^ Felipe Ho no último boulder da final PRO.
Aconteceu no último sábado, dia 15/10, na academia Casa de Pedra em São Paulo, a primeira Copa Five Ten Brasil de boulder, um mega evento que reuniu, nada mais, nada menos do que 130 168 inscritos de todo o Brasil, além dos convidados Diego Lopez Montull (MEX) e Nina Williams (EUA).
A última vez que estive numa competição de escalada foi em 2010 (!!!), quando participei com o Rebit do Festival de Boulder da Conquista em Curitiba. Desde então, acabei me afastando, sem motivo aparente, do circuito de competição e trabalhando mais na organização de eventos locais, como o último Serra Master que aconteceu em julho passado.
Por um motivo ainda mais desconhecido, quando o festival da 5.10 foi anunciado, coloquei na cabeça que queria voltar a sentir o gosto do colchão e logo me inscrevi (fui o 12o inscrito!!) sem ver passagem, hospedagem, alvará… Arianos são impulsivos por natureza…
No fundo, queria me deixar envolver novamente pela áurea dos festivais de boulders, rever os amigos, conhecer pessoalmente os “amigos virtuais” e acima de tudo escalar! Sem contar a possibilidade de fazer parte do “outro lado da moeda” de uma evento. Organizar é muito legal, mas poder escalar sem o peso da responsabilidade é muito melhor!
A minha volta não foi triunfal, muito pelo contrário, quase desastrosa… No instinto ariano de ser, aliado ao “jeito homem de ser”, não li direito algumas partes da natureza do evento, principalmente sobre categoria e horário… Inscrevi-me na categoria PRO, mas que para mim a PRO era a Amador (???) e quando saiu o cronograma do evento, entendi que eu iria escalar somente a tarde. Assim, comprei a passagem de Vitória para São Paulo às 11h da manhã para chegar às 12h30.
Nas vésperas do evento fui ler alguma coisa e vi a burrada que tinha feito! Procurei desesperadamente a Ana Ligia para ver se ela poderia me ajudar, e graças a boa vontade e paciência, ela me jogou na categoria Amador para não perder o evento! Eternamente grato!
Toda essa confusão me deixou muito chateado. Queria muito participar na PRO, não que participar da Amador fosse desmerecedor, mas não tinha jeito, a cidade de São Paulo estava cheia de eventos paralelos naquele final de semana e estava praticamente impossível trocar as passagens de última hora e achar um hotel para 6a feira.
Cagada feita, cagada assumida, no sábado, voei com a minha técnica e coordenadora Paula para o Festival. Cheguei um pouco atrasado para o evento, mas tudo bem. Esqueci que paulista curtia transito…
Os boulders, num total de 40, foram montados pelos route-art-setters André Berezoski, Cláudio Brisighello e Marcelo Balestero. Ou seja, só por ai já estava valendo participar desse evento. E eu que gosto demais dessas coisas de route-setter foi um experiência fantástica, pois sempre quis provar os boulders montados pelos caras que são referências no Brasil.
Sobre fazer força, confesso que dei uma brochada com essa história de errar o horário. Não entrei de bicho no boulders, deixei-me levar um pouco pela frustração, mas mesmo assim aproveitei ao máximo e dei o meu melhor. Também vi que a minha estratégia não deu muito certo. Dei mais uma vez de “homem” e não li direito os detalhes. Os boulders foram divididos em 5 cores diferentes, cada um com uma dificuldade. Até ai tudo bem. O detalhe que eu não tinha me dado conta é que, além das cores, cada boulder tinha uma pontuação. Assim tinha boulders de cor verde com pontuações diferentes e se eu quisesse alguma coisa, teria que me focar nos boulders com a maior pontuação de cada cor e não fazer apenas as cores. Aliado a isso, não contabilizei o tempo gasto nas filas, pois como eram muitos participantes, era comum ficar uns 10 minutos esperando para conseguir entrar. Enfim, chorando um pouco para explicar o fracasso… Dormi mal, acordei cansado, viajei muito, a sapatilha não estava legal, estava muito quente, não estava acostumado e por ai vai… Sempre temos desculpas para tudo…
Na categoria PRO, os seis melhores classificados foram para grande final que aconteceu no formato IFSC. Sou bem fã de campeonato mundial e sempre assisto pelo You Tube todas as finais, tanto guiado quanto boulder. Mas estar ali, presente e ver ao vivo e a cores uma final não tem preço. É uma energia contagiante e indescritível!
A final foi um show à parte. Uma harmonia perfeita entre route-setters, finalistas e público presente. No masculino, solidez do escalador mineiro Jean Ourique foi algo fora do sério! Ele simplesmente mandou os 4 boulders da final em flash. Já no feminino o destaque ficou por conta da escaladora convidada Nina Williams (EUA) que escalou com muita personalidade mandando todos os boulders.
Uma coisa que senti muita falta neste evento foi a participação da gauchada. Falo isto porque as estatísticas do meu site mostram que muita gente do Sul lê as minhas bobagens. Neste evento tivemos apenas a participação da Amanda Criscuoli Tavares no infantil 10-13 anos e da figura carimbada Pedro Nicoloso na PRO que ficaram em 2o e 3o lugar respectivamente. O Rio Grande do Sul sempre foi um celeiro de grandes escaladores e ainda hoje temos muitos escaladores bons por lá, mas que por motivo desconhecido não saem das tocas para mostrar a cara. Sei que cada um tem as suas motivações na escalada e que viajar para competir exige disponibilidade e orçamento, mas confesso que gostaria de ver mais essa galera no circuito!
Nunca vou me esquecer da primeira vez que participei de um Brasileiro. Eu acho que o ano foi 2000 e coincidentemente foi na Casa de Pedra. Na época eu era um estudante, e como um bom estudante, não tinha dinheiro para nada, quando muito para pagar uma passagem de busão para o Itacolomi. Na época ainda morava em Porto Alegre e quando esse campeonato foi anunciado, nem cogitei em participar por falta de grana. Mas quem não tem grana, têm amigos! Na época, escalava muito com os irmão Pedro e Arthur Derosa que acreditaram no meu potencial e me deram de presente uma passagem de avião até São Paulo para competir. E os meus amigos (Chico, Toni e Mulambo), que também eram pé rapados, juntaram o pouco que eles tinham me ajudaram com a alimentação dando alguns Reais. E o Cristian Maciel que também participou desse evento patrocinado pela Prefeitura de Esteio me ajudou com a hospedagem que ele arrumou em São Paulo. E assim, aos trancos e barrancos participei do meu primeiro brasileiro. Obviamente não levei o caneco, mas para mim aquela experiência foi única que ajudou a ampliar o meu horizonte e a ter uma outra visão da escalada de competição. Enfim, tudo isso foi para dizer que basta vontade e perseverança (e amigos de verdade) para conseguir as coisas, não só na escalada, mas tudo nesta vida.
Por fim, gostaria de parabenizar todas as pessoas que trabalharam na organização deste evento. E também a minha esposa e fotógrafa pessoal Paula que me acompanhou nesses dois dias. E espero que esse seja o marco para a retomada dos grandes eventos de escalada no Brasil. Eu vou fazer a minha parte, treinando e me preparando. E é claro, lendo direitinho o regulamento!
See you!
Ah, o proprietário da Casa de Pedra, o Alê Silva, também fez uma postagem bem otimista sobre tudo isso, vale a leitura!
E neste link, tem as fotos do Edinho Ramon que fotografou a final PRO.
Classificação final
Pro Masculino
1º Jean Ouriques
2º Felipe Ho
3º Pedro Nicoloso
4º André Maeoka
5º Jonas Leffeck
6º Stefano Fiocca
Pro Feminino
1º Nina Williams
2º Camila Macedo
3º Thais Makino
4º Lais Akamine
5º Maíra Vilas Boas
6º Patricia Antunes
7º Angela Vargas
Paraclimb
1º Luciano Frazão
1º Pedro Henrique
1º Raphael Nishimura
Juvenil Masculino
1º Vitor Miyazaki
2º Pedro Avelar
3º Alex Mendes
Juvenil Feminino
1º Clara Viegas Rezende
Amador Masculino
1º Welisson Felipe
2º Thiago Campacci
3º Alexandre Makiyama
Amador Feminino
1º Najla Moufarrege
2º Maria Luisa Holland
3º Luciana Milare Guimarães
Amador 40+ Masculino
1º Luiz Sanda
2º Frank Fukunari
3º Fábio Emídio
Amador 40+ Feminino
1º Debora Hashiguchi
2º Marina Lee
3º Mieko Makino
Infantil 10 a 13 anos Masculino
1º João Henrique Araújo
2º Luca Venancio Rocha
3º Gabriel Gimenes
4º João Felipe Barbosa
5º Luca Hashiguchi
6º Matheus Bernardes
7º Ian Brizante Goulart
8º Luca Sannini
9º Icaro Capelli
10º Gabriel Fujiwara Rodrigues
Infantil 10 a 13 anos Feminino
1º Mariana Hanggi
2º Amanda Criscuoli Tavares
3º Iara Ziller
4º Ana Júlia Barbosa
Infantil 6 a 9 anos Masculino
1º Theo Shima Bucuro
2º Luca Hashiguchi Medeiros
3º André Yamamoto
4º Gustavo Shiraiwa
5º Henrique Brunca Baptista
6º Caio Brunca Baptista
Infantil 6 a 9 anos Feminino
1º Mel Brizante Goulart
Para ver a classificação completa, clique aqui!
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