^ Rebit na 2a enfiada da via “Jardim Labirinto”.
Em meados de 2014, Afeto, DuNada e eu conquistamos a via “Jardim Labirinto” na face nordeste da Lage das Pedras em Guarapari (ES). E no ano passado voltei com o Poul e equipamos uma variante da 7a enfiada, evitando assim um “balão” à direita. Desde então, sempre quis voltar lá para escalar a via na íntegra passando pela nova variante, mas o tempo foi passando e nada de fechar uma “barca”.
Na semana passada o Rebit, meu brother de “trabalho braçal” comentou comigo que estava querendo fazer uma tradicional novamente. No ano passado, ele foi comigo, Poul e DuNada para Pancas e quase aposentamos o garoto.
Como o Rebit gosta de “colar na cama” e “colar na cama” não combina com escalada tradicional, lembrei na hora da Jardim Labirinto que é uma via que fica na sombra à tarde. Bingo! Fechou todas.
No domingo, passei na casa dele às 10h (marquei às 9h30) e ele desceu às 10h30! Pegamos a estrada e fomos sem pressa até o sítio do Sr. Lígio, na base da pedra.
Chegamos por volta das 11h30 sob um sol escaldante. O Rebit olhava para pedra, olhava para mim e perguntava:
– Japa, cadê a sombra? Tô f*dido!
Nem começou a escalada e já estava arrependido…
Esperamos mais 1h sob a sombra de uma mangueira para ir acostumando com o calor e por volta de meio-dia e meia encaramos a aproximação sob um sol de rachar.
Estranhamente durante a caminhada me senti super bem. Eu sempre achava essa caminhada muito desgastante, mas dessa vez parecia bem de boa. Logo, lembrei que essa era a primeira vez que estava fazendo essa trilha sem o material de conquista, e por isso estava me sentindo bem! Pensando desse jeito, nem me importei muito com o calor e fui só rindo do Rebit que não parava de perguntar sobre a tal sombra que eu tinha falado.
Chegamos na base da via e logo descobrimos que ali não ventava muito bem. Consultei o meu aplicativo para ver a hora da tal sombra e vi que a via ficaria “liberada” a partir das 14h30 nessa época do ano. Considerando que a via tem 8 enfiadas, sendo 3 acima de 6o grau e escalando com o Rebit que não tem muita bagagem de parede achei que seria arriscado esperar tanto. Até porque nessa época do ano, o sol de põe às 19h e ainda teríamos uma caminhada do cume até o carro para “resolver”.
Esperamos mais uma hora e às 13h30 iniciamos a escalada. Acabamos saindo antes da parede entrar na sombra para garantir uma “gordurinha”. Solamos até a P1 e de cara encaramos uma enfiada de 7a de aderência sob o sol escaldante. Como “a chapa estava quente”, tratei de escalar o mais rápido possível para aguentar a dor do pé inchando na sapatilha apertada. Incrivelmente o Rebit se saiu muito bem nessa enfiada e quase mandou de top, caindo só no final porque uma agarra de pé quebrou.
Toquei a 3a enfiada e finalmente a via entrou na sombra. Aliando ao forte vento nordeste, ficamos de “boa na lagoa” e assim fomos de enfiada em enfiada. A essa altura, o Rebit já estava 200% arrependido de ter aceitado esse convite. Era roubada demais para ele. Para mim não tinha nenhuma roubada: sombra, escalada, vento, via boa, meio litro de água…
Na 5a enfiada, olhei para cima e vi algumas nuvens pesadas vindo por trás da montanha. Olhei para o outro lado e o céu estava azul. Fiquei um pouco preocupado com uma possível virada do tempo, mas como a previsão era 100% de sol e 0% de chuva não dei muita bola. Na base da 7a enfiada, antes de encarar a nova variante vi que o tempo estava virando de verdade e que a possibilidade de pegar uma chuva na parede era real. O problema era que estávamos escalando com apenas uma corda de 70m, já que a ideia era descer caminhando. Se tivéssemos que abortar a escalada e descer rapelando, estarámos em apuros, porque para descer era preciso 2 cordas de 60m.
Dei um gás nas últimas duas enfiadas e o Rebit, a essa altura já não estava mais aguentando a dor nos pés por causa da sapatilha apertada, subiu “batimando” para ganhar tempo.
Assim que dominei a última “agarra” da virada, senti uma gota no meu braço. Subi até o cume e finalmente consegui ver o outro lado da montanha. Quando olhei para o lado de Guarapari, não consegui ver a cidade, pois estava totalmente encoberta pela cortina de chuva. Chamei o Rebit e fomos nos abrigar num bloco para esperar a chuva nos pegar. Esperamos uns minutos e ouvimos a primeira trovoada. Ficar no cume de uma montanha com um monte de ferro na cintura não é a coisa mais sensata a fazer. Não tivemos dúvida, resolvemos descer a montanha antes de a chuva (ou um raio) nos pegar e saímos em marcha acelerada. Assim que descemos a montanha, a chuva nos alcançou, mas como ainda estava muito abafado, aquela chuva foi mais do que bem vinda. Na verdade parecia as gotas evaporavam quando encostavam em nós…
Em 40 minutos descemos a montanha e chegamos no estacionamento para alegria do Rebit. A essa altura ele só falava:
– Outra dessas só daqui a 2 anos, Japa! Não é possível que vocês fazem isso porque acham legal! Vocês só fazem isso para zoar!
Eu só ria enquanto matava uma Coca-cola gelada que estava guardada no cooler.
Da minha parte foi uma escalada muito bacana, pois finalmente consegui repetir a via na íntegra! E posso garantir que ela ficou muito bacana. Com certeza é uma excelente opção para quem busca uma escalada de meio turno no verão. Só não pode perguntar para o Rebit a opinião ele sobre a via!
Segue o croqui atualizado!
Uma resposta em ““Jardim Labirinto Direct” com o “Rebit” (foi engraçado!)”
Uahauahha a vibe e até boa hahaa mas o perrengue e de matar um hauahahahah irado demais Japa ja to ate animado pra daqui 2 anos entrar de novo em uma barca dessa kkkkkk vlwwww