As vias esportivas mais difíceis do ES

Em 2017, fiz uma postagem com esse mesmo título, mas de lá para cá, a escalada capixaba “mudou” e parece que o lista recebeu algumas atualizações.

A sugestão para voltar a falar sobre esse assunto partiu da Yasmin. Se você também tiver algum assunto legal para eu escrever, deixe nos comentários.

Em relação a 2017, a lista sofreu pequenas alterações. Entraram na lista a via Thor (9c) no Morro do Moreno (croquiteca atualizada!) e mais duas vias de Uliana: “Café Intenso” e “Moagem Grossa”.

NOMEGRAULOCALEQUIPADORESFAREPETIÇÕES
1Transatlântica10aCalogiDiogo Rebit, Felipe AlvesFelipe AlvesSem repetição
2Avalanche9cCalogiCaio Afeto, NaokiNaoki ArimaFelipe Alves, Caio Afeto
3Thor9cMorenoCaio AfetoCaio AfetoSem repetição
4Moedor de Dedo9b/cCalogiNaokiNaoki ArimaFelipe Alves
5Café Intenso9b/cUlianaDante, Dani, LéoDanteFelipe Alves e Alex Mendes
6Moagem Grossa9bUlianaDante e LéoDanteFelipe Alves
7Trem Bala9bCalogiRebit e NaokiNaokiSem repetição
8Brincadeira de Criança9bAmarelosPoul, Guigui e CoelhoFelipe AlvesSem repetição
9Contra Avalanche9bCalogiNaokiNaokiFelipe Alves, Caio Afeto e Felipe Sertã
10Maria Fumaça9bCalogiNaoki, Rebit e LucaNaokiFelipe Alves e Caio Afeto

Olhando friamente a lista e pensando no seu significado, nota-se que, nos últimos anos, a evolução da escalada esportiva do Estado está um pouco estagnada. O fato mais relevante talvez tenha sido o desenvolvimento da Parede de Uliana, o que é pouco para 3 anos. Seria, a grosso modo, uma nova área de escalada a cada três anos. Pensando mais a fundo, acho que não é por falta de pedra, porque o que mais tem por aqui é pedra. Claro, nem tudo que reluz é ouro, temos muita pirita (ouro dos tolos). Também não é, em parte, por falta de verba, pois a Associação Capixaba de Escalada subsidia material de conquista aos sócios. Por exemplo, a parede de Uliana foi totalmente desenvolvida com essa verba (todas as proteções das vias são em inox).

Por fim, acabamos vendo que, mais uma vez, o fator humano é decisivo para descoberta e desenvolvimento de novas áreas. Também não basta ter escaladores, precisamos de escaladores que gostem de abrir via, que saibam abrir vias. Afinal de contas, abrir via é totalmente diferente de escalar vias.

Se por um lado precisamos abrir novas vias para elevar o nível, no outro extremo vemos uma questão importante que começa vir à tona. Os passivos gerados pelas vias existentes. Muitas vias já começaram a “vencer” e estão precisando de manutenção antes que aconteça algum acidente. Substituir proteções antigas, assim como dar manutenção as vias existentes, é um trabalho árduo, oneroso, mas necessário. Não basta apenas sair abrindo novas vias sem olhar para atrás, pois cada conquistador é responsável pelas vias conquistadas e esse é um fardo que carregamos para sempre.

Outro aspecto que chama a atenção é que a lista das pessoas que repetem essas vias também não mudou nos últimos anos. Diria que o Dante seja o único novo dessa geração. E mais recentemente temos a chegado do escalador Alex Mendes que já andou mandando vias e boulders de peso por aqui. Recentemente ele repetiu a via “Café Intenso”, sugerindo 9b para via, assim como realizou a 2a ascensão à vista da via Transiberiana (9a) no Calogi.

Se por um lado os homens estão estagnados, nos últimos anos vimos a ascensão do nível da escalada esportiva feminina. Se não me engano, o grau mais alto encadeando por uma escaladora capixaba no Estado é um 8b (“Linha Final” e “Trem da Morte Súbita”). Estão nesta lista, as escaladoras Diandra Pitella, Luciola Selia e Janaina Bastos. E ao que tudo indica, em breve, outras meninas estarão “colando” no grupo.

Luciola na via “Linha Final” (8b), Calogi.

Elevar o nível da escalada exige, hoje em dia, além de uma boa gama de vias, tanto de base quanto de nível, condições para treinamento, além de claro, uma boa orientação. Nesse sentido, parece que finalmente temos alguma estrutura minimamente decente para “começar a conversa”. Hoje, temos um espaço para treinamento em Vila Velha (Boulder Vix) e outro na Serra (muro da ACE). Digo minimamente, pois ainda temos um longo caminho para melhorar essas estruturas no nível desejável. Já a parte da orientação esse, sim, acho que ainda estamos engatinhando. Formar e manter atualizando um treinador é algo que leva tempo e não sai muito rapidamente. Se compararmos com outros Estados e outros países, ainda estamos na idade do treinamento empírico, onde somos cientista e rato ao mesmo.

Pensando assim, vemos que aquele 10a da via Transatlântico, que está no ranking, é apenas a ponta do iceberg. Se quisermos ter mais vias difíceis precisaremos melhorar toda a base que sustenta o 10a para que no futuro tenhamos um 11a, 12a em terras Capixabas…

Felipe Alves na via Avalanche (9c), Calogi, Serra

Comentários

6 respostas em “As vias esportivas mais difíceis do ES”

Sabe aqueles filmes de miniaturas? Pois é! A Ya está parecendo a Juquinha de Calogi, de um filme de miniaturas, com essas folhas perto dela, parecem árvores. Ya, rumo a mais conquistas e as rochas pelo mundo, show de foto.. E Lu, sempre arrasando nas fotos e no seu balé na pedra. Uhuuu mulherada!!! Naoki sempre surpreendendo nas fotos e nos textos. Parabéns!!!!

iuhul, partiu conquistar mais falésias nesse mar de pedra e movimentar a escalada! valeu mestre seus posts são muito importantes para plantar as sementinhas do climb em todo mundo, obrigada por fomentar a escalada e transmitir isso por aqui!!!

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