acho que seria muito útil, ter uma tagline. Em vários momentos queria uma peça específica que tinha ficado no chão e não pude pegar porque não tinha uma corda extra. Ai o jeito é sacar uma coragem e tocar para cima. Luvas são não mandatórias, em parte porque as fendas não são contínuas, mas em outras são bem úteis, porque a rocha é abrasiva em alguns lugares.

Cena noturna.

Ao longo de nossa estadia encontramos, conhecemos e conversamos com muita gente. Meus sinceros agradecimentos aos escaladores gaúchos, de Londrina e Ponta Grossa que dividiram os betas durante o feriado; ao Ian e Thais que sempre nos ajudaram levando gentilmente comidas, frutas e betas; ao Murilo, Luana, Covati que estiveram conosco compartilhando as jantas; ao Ed, e sua namorada e Otaviano por nos apresentarem as vias de Corpo Seco e Torre dos Ventos; ao Willian por levar as pizzas de PG até o camping e apresentar as melhores roubadas de Piraí; ao “Porko” que nos acompanhou durante a última semana; e ao Chuck e Lissandro que me aguentaram durante a viagem e fizeram bonito nas vias tradicionais mesmo não sendo a praia deles. Tenho a vaga sensação de que eles foram picados pelo mosquitinho das fendas.

Time! Falou o Porko!

Segue abaixo os croquis dos dois setores. Naturalmente eles estão um pouco desatualizados.

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2 respostas em “Piraí: “onde os fracos não têm vez””

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