O Campo-escola Behne foi “descoberto” em abril de 1995 quando um grupo de escaladores locais (Naoki Arima, Daiti Hamanaka, Leandro Feiten…) resolveu realizar mais um rolé pela região conhecida como o Buraco do Diabo (Ivoti). Este mesmo grupo já vinha desbravando as encostas íngremes deste vale a procura de pedra para escalada e rapel já há algum tempo. No entanto, havia uma área que nunca havia sido explorada por estar em frente a casa do proprietário de toda a região, o Sr. Behne. Como tínhamos receio do Sr. Behne, por sempre entrar nas terras dele sem permissão, nunca nos atrevemos a passar em frente a casa dele. Até porque na casa do Sr. Behne sempre tinha uns cães bravos.
Neste dia, o grupo foi para uma cachoeira que fica logo adiante a propriedade do Sr. Behne para realizar um rapel. E na volta, o grupo resolveu retornar costeando a pedra. E para a nossa surpresa acabamos chegando onde fica atualmente o Setor 3. Logo de cara sabíamos que tínhamos encontrando o pote de ouro, pois vimos o potencial do local.
A primeira via que abrimos no local foi a Contra-proposta (pelo menos parte dela) em top rope. Depois abrimos a Negativa Dupla (6o), Pig (6o), Mouse (6o), Biton (6o) e assim por adiante.
Nos primeiros anos, nós não tínhamos grampos, então todas as vias foram abertas em top rope, sempre usando ancoragens naturais. Então era comum o nosso dia de escalada começar com uma caminhadinha até o topo das vias para montar todos os tops. Assim a pedra ficava “equipada” com diversos top ropes à disposição.
Uma das contribuições mais importantes para o desenvolvimento do Behne foi a visita dos escaladores Cristian Maciel e do Nativo que abriram as vias Escraquinha (7c – na época) e Ilusão Fatal (7b) igualmente em top rope. Essas vias foram durante muito tempo a menina dos olhos da galera local por se tratarem de vias bem duras.
O uso das proteções fixas começou somente quando conhecemos o escalador Jonas Schilling em meados de 1996. Nesse mesmo ano foi organizado por nós, um curso de escalada para os Desbravadores. E para preparar o local abrimos algumas vias fáceis para servir de via-escola (Day light primeira parte, Epilepsia primeira parte e Monoton primeira parte), e foi nessa ocasião que começamos a bater os primeiros grampos. A partir dai, o uso de grampos e chapeletas se tornou comum, e gradualmente, fomos equipando as vias já abertas.
Em 2002, o Campo-escola recebeu a primeira grande manutenção com a troca de todos os grampos por chapeletas num grande mutirão organizado pela AGM – Associação Gaúcha de Montanhismo. Vale registrar que esse foi um trabalho inédito e pioneiro no estado (e até no Brasil).
E 10 anos depois, em 2012, foi realizado outro mutirão de manutenção das vias do Behne, onde as antigas chapeletas foram substituídas por chapeletas de inox fixadas com cola.
Atualmente o CE Behne é a principal porta de entrada para quem está começando no esporte. E também pelo fato de se encontrar a apenas 1h da capital, o local é bastante frequentado nos finais de semana.
Comparando com o que já foi o Behne há 20 anos, dá para ver que muita coisa mudou nesses anos. O fato que mais chama a atenção, e preocupa, é o grande fluxo de escaladores na pedra e seus impactos negativos. Atualmente as trilhas estão bem mais abertas e as bases das vias muito mais desmatadas; e em diversas vias, a rocha encontra-se bem erodida pelo uso excessivo (por exemplo, a Mouse).
Esperamos que a nova geração e os frequentadores saibam conviver em harmonia com a natureza e saibam usufruir do meio tentando minimizar ao máximo os impactos para termos uma vida longa para o nosso querido Behne.
Encravado no famoso vale do “Buraco do Diabo”, município serrano de Ivoti, o campo-escola Behne é, atualmente, o point de escalada mais frequentado do estado. Os arenitos do Behne contam atualmente com 53 vias esportivas de 4º a 9c, todas protegidas com chapeletas e paradas duplas. Qualidade esta, alcançada graças aos trabalhos de regrampeação e manutenção realizados pela Associação Gaúcha de Montanhismo (AGM) entre os anos de 2002 e 2003.
Em 2012 foi realizado um novo trabalho de manutenção das vias e as chapeletas das vias mais frequentadas foram substituídas por proteções químicas.
De automóvel: Da capital gaúcha, Porto Alegre (POA), são aproximadamente 1h 20min. de carro pela BR-116 em direção à serra. Saindo de POA tome a BR-116 em direção à serra gaúcha passando por Novo Hamburgo, Ivoti e na altura do km 226 pegue o trevo de acesso à Colônia Japonesa. A partir daí basta seguir as placas que levam ao Camping do Behne (3,5km).
Uma vez no camping, a trilha de acesso as vias começa junto a uma placa informativa perto da entrada do camping. Subindo por esta trilha, o primeiro setor que aparecer à direita é o Setor 1, os outros setores estão à esquerda seguindo a trilha mais uns 20m (Setores 2 e 3 respectivamente)
De ônibus: Na rodoviária de Porto Alegre saem regularmente ônibus que levam até a entrada da Colônia Japonesa. Para isso, compre uma passagem para a cidade de Dois Irmãos e peça ao cobrador que deseja desembarcar na entrada principal da Colônia Japonesa. A partir daí e preciso caminhar mais 3,5km seguindo as placas que levam ao camping do Behne É preciso se informar com antecedência os horários de retorno, pois o último ônibus para POA passa cedo.
Wendling – Clique aqui para consultar os horários de ônibus.
Para visitar o site da rodoviária de Porto Alegre, clique aqui!
Dê um zoom out no mapa acima para ver a localização da parada de ônibus.
Esta área de escalada fica dentro de uma propriedade particular e é cobrado uma taxa de R$ 8,00 (12/2020) para acessar o local.
A melhor época é no outono quando a temperatura é mais amena. No resto do ano o calor e a chuva são os grandes empecilhos para uma boa escalada. No início da primavera chove bastante.
As condições variam de acordo com o setor, mas em geral, todos os setores ficam na sombra pela manhã.
Arenito de origem eólica da Formação Botucatu.
A maioria das vias são protegidas com chapeletas de inox coladas, mas ainda há algumas vias com proteções antigas (chapeletas e grampos).
12 costuras, uma corda de 50m.
Não é permitido entrar com bebida alcoólica.
A área de escalada está dentro da propriedade do Sr. Behne que também mantém uma área de camping. O camping oferece um pequeno bar, banheiro, chuveiro quente, energia elétrica e churrasqueira. http://www.campingbehne.com.br/ CEL: 51- 99733-0991
O arenito do C.E. Behne é uma rocha bastante porosa em certos setores. Com o uso constante ao longo dos anos, em muitas vias, a rocha está se desgastando progressivamente, alterando o forma original da pedra. Para diminuir o desgaste e ajudar a preservar o local, recomenda-se não escalar quando a rocha estiver úmida ou molhada (e.g.: Bonsai-kan, Mouse).
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