Afeto na 1a enfiada da variante “Xixi na Cama”.
O estado do Espírito Santo, talvez seja um dos estados mais prolíficos em termos de montanha. Para o desespero dos agricultores, o que não falta aqui são pedras e mais pedras a perder de vista. Por outro lado, essas mesmas pedras são bastante desprovidas de agarras e fendas. Por um “descapricho” da natureza, Deus esqueceu de colocar agarras e fendas quando mandou fazer as montanhas do Espírito Santo. Por isso, a cultura da escalada tradicional com proteção móvel é muito pouco difundida por aqui. Dá para contar nos dedos as fendas boas que tem (e não estou contando as chaminés porque elas não são bem fendas).
Um dos poucos locais onde há uma boa concentração de escalada em móvel é na região de Itarana, mais especificamente na Parede dos Sonhos, onde no ano passado abrimos um par de via nessa parede.
Desde então, sempre tive vontade fazer um misto entre as duas vias, escalando somente as melhores enfiadas de cada via para fazer uma escalada “prime”.
Assim, no último domingo, eu e o Afeto partimos para a Parede dos Sonhos para provar “a nata da nata” dessa face!
Essa variante é uma sutil variação da via “Xixi Molhado”, onde na 3a enfiada, após o crux, pega emprestado a enfiada da fenda frontal de 40m da via “Sonho Molhado” para, logo em seguida, voltar à via até o cume, totalizando aproximadamente 260m de escalada.
Limpando a 2a enfiada.
Pesado!!!
Os amigos!
Após 3 horas e meia de escalada batemos no cume pela variante e apelidamos a linha de “Xixi Molhado”. Na minha modesta opinião, essa linha está, com certeza, entre as melhores vias tradicionais do estado por ser uma via bem completa que exige do escalador domínio nas placas e fendas.
Croqui
Como chegamos cedo no cume, por volta do meio-dia, resolvemos dar uma esticada e partimos para a Pedra Paulista para repetir a via “Fio Dental”. Como o sol estava implacável esperamos até o final do dia para entrar na via e escalar ela ao melhor estilo “fast and light” antes do entardecer.
Como eu já tinha repetido a via com o PA, passei o filé da via para o Afeto que guiou a 1a enfiada e eu peguei a 2a enfiada que também não é de jogar fora. Batemos no cume bem na hora que o sol se pôs no horizonte e ainda sobrou um restinho de luz para fazer o rapel com segurança até a base.
Cena típica. Parada para roubar fruta! Tem um macaco com sacola na árvore!
Eu e o carrapento esperando o sol dar uma trégua! Foto: Caio Afeto.
Olhando assim, o totem parece descaido, mas é só impressão!
Afeto limpando a última enfiada da via Fio Dental.
A escalada teve até plateia! A pergunta é: como eles chegaram até aqui? Detalhe, ali é o cume do totem! Mais de 100m de altura da base!
Assinando o livro de cume. Essa escalada foi a 3a repetição da via. A última passagem foi em março de 2014 pelo P.A. e Xerxes.
Com certeza foi uma boa maratona de treino para a temporada 2015.
Valeu Afetones por sempre entrar nas roubadas comigo, porque o sol não estava mole!
Curtindo um por do sol “mucho loko” do totem com várias nuvens bizarras. Ao fundo, à esquerda, dá para ver os Cinco Pontões.
Fechando o domingo com chave-de-ouro. No totem da Pedra Paulista! Foto: Caio Afeto.
Tempestade se armando no horizonte. Uma das nuvens mais incríveis que já vi. A luz dentro da nuvem é um raio!
Croqui
Leia mais aqui sobre as escaladas na região de Itarana e aqui sobre a Pedra Paulista.
Uma resposta em “Pelas fendas de Itarana e Itaguaçu”
Sou suspeito demais pra falar, mais um final de semana sensacional…Obrigado JAPA você é sinistroooooo!!!