Pelo norte do ES, o retorno

O final de semana por aqui foi bastante chuvoso. Conforme a previsão meteorológica, uma grande frente fria lambeu o estado justamente no sábado e domingo e miou a escalada de muita gente.

Segundo a previsão, a frente fria viria de sul para o norte, varrendo o estado. A estratégia? Subir para o norte do estado e escalar antes da chegada da frente fria.

Assim, ainda na sexta-feira, eu e o DuNada nos mandamos novamente para a cidade de Águia Branca para escalar no sábado, antes da chegada da frente fria.

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De volta ao acampamento-base sob o pé de manga, mas dessa vez de barraca.

O plano era entrar na via Anjos, na Pedra Camela, uma via de aproximadamente 380m aberta recentemente pelos escaladores Fred, André, Oswaldo e Gilson. Para ler o relato da conquista, clique aqui!

No sábado, o tempo já amanheceu com cara de poucos amigos. Era tudo uma questão de horas para a chuva chegar. Acordamos cedo, comemos qualquer coisa e partimos para a via.

Como a primeira parte da via é relativamente fácil, subimos à francesa para ganhar tempo, assim conseguimos chegar rapidamente na P3. A partir dali, peguei a 4a enfiada em travessia e o DuNada, a enfiada de Vo da 5a enfiada. Em seguida, sem perder muito tempo, peguei a 6a enfiada, a enfiada crux da via (6o). No meio da enfiada, a chuva nos alcançou e deu uma passada rápida pela montanha, deixando a via um pouco molhada, mas como estava naquele ponto, onde não tem mais como descer, tive que ir, com muita calma, administrando as agarras úmidas do esticão final até chegar na P6. Dali para cima, só mais uma enfiada de IIo e cume. E em 3h de escalada batemos no cume. Assinamos o livro de cume, tiramos umas fotos e descemos. Assim que botamos os pés na casa da Dona Marina, caiu o mundo! Ufa! Bem na hora.

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DuNada chegando na P4 e junto com ele as nuvens carregadas.

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No cume! Chegamos antes da chuva! E lá vem a chuva!

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Mas antes uma foto para a posteridade!

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A natureza lavando as marcas de magnésio da via… Novamente sem beta!

Na mesma velocidade que a chuva chegou, ela também foi embora e com ela chegou o sol. Esperamos a chuva dar uma “secada” e voltamos para a pedra novamente em busca de uma fenda que tínhamos visto durante o rapel.

Chegamos na base da via, nos equipamos e entramos, para logo em seguida, descobrimos que as nossas peças não eram páreas para ela. Frustrados, descemos e quando começamos a nos desequipar, uma segunda leva de chuva chegou com toda força e nos obrigou a improvisar um abrigo temporário.

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Momento Bear Brylls! Nosso abrigo de emergência construído em menos de 5 mins. 

Depois dessa, nós entendemos  o aviso, empacotamos tudo e tratamos de sair dali o quanto antes.

Pé na estrada novamente. Destino? Cuparaque, Minas Gerais! Lá nas terras que não chovem nunca.

No caminho, muita chuva na estrada, mas assim que botamos os pés, ou as rodas, em Minas, tudo seco! Alívio geral! Chegamos em Cuparaque, jantamos e quando saímos do restaurante, uma leve garoa. Sem nos abalar, partimos para a base da via e montamos o acampamento. Mas assim que terminamos de montar a barraca, chuva de verdade!!! E assim foi, a noite toda!!!!

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Hora de relaxar em Cuparaque! Água que passarinho não bebe!

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Dessa vez a meteorologia acertou na mosca! Chuva!!! E de verdade! 

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Chuva! Ruim para nós, bom para quem mora nessa terra sofrida.

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Ouvindo a chuva…

O dia seguinte amanheceu chovendo. Pelo visto a frente fria não poupou nem essa região. Sem opção, empacotamos tudo novamente e partimos rumo à casa. Mas como bons caça-roubadas, resolvemos voltar pelo pior caminho possível, passando por estradas de chão, por dentro da serra, pelo o caminho mais longo e após umas 10h de estrada, finalmente chegamos em casa. Sãs e salvos. Tirando o pará-choque amassado, mas isso é história para outra hora.

Valeu DuNada, mais uma roubada para o teu currículo!

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Alguma casa antiga em algum lugar. Colatina.

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Finalizando a indiada em Praça Oito. O bom filho à casa torna!

Betas e considerações da via Anjos:

  • As 3 primeiras enfiadas podem ser escaladas à francesa para ganhar tempo. Somente no final da 3a enfiada há um trecho que exige atenção;
  • A maioria dos grampos estão com palheta. Atenção redobrada para possível problema de corrosão galvânica. Sempre fazer backup;
  • Caso use o Wikloc para navegação, segue aqui o link do tracklog!

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