No último domingo, a convite do Eric, que fique bem claro, Graveto e eu fomos conferir, segundo as palavras do Eric, “uma parede cheia de agarras” que diz ter visto em 2021 durante a conquista da via “Estranha no Ninho” no Totem Central de Calogi.
É claro que quando chegamos na base da via o tal “mar de agarras” estava na pqp, a uns 30m do chão e separado por uma placa lisa sem agarra.
Assim partimos para o Plano B, que seria subir pelo lado esquerdo da via “Estranha no Ninho” por uma sequência abundante em saliências que nós já sabíamos que não seriam agarras, mas apenas pequenas ondulações falsas. O plano mais sensato seria subir pela “Estranha no Ninho” e depois fazer uma travessia para vir equipando a via, mas a gente não consegue escalar sem sentir um pouco de medo. Assim resolvemos conquistar a primeira linha para depois fazer uma travessia à esquerda para equipar as outras vias. Uma abordagem bem clássica de conquista de setores esportivos.
Como a ideia foi do Eric, ele começou os trabalhos. Logo após uma saída tricky, ele foi buscar uma fenda bem evidente e convidativa que logo se mostrou muito espanada, não aceitando nenhuma peça sólida, apenas o suficiente para aguentar o peso e conseguir bater as chapas. Santo Totem Cam que aceita apenas duas castanhas para artificial. Após 3 proteções, o Eric passou a ponta para mim e toquei mais 4 chapas. A quarta chapa foi num veneno que logo em seguida desci para deixar o gran finale para o Graveto. Como ele nunca tinha conquistado uma via de abaixo, achamos que estava na hora de “perder o cabaço”. Assim, após um lance fácil ele ganhou o platô e bateu a parada num platô confortável para fechar a primeira via do dia. Batizamos de “Canto da Sereia” devido às fendas falsas e as agarras onduladas. Sugerimos 7a para via, mas é uma via difícil de graduar porque é cheia de agarras escondidas. Eu acho que se tudo estiver bem marcado não passa de um VI SUP.
Pensamos em tocar para cima, esticando mais uma enfiada e quem sabe abrir uma via paralela a “Força Aérea Urubu”, mas o Sol do verão estava implacável e impraticável, então resolvemos ficar pelo chão mesmo equipando outras linhas. Por sorte, esse setor fica o dia todo na sombra. Por isso resolvemos investir na sombra, mesmo sabendo que seriam apenas 3 vias.
Equipamos mais duas à esquerda da “Canto da Sereia” e batizamos de “Ó do borogodó” e “Lé com cré”, ambas seguem projeto. Entramos na “Lé com cré” para isolar as passadas e achei difícil, mas é sempre complicado dizer qualquer coisa depois de um dia inteiro de trabalho, mas acho que 8a seja um bom começo.
Com a equipagem da “Lé com Cré”, segundo minhas anotações, chego a 300 vias conquistas, entre esportivas e tradicionais. Tem muita gente por aí que tem mais vias conquistas do que eu, mas para mim é um número bem representativo, principalmente quando começo a lembrar de todas as histórias, as pessoas e momentos que convivi durante esse processo que muitas vezes é cansativo, pesado e bem oneroso.
Agradeço profundamente a todas as pessoas que dividiram essa empreitada ao longo dos últimos anos, carregando peso, fritado ao Sol e passando perrengue.
Agradeço também a Associação Capixaba de Escalada que nos últimos 9 anos tem ajudado nas conquistas subsidiando parte do material de conquista. Graças a esse incentivo, todas as vias estão sendo conquistadas e equipadas com proteções de aço inox.
Uma resposta em “Totem Central”
Show rapaziada e parabéns japa! Não é pra qualquer um tanta quilometragem em 300 vias fritando o coco e os parafusos!!! Ainda bem que você sempre se esquece das promessas de “nunca mais fazer isso ou aquilo” depois das roubadas nas conquistas kkk
PS.: Belo ângulo do Calogi!