Amarelou em Itarana

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Pedra sem nome em Itarana com cicatriz de desmoronamento.

O Espírito Santo é um dos estados mais montanhosos do Brasil. Para onde se vê, há montanhas a perder de vista. Um verdadeiro paraíso para quem curte montanha. Mas olhando em detalhe, duas coisas chamam a atenção nesse mar de pedra: elas são desprovidas de agarras e fendas. A formação é composta essencialmente de corpos graníticos maciços que ao longo de sua história geológica aparentemente não sofreram intensa atividade tectônica; por isso, apresentam uma cara mais compacta e menos fraturada. As poucas fendas que existem são as famosas chaminés que evoluíram de antigas fendas.

Nesse contexto, nós os caçadores de montanhas, sempre buscamos linhas com agarras e fendas para abrir as vias. E quando não há agarras, acabamos recorrendo, por falta de opção, às aderências para conseguir chegar ao topo das montanhas.

Então, as fendas são a exceção da exceção! São tão raras que chegam a ser uma preciosidade por aqui. Tanto é que não existe nenhuma via tradicional em livre no ES que transcorre por um sistema de fendas de cabo a rabo.

No ano passado, durante uma das idas à região de Itarana (120km de Vitória) uma montanha me chamou a atenção. Era só mais uma montanha como qualquer outra, mas tinha um detalhe geológico muito interessante. Em uma das arestas da montanha, notei uma grande cicatriz recente de desmoronamento. Recente no sentido geológico e não no tempo “humano”. E onde há esse tipo de feição é comum ter muitas fendas e fraturas. De fato, olhando de longe (2km) já era possível de identificar  algumas fendas que pareciam promissoras.

No último final de semana, eu, Zé Márcio e Sandro Souza resolvemos conferir mais de perto essa estranha feição e se possível, abrir uma nova via através das fendas.

Mais uma vez, liguei para o meu amigo Bae de Itarana, e ele prontamente agilizou toda nossa ida, ligando para os proprietário das terras solicitando acesso e nos dando todo o suporte logístico necessário para a trip.

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Aproximação tranquila, mas com muito peso para carregar. Nessas horas faz falta um estagiário…

Logo de cara, quando chegamos na base da montanha e entramos na mata, descobrimos que a base é um verdadeiro labirinto com boulders para todos os lados. Os blocos tamanho família eram o resquício do grande desmoronamento! São tantos blocos que tenho a convicção de que dentro daquela Mata Atlântica exuberante está uma das melhores áreas de boulder do estado a ser explorado!!!!

Após um rolê pela mata, achamos a base da pedra e conseguimos visualizar uma boa linha de fenda até o cume.

O presidente Zé abriu a cordada conquistando o primeiro trecho de 40m protegendo somente em ancoragens naturais e móvel até a P1, em móvel. Assumi a ponta da corda e fechei mais 40m de escalada até bater num confortável platô. Dali para cima a brincadeira ia começar de verdade. O Sandro pegou “a cereja do bolo” do dia e esticou mais uns 30m por uma fenda frontal perfeita “a la Yosemite” até a P3, novamente, em móvel. Dali para cima ainda, progredimos mais uns 20m, mas como começou a escurecer descemos dali mesmo para continuar a conquista no dia seguinte.

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Zé abrindo a conquista.

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Sandro na enfiada da fenda frontal e indo direção ao grande teto!

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P2 em móvel.

Saldo do dia, aproximadamente 140m de via conquistada usando muito material móvel. Graduação na casa do Vo grau e apenas 3 chapas batidas!

Durante a madrugada de domingo choveu um pouco e amanheceu nublado e carregado. Mesmo assim fomos para a pedra conferir a situação. Infelizmente a pedra estava muito molhada e pelo andar da carruagem, não tinha muitas chances de ela secar ao longo do dia.

Desânimo total! Mais uma vez tive que assimilar aquela ideia de que quem manda aqui é a Mãe Natureza e nós somos meros coadjuvantes…

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“Curtindo”o tempo ruim…

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Linha da via.

Às 8h voltamos para Vitória sob chuva constante até Fundão. Na região metropolitana o tempo já estava mais firme, então resolvi dar um pulo em Amarelos (Guarapari) para conhecer o mais novo point de escalada esportiva da região metropolitana.

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Pedra da Tartaruga, Amarelos, Guarapari, ES.

Essa área de escalada vem sendo intensamente desenvolvida pelo casal de escaladores Poul e Antônia de Guarapari e vem recebendo muitas críticas positivas pela comunidade local.

Atualmente, o point conta com aproximadamente 16 vias esportivas. E o legal desse lugar é que muitas vias são de baixa dificuldade, um prato cheio para quem está começando no esporte. E pelo que andei vendo, o local tem potencial para pelo menos mais umas 10 vias cinco estrelas!

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Amaral mandando a via Poulmedo (7a). A melhor via de Amarelos!

E falando em 5 estrelas, na companhia de Amaral e Maurício PA entrei numa via chamada “Poulmedo” que na minha humilde opinião está entre as 10 melhores vias do estado. A via é um 7a de pura continuidade, sem crux definido que transcorre por uma placa alaranjada, um verdadeiro desfrute em agarrões!

Segue o croqui! Para maiores infos, visite o site Escalada Guarapari!

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Special thanks ao Zé e ao Sandro por dividirem a cordada no sábado e ao Amaral e Maurício PA pela parceria no climb em Amarelos! Parabéns também ao casal Poul e Antônia pelo excelente trabalho que vêm realizando na área. Agradecimento especial ao Bae pelo apoio logístico e pelo pouso!

Boa semana a todos!

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