Conexão Pancas Calogi

Para mim, o amanhecer na montanha sempre foi o prelúdio de um dia árduo na montanha, regado, em geral, com muito Sol e esforço. Mas dessa vez, o cheiro da manhã não tinha essa preocupação. Enquanto caminhava despreocupadamente pela estrada fiquei pensando como é diferente acordar cedo sem ter a preocupação, nem a ansiedade de subir uma montanha.

Tranquilamente fui até a beira de um riacho, montei a câmera e fiquei esperando o dia clarear para os primeiros raios de luz iluminar a paisagem à frente e fazer essa foto:

Amanhecer no Sítio Cantinho do Céu.

Duas semanas atrás estive em Pancas para conquistar e escalar umas vias com Iury. Depois, “contei lá em casa” que o Fabinho, dono do Camping Cantinho do Céu acabei de inaugurar um chalé para locação. A Paula gostou da ideia e assim resolvemos estender um home-office por lá para sair um pouco da rotina e converter o home em mountain office.

Para não dizer que fui a Pancas e não subi nenhuma montanha, levei a Paula para subir a Pedra do Camelo, uma escalaminhada bem conhecida da região que leva ao cume desta montanha que é o cartão postal de Pancas. Eu já tinha subido sozinho uma vez, então ainda lembrava da trilha. São 2,4km (somente ida) de caminhada, mais escalaminhada com ganho de elevação de aproximadamente 400m. Ou seja, é bem para cima. A trilha possui diversos trechos em costão onde há cordas fixas nas partes mais expostas, mas o estado das mesmas nem sempre estão boas, por isso sempre é muito importante analisar cada situação antes de sair se puxando.

No costão inicial da Pedra do Camelo.

Subimos a pedra sem pressa e após 2h de caminhada estávamos no cume. Por sorte o dia estava relativamente agradável e não sofremos com o calor, mas a dica é sempre sair quanto antes, principalmente devido à volta que é sempre mais cansativa e com Sol.

No cume da Pedra do Camelo com a cidade de Pancas ao fundo.

Na ocasião, acabamos conhecendo o Gustavo e a Bianca, dois escaladores do Rio de Janeiro que estão passando as férias em terras capixabas. Eles vieram subindo o Estado, escalando as principais vias de sul a norte e a “cereja do bolo” das férias será a escalada da via Moonwalker (MG). Com certeza, não há melhor lugar do que as aderências de Pancas para fazer um “aquece” antes de encarar os 1000m da Pedra Riscada.

Céu em chama!
Estátua de Buda em Ibiraçu.

Calogi, Vale Perdido

No domingo, voltei ao Vale Perdido em Calogi novamente para mais um dia despretensioso de escalada. Embora seja quase inverno, o “veranico do maio” parece que resolveu dar o ar da graça por aqui e a temperatura deu uma subida boa no final de semana.

A pretensão do dia era abrir mais duas linhas novas, sendo uma em móvel e mandar um 8c que estava faltando para “passar a régua no setor”.

A linha em móvel se mostrou inviável e resolvi não mexer com isso. Já o 8c, equipado pela Alexandra e Alekinho e batizado de “Ponto de Vista” teve o FA no dia anterior pelo próprio Alekinho. Tentei uma entrada flash, mas acabei errando na leitura e fui “à corda”, mas no segundo “giro” a via saiu de boa. Para mim, essa é uma das melhores vias do setor, principalmente pela qualidade ímpar da rocha e movimentação diferenciada. Com certeza é a via mais diferente do estilo Calogi. A única ressalva sobre a via ficaria por conta do pó estranho que tem na rocha. Quando inalado causa uma coceira na garganta e parece que está com Covid…

Além dessas ascensões, ainda tivemos: a Yasmin que mandou a “Troco do Grego” 8a, seu quarto oitavo grau; a Alexandra que mandou a “Ladrão que rouba ladrão (8a); o Lissandro que mandou a clássica e estranha “Segredo de Estado” (7c); e o Eric que despachou a “Carteira Assinada” (7a) e Psicoterapia (7b). Ou seja, no final da escalada teve rodada de açaí para comemorar, mas cada um teve que pagar o seu…

Yasmin na via “Troco do Grego” (8a)
Eric na Psicoterapia (7b)
Lissandro no platô (L1) da Segredo de Estado. Foto: Yasmin.
Alexandra na via “Ladrão que rouba ladrão” (8a). Foto: Yasmin
Alex Mendes trabalhando o projeto “Centenário”. Foto: Yasmin.

Concomitantemente, ainda tivemos a conquista de uma nova via à direita da via Choque Anafilático, mais uma via “regleteadora”, mas que não deve passar de um 9a ou 9b. Vamos ver. Além disso, o Alekinho também começou, à luz de lanterna, um “quinto grau fácil” na parede de trás.

Com isso, o setor já contabiliza 18 vias/projeto. Um número bem expressivo considerando o tamanho do lugar. Ah, sempre é importante lembrar que todo material utilizado nas conquistas foi subsidiado pela Associação Capixaba de Escalada.

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