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Corrente Alternada

^Totem do Sumidouro em Santa Leopoldina – ES.

Primeira postagem do ano! Então, feliz ano novo atrasado!

A minha virada do ano não foi lá grandes coisas. Aliás, foi um desastre. No penúltimo dia do ano peguei uma gripe daquelas que me botou na cama por uma semana. Passei virada do ano morrendo de febre embaixo das cobertas… Depois passei mais uma semana me recuperando da gripe que me deixou totalmente debilitado. Ou seja, passei duas semanas sem condições de colocar uma sapatilha nos pés.

Aos poucos, na semana passada comecei os treinos. E no último domingo, finalmente rolou a primeira escalada de 2018 com o menino “Graveto”.

Durante a semana, ele pediu para “carregar o haulbag”, porque estava com saudade do peso nas costas, então resolvi aplicar ele numa conquista, só para não perder o costume.

Puxei da manga um totem que tinha visto na saída da cidade Santa Leopoldina em direção a Santa Maria do Jetibá e foi para lá que fomos no domingo.

Saímos cedo de Vitória, 5h30, e às 7h já estávamos na base da pedra. Como o totem fica ao lado da estrada, a caminhada foi pífia (1 min.). Tive que tomar cuidado para não estacionar o carro na linha das pedras…

Amanhecer na região de Serra, rumo a Santa Leopoldina.

Eu tinha calculado que a pedra pegaria sol apenas à tarde e que seria sombra pela manhã, mas para o nosso desespero, às 7h o sol já despontava na parede com toda a força do verão capixaba. Naquela hora senti que estaríamos entrando numa bela roubada.

Comecei os trabalhos antes de a chapar fritar, tocando por um belo diedro pelo lado esquerdo do totem, protegendo em móvel até onde a vegetação permitiu. Assim que a linha ficou obstruída, saí por um pequeno tetinho pela direita para ganhar a face do totem e dominar uma chaminé média. Toquei mais um pouco e cheguei num grande bico de pedra. A essa altura, por ter gerenciado mal as proteções, estava sofrendo demais com o arrasto, então achei por bem fazer uma parada por ali mesmo. Até porque eu estava “mortinho da Silva” de fazer força naquele calor sufocante.

Chamei o Pedro e içamos o maldito haulbag que teimava em prender em tudo… Imaginem puxar um haulbag com material de conquista por dentro de uma chaminé.

Graveto na chaminé final da primeira enfiada.

Fizemos um merecido descanso na P1 tentando nos abrigar um pouco do sol e logo em seguida, toquei para cima mais um pouco. Nesse trecho, o diedro fica mais vertical com belos lances em oposição. Toquei até onde o diedro começou a abrir e não aceitar mais nem o Camalot #6. Bati uma chapa de inox e em vez de seguir pela chaminé suja, resolvi sair pela face do totem novamente. Bati mais duas chapas nessa transição e depois toquei em móvel até uma grande árvore onde montei a P2. Para nossa sorte, nesse trecho, entrou algumas nuvens com bastante vento e a escalada conseguiu ser bem agradável na medida do possível. Chamei o Pedro, puxamos o haulbag e ali ficamos no cume do totem.

Graveto no final da 2a enfiada com os fios de alta tensão ao lado. No fundo, o famoso Rio Santa Maria.
“Barba de pau” no sistema de içamento.

Descartamos a possibilidade de seguir pela face do costão em direção ao topo do morro porque a pedra era lisa demais. Seria muito sofrimento conquistar mais 120m de aderência naquela pedra lisa com aquele sol escaldante.

Assim, tratamos de achar uma boa linha de rapel para sair logo daquele inferninho e beber uma Coca gelada numa padaco mais próxima. Tocamos mais uns 5m para o lado do totem para ganhar uma linha mais limpa e ali batemos uma parada dupla para fazer o rapel (Duas chapas de inox – Pingo). Descemos 60m até cair num grande platô onde fica uma torre de alta tensão desativada!!!!! Um pedaço de placa logo acima desprendeu e acertou em cheio a torre. Como essa torre fica no meio da pedra, o pessoal que fez a obra teve que construir uma base e uma via ferrata para acessa-la. Aproveitamos a “infra” e montamos mais um rapel curto de uns 20m até a estrada e descemos no lado do carro. Ai foi dar dois passos e já estávamos dentro do carro rumo à Coca-Cola gelada!

Batizamos o totem de Totem do Sumidouro por causa de um famoso sumidouro do Rio Santa Maria que tem ali perto. E demos à via o nome de “Corrente Alternada” por causa dos fios de alta tensão que passam rente ao totem.

Descendo da via pela torre de alta tensão.
Pacata cidade de Santa Leopoldina.

Esta via foi conquistada utilizando o material de conquista da Associação Capixaba de Escalada que subsidia 50% do valor das proteções fixas de inox, adquiridas em parceria com a Bonier.

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