A vida e a escalada me ensinaram várias coisas nestes anos. E um desses aprendizados foi de que a vida é feita de altos e baixos.
E hoje, eu e a escalada capixaba estamos num momento de baixa, pois perdemos, por tempo indeterminado, o nosso principal point de escalada esportiva do estado, o Calogi.
Os problemas são de sempre! É a famosa relação dono das terras versus escaladores. Neste caso, nem culpo os escaladores, pois tenho a sensação de que o problema está mais para o lado de lá do que cá.
Independente de qualquer coisa, o fato é que o esporte perde mais uma área de escalada. Pessoalmente é muito frustrante toda essa situação. Eu sabia desde de o primeiro dia que fomos lá abrir as primeiras vias que o local poderia sofrer esse tipo de problema. Lutamos durante 4 anos para que não chegasse a esse ponto, mas infelizmente o dia que tanto temíamos chegou. Agora ficaram para trás mais de 40 vias, mais de 400 chapeletas, bolts, paradas, mosquetões… Tempo e dinheiro investido foram tragados…
Neste momento não nos resta fazer muita coisa, senão dar tempo ao tempo e, quem sabe, num futuro próximo tentar reverter novamente a situação.
Não saímos corridos de lá. Saímos de lá com a porta aberta. Saímos de lá com uma boa imagem. Não saímos queimados, por isso, acho que em breve teremos de volta o nosso santuário. Assim espero.
Até lá, espero que as pessoas não frequentem o local às escondidas, para não atrapalhar qualquer processo de negociação futura. O Espirito Santo é um estado pequeno, mas com muita pedra a ser explorado. Pedra é o que não falta por aqui!
3 respostas em “Calogi shutdown!”
[…] o primeiro final de semana após a liberação do Calogi. Para quem não se lembra ou não sabe, o Calogi esteve fechado desde o final do ano passado quando o proprietário pediu para que não frequentássemos mais as terras porque estávamos […]
Força ae Naoki!! Parabéns pela maneira exemplar em que abordou isto. Afinal ano após ano os problemas reincidem, mais que o suficiente para demonstrar que de nada adianta ofender escaladores que desrespeitam a fragilidade dos points. Essa educação de acesso não se absorve por broncas, é uma equação complexa de caráter, ignorância, altruísmo, etc., e mesmo se todos tivessem o respeito ideal, acredito que esse cenário de escalada esportiva ou boulder em propriedades privadas continuará beirando o inviável pois vai muito além da relação pessoal com um dono, ainda mais se considerarmos diversas outras questões. Pra citar algumas: estamos nitidamente atravessando uma mudança de gerações, a exemplo disso só neste ano 2 setores aqui tiveram seus proprietários falecidos e, naturalmente, podemos esperar uma mentalidade mais moderna e menos acolhedora dos herdeiros em relação à visitação de seus “quintais”. Outra situação é exploração imobiliária, também vemos setores aqui com seus terrenos sendo fracionados e vendidos, outros estão à venda, e assim vamos caminhando sobre ovos… e mesmo que um dia tenhamos respaldo de lei (como a incrível 4009/12), haja advogado pra recuperar os acessos…
Hoje quando ouço os bonitos clamores pela evolução (popularização) do esporte, sou pessimista. Quando me dou o trabalho de desenvolver setores, faço pelo desfrute pontual e não mais pela “contribuição”. Sorte dos que escalam em UCs com montanhistas de verdade lutando nos conselhos gestores, pois fora das áreas públicas, qualquer escalada está fadada a sumir do mapa em poucas décadas…
Abração e bola pra frente!
Fala ae Cláudio!
Cara vivemos em estados diferentes, mas sofremos do mesmo mal… Tenho acompanhado a tua saga por esses lados e vejo que os problemas sempre são os mesmos. É uma questão complicada. Já pensei muito sobre isso e ainda busco respostas. Será que o futuro da escalada está fadada a “áreas secretas”? Assim como já vemos lá fora? Sei que há muitas áreas de escalada que os locais fazem questão de não colocar nos guias oficiais para poupar o local da invasão maciça.
Mas seguimos na luta. Quem mandou gostar do esporte errado?
Abs