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Máquina do Tempo

Há um ano estive no Malakoff (RS) escalando com os “locais” e vi que no croqui, elaborado pelo Caio, tinha uma linha inacabada nas Paredes Pequenas, de autoria desconhecida. Na hora lembrei que essa via era minha. Tinha começado a conquista no Carnaval de 1998 com o Bairros e ficou por isso.

Nas minhas anotações (tenho um caderno com todas as escaladas registradas) achei assim escrito:

“Eu, Jonas e Bairros fomos para uma parede onde comecei uma via, finalizando com 2 chapeletas; a via segue provavelmente em piton.”

E também achei essa foto da conquista:

Durante a conquista em 1998. Foto: Jonas.

Desfeito o mistério, prontamente autorizei o Caio a finalizar a via, pois a linha era muito promissora.

Em agosto do ano passado, 2 meses depois, Caio e Tiagão equiparam a via acrescentando 3 chapas na parte sem fenda, mais a parada. Assim nasceu a via “Máquina do Tempo” uma incrível via mista de 40m graduada em 7b (de Malakoff).

Para fechar o ciclo de 25 anos estava faltando apenas uma coisa: eu mandar a via!

Sabia que as melhores condições para entrar em qualquer via do Malakoff eram durante o inverno, então quando surgiu a oportunidade no último final de semana, não deixei passar em branco.

Subi no domingo com Tiagão que também tinha uma pendência na Acácia Negra (8c) e fomos à luta!

Em algum momento desse processo coloquei na minha cabeça que queria mandar essa via sacando e de primeira. Não seria bem flash porque eu já tinha escalado há 25 anos os primeiros metros, mas cismei que tinha que ser de primeira.

Inclusive nos últimos meses, pensando nessa possibilidade, direcionei os meus treinos para aguentar escalar “lastreado” uma via de 40m.

Entrei na via às 11h da manhã, sem aquecimento, então sabia que seria maldiçoado pelo flash pumping. Logo na saída, me estranhei e meu batimento cardíaco disparou num lance não esperado. Depois, a sequência deu uma facilidade até chegar no ponto onde abandonei a conquista em 1998. De um bloco confortável, voltei no tempo e fiquei ali pensando na vida enquanto esperava me reestabelecer um pouco. Dali para cima sabia que viria a pancadaria. Sabia que eram 3 chapas na vertical e depois as peças voltariam. A face não é difícil, desde que você saiba onde estão as agarras e por onde passa a linha da via. Passei relativamente bem esse trecho, mas assim que as peças voltaram, o flash pumping chegou com tudo e subi me arrastando até um platô salvador que fica no terço final da via. Acho que fiquei pelo menos uns 15 minutos nesse platô tentando me recompor. Dali para cima uma fenda frontal que começa em dedo e termina em mão me aguardava até a parada final. Se não estivesse tão bombando passaria fácil, mas estava muito ruim. Se não fosse essa besteira de querer mandar de 1a já tinha desistido, mas não existe mandar de 1a na 2a entrada, então dei muita gana no trecho final. Assim que o relógio marcou uma hora de escalada, finalmente cheguei na parada. Estava destruído, mas me senti feliz como a muito não sentia por uma via.

Na saída da via. Foto: Tiago Mohr.

Depois disso voltamos ao projeto do Tiagão que aproveitou o bonde e mandou na 2a entrada do dia, anotando mais um 8c para lista.

Resolvidas as pendências do dia, nos encontramos com Ramiro e Luzzi que estavam trabalhando uma via recém-equipada, “Caminhos Quânticos”. Vi o Ramiro fazer o FA e logo em seguida aproveitei a porteira aberta para fazer uma entrada flash. Embora a Máquina do Tempo seja uma letra mais fácil, achei ela muito mais dura que a Caminhos Quânticos (7c). Mas provavelmente isso seja devido ao estilo da via. Uma coisa é subir com lastro de 5kg e perder segundos preciosos sacando uma peça, outra é subir com as costuras na parede e clipar a corda em um segundo. São as pluralidades da escalada! Depois, o Luzzi fez a 2a repetição da via e por pouco o Tiagão não levou a cadena dupla do dia.

Luzzi na via “Caminhos Quânticos” (7c).

Para repetir a “Máquina do Tempo” recomendo: 2 cordas de 50m (não precisa ser dupla); 2 jogos de Camalot do #.3 ao #2; 1x #3 e #6 (importante); mais 1x #.5 e #.75; e 5 costuras. Um jogo de nut também tem serventia (opcional).

Entardecer.

Já no dia anterior, para fazer um aquece, fui ao Behne e repeti a 1a via que abrimos no local em 1995, a via Pig, uma via mista que transcorre por um belo diedro fendado. A via é graduada em 6c desde sempre, mas hoje, após ter escalado algumas fendas por aí, acho que o grau correto seja V. Antigamente escalávamos essa via em oposição, mas escalando de frente, entalando as mãos, a via fica muito mais fácil e tranquila.

Para repetir a Pig: 1x Camalot #1 ao #4 e 3 costuras.

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