A primeira vez que ouvi falar sobre os boulders de Cocalzinho – GO foi lá pelos idos de 2003 ou 2004; falava se que era a maior zona de escalada em boudering da América Latina, que era maior que Conceição do Mato Dentro – MG e que a única diferença entre Conceição e Cocalzinho era que a base dos boulders de Conceição era mais limpa e mais plana.
Desde então, aquilo ficou na minha mente e sempre pensava: “um dia vou conhecer esse lugar e ver qual é desse point”. Mas como morava no sul (RS) ficava geograficamente e financeiramente inviável dar um pulinho até Goiás “só” para fazer uns boulders.
Os anos se passaram e no início deste ano, por motivos profissionais, tive que me mudar para o Rio de Janeiro. E pensei: “assim que surgiu a primeira oportunidade vou querer conhecer Cocalzinho!!” E na semana passada (Abril), eis que surge a oportunidade: cinco dias de folga e alguns trocados no bolso. Perfeito!
Chegando em Brasília fui recebido pelo meu amigo de longa data, o Torres (mais um daqueles gaúchos radicados fora do estado) que prontamente arrumou parceria (Alessandro e Cláudia) para três dias de pura destruição!
Saímos na 6ª feira lá pelas 15h, a final de conta, tem gente que trabalha nesse mundo. Chegamos em Cocalzinho por volta das 17h e sem perder muito tempo fomos direto para o Parque Estadual dos Pirineus onde ficam os boulders.
O tempo, que já estava estranho, começou a piorar e as chuvas esparsas interrompiam a nossa escalada. Logo em seguida, começou a anoitecer e o meu organismo dizia: “pára de escalar; está na hora de ir embora; já está escuro”. Mas como a galera de Brasília usa luzes de emergência para iluminar os boulders, a session foi noite adentro. Foi bem estranho, mas também bem interessante.
No dia seguinte, após chover a noite toda, o sol apareceu entre nuvens e fomos, agora com reforço de mais quatro escaladores de Brasília, para o Setor Relâmpago e depois para o setor Casa da Cobra. Este último, um lindo setor que lembra muito aqueles setores gringos que sempre via nos filmes de escalada. Show de bola! (Quem quiser ver um filminho, vá no site www.escaladabrasil.com que lá tem o filme editado pelo Rafael Torres com os escaladores Daiti, Alessandro e cia neste setor.
Como não poderia de ser, o dia foi de destruição total. Passar o dia fazendo boulder é destruidor. No final do dia tava me arrastando de um lado para o outro. Antes que eu me esqueça, a relação dos boulders resolvidos está no site www.8a.nu.
A noite fomos jantar e conhecer Pirenópolis, ou simplesmente Piri para os mais íntimos. Pirenópolis foi fundada como um pequeno arraial em 1727, quando Manoel Rodrigues Tomás, chefe de um grupo de garimpeiros submetidos ao bandeirante Anhanguera e guiado por Urbano do Couto Menezes, chegou à região com a missão de descobrir novas jazidas de ouro. A cidade é bem aconchegante, as ruas históricas e a feirinha na praça são um convite para um passeio digestivo. A final de conta, lá também se come muito bem (Dica: Não deixem de provar o empadão da Chiquinha).
O dia seguinte foi o duro. Dores musculares de todos os tipos, uma canseira…. Mas não podemos nos entregrar, crash nas costas e go climbing a rock! A galera literalmente se arrastou boulder acima com o resto de forca que sobrou do dia anterior. Mas o melhor ainda estava por vir. No final do dia, rolou um banhão de cachoeira para revigorar as energia. O banho é tão revigorante que por um momento dá a impressão de que você é capaz de voltar para os boulder e continuar mandando ver (o Torres que o diga).
Buenas é isso ai. Cocalzinho é tudo de bom que se ouve por ai. Muitos boulders, cachoeira, comida boa, good vibe, gente boa e muita escalada. Para quem curte esta modalidade, é um lugar imperdível!
Aproveitando o espaço, quero agradecer ao meu amigo Torres pelo “serviço de guia”. Ao macaco velho de Cocalzinho, Alessandro pela parceria nos primeiros dias. Aos locais (Xii, não lembro do nome da galera….), a Cacau e a Catarina pela companhia e pelos momentos de muita diversão e escalada!