^ Zé Márcio no início da 3a enfiada da via “Pais e Filhos”, Pedra da Onça.
Duas semanas atrás, a cidade de Itarana sediou a 10a edição do Encontro Capixaba de Escalada. E neste final de semana, Éric, Zé Márcio e eu voltamos novamente a Itarana para mais dois dias de escalada, afinal de conta, Itarana é um lugar que sempre vale a pena voltar, com encontro ou sem…
No sábado fizemos a 2a repetição da via “Pais e Filhos” na Pedra da Onça, conquistada em 2013 por mim e Chuck Nóia na 1a investida e concluída com o DuNada e Zudivan naquele mesmo ano. Em 2015, fizemos a 1a repetição da via com o Afeto e o Danilo “Monstro”, mas naquela ocasião, por questão logística, os participantes não escalaram as enfiadas, seguindo sempre pela corda fixa. Por isso, sempre quis voltar à via para fazer uma escalada integral dessa via. Além disso, eu tenho um apreço pessoal pela via por ela representar muitas coisas.
Iniciamos a escalada por volta das 10h da manhã e escalamos alternando as enfiadas e dessa vez, com todos escalando em cordada “A”. A escalada transcorreu bem sem grandes percalços e batemos no cume por volta das 17h, após 7h de escalada.
Fizemos um lanche rápido no cume e descemos pela própria via até a segurança do carro.
Para mim, essa repetição serviu para desmistificar alguns “pré” conceitos que eu tinha criado sobre a via. Sai de lá com a certeza de que, num futuro breve, voltarei para escalar novamente a via.
Já no domingo, após uma boa noite de sono na “Ilha de Caras” (Pesque Pague Pedra da Onça) acordamos “meio” quebrados do dia anterior. Querendo ou não, a via, além de cansativa fisicamente, cansa o “estado de espírito” da pessoa.
Tínhamos algumas dúvidas sobre o que fazer no domingo, pois havia chance de chuva para o dia, coisa que não se confirmou (foi chover só na 2a feira). Devido a tal possibilidade pensamos em algo “mais conservador” e nada poderia ser mais “sussa” do que uma escaladinha na Parede dos Sonhos.
Entre as inúmeras possibilidades que a parede oferece, acabamos escolhendo por abrir uma variante na aresta da parede, uma feição característica que prende a atenção de qualquer pessoa que olha para aquela pedra.
Para acessar a aresta, repetimos a 1a enfiada da via Sonho Molhado e, de quebra, fizemos uma pequena manutenção na 1a enfiada batendo 2 chapas (antes não tinha nenhuma chapa!). Na 2a enfiada, o Éric assumiu a ponta de corda e seguiu pela via protegendo em móvel até sair da via à direita e seguir em direção à aresta da parede, conquistando uma longa travessia. No meio da travessia, sugerimos que ele batesse uma proteção fixa para proteger o guia e o participante de uma possível queda nessa travessia (essa foi uma das primeiras vezes que ele entrou conquistando uma via tradicional). Pedido atendido, proteção fixada e lá foi ele seguindo a travessia em direção a um pequeno diedro que conecta na grande aresta.
Assim que ele saiu do meu campo de visão e percebi que chegou num ponto onde poderia bater a parada nós respiramos aliviados. Zé e eu ficamos conversando sobre as outras linhas à esquerda enquanto esperávamos o Éric bater a parada. De repente, sinto a corda tensionar com força e logo ficou claro que o Éric tinha caído. Ainda sem entender por estar fora do nosso campo de visão, pergunto se estava tudo Ok. E eis que responde:
– Eu cai!
Sim, isso nós vimos… Mais alguns momentos de tensão e ele responde lá de cima falando que estava tudo Ok. Apenas falou que o pé tinha escorregado (na verdade quebrou uma agarra de pé) e durante a queda, o pé passou por trás de um cipó e acabou caindo de cabeça para baixo!!!! Pelo que pudemos ver, por baixo, ele deve ser caindo uns 8m em travessia!!!
Recuperado o susto, o Éric voltou à via se puxando pela corda e bateu a parada na base do diedro.
Zé e eu fomos ao encontro dele na P3 e da parada pudemos ver o buraco por onde ele desceu “limpando o mato”. O Éric reclamava de uma pequena dor no cotovelo, então resolvemos examiná-lo melhor. Como ele estava de camisa não dava para ver o estrago, mas assim que vimos o cotovelo esquerdo, ficou claro que algo não estava legal, pois tinha uma enorme bola bem no cotovelo. Na hora achamos que poderia ser uma fratura, mas ele não estava reclamando de dor o suficiente, então desconsideramos essa possibilidade. Como não sabíamos o que era aquela bola no cotovelo, resolvemos abandonar a escalada e procurar um médico o mais rápido possível para descartar qualquer trauma mais grave.
Batemos em retirada da via e fomos até o hospital de Santa Teresa para procurar atendimento especializado. No local, ele tirou uma chapa de raio-x para descartar qualquer fratura e foi liberado logo em seguida. Já a tal bola, o médico plantonista não soube explicar… Só no dia seguinte, após ele procurar um especialista, ficamos sabendo que o tal inchaço era na verdade um “derrame articular” causado pela pancada. Nada muito grave! Com certeza, o impacto visual do inchaço foi mais chocante do que a gravidade em si.
No fim das contas, ainda bem que tudo deu certo e acabou sem maiores gravidades. Considerando o tamanho da queda, até que a conta saiu baratinha. Agora é esperar ele se recuperar rapidamente e voltar lá para continuar a conquista.
Ah, não preciso nem falar que o nome da via vai ficar “Dor de Cotovelo”!!!
Boa semana a todos!
Uma resposta em “Itarana Revival”
A queda vai ficar famosa, vim pelo link da Rock and Ice