Nas últimas semanas, Paula e eu andamos desbravando, as nem tão pequenas ilhas da Nova Zelândia, ou Aotearoa em Maori.
A Nova Zelândia sempre esteve nos nossos planos, mas os valores proibitivos das passagens sempre jogavam os planos à frente, no entanto, no início deste ano saiu uma promoção imperdível e não pensamos duas vezes!
De todas das viagens que já fizemos, essa foi a mais “jogada” de todas. Basicamente compramos as passagens, vimos se os passaportes estavam Ok, reservamos um carro e fizemos duas reservas de hotel, uma para chegada e outra para volta. No mais, deixamos tudo bem aberto e
passamos o resto do tempo lendo o que a Nova Zelândia tinha para nos oferecer!
O nosso roteiro foi basicamente, chegar em Auckland, na parte norte da ilha Norte, pegar o carro rumo ao sul até Queenstown (1500km), pegar um voo de volta até Auckland e retornar para o Brasil. Simples assim!
Ilha Norte
Em algum lugar eu li que para cada dia no Norte tinha que reservar 2 na ilha Sul. Por isso, e por causa do cronograma apertado, basicamente pincelamos a ilha Norte, com destaque maior para região de Rotorua e o Parque Nacional de Tongariro, mais ao sul.
Sempre que planejamos uma viagem nós acabamos criando uma expectativa sobre o lugar, mas quando chegamos lá e temos os primeiros contatos vemos que a realidade e a expectativa ficam um pouco descoladas. Eu imaginava a Nova Zelândia como um lugar pacato com extensos pastos verdes e com ovelhas num lado e as montanhas com neve no outro, mas quando botamos o pé na estrada vimos que não era nada disso. Estradas sem acostamento, cheias de curvas e muitos, mas muitos carros. E nada de ovelhas nem montanhas nevadas. E para piorar, dirigindo pela primeira vez na mão inglesa… O mundo inteiro dirige no lado esquerdo, por que alguns países precisam inventar moda? Se todos os comando invertessem, a adaptação seria mais fácil, mas o pior é que alguns comandos invertem, como as setas, e outros não, como a chave de ignição. Isso sem contar as regras de trânsito que são todas ao contrário…
Na região de Rotorua vive a grande maioria dos Maoris, os nativos da Polinésia que chegaram de canoa na região antes dos europeus. Mas a grande atração da região são os geysers e suas águas termais. Confesso que fiquei um pouco frustrado com os geysers. Talvez pelo fato deles serem administrados pelos nativos que não fazem muita questão da nossa presença. Na verdade, isso é bem compreensível quando lemos um pouco a história dos Maoris e o “cambalacho” que eles tomaram dos ingleses (Tratado de Waitangi). Por isso, hoje, além de fazerem cara de poucos amigos, metem a faca nas atrações.
Deixamos a região de Rotorua e seguimos ao sul até o Parque Nacional de Tongariro onde estão alguns dos vulcões mais ativos da região. Eu acho que o sonho de qualquer geólogo é ver um vulcão desses entrar em erupção e conseguir sair vivo, mas infelizmente, ou felizmente, não foi dessa vez. Durante o pouco tempo que passamos por lá, não aconteceu nada, nem um terremoto miserável, e assim seguimos a nossa viagem.
Na capital, Wellington, pegamos um ferry e atravessamos para ilha sul até Picton, onde seguimos a nossa viagem.
Ilha Sul
De Picton demos uma boa esticada até a cidade de Christchurch. Logo de cara, já ficou claro que a ilha sul era diferente. Pela primeira vez vi algumas paisagens que nutriam o meu imaginário e comecei a sentir que realmente estava na Nova Zelândia dos meus sonhos.
De Christchurch tocamos em direção à região montanhosa da ilha sul que os neozelandeses chamam de “Alpes do Sul”. No meio do caminho, constatamos o que as previsões estavam anunciando: muita chuva. Como não tínhamos nenhum hotel ou camping reservado para aquela região, pudemos mudar os planos no meio do caminho e resolvemos alterar a rota para o lado oposto da tempestade, na costa leste, e deixar os Alpes para o final da viajem, quando a previsão indicava uma boa melhora.
O principal objetivo na região sudeste foi ver um pouco a vida selvagem da ilha que encontramos de forma abundante entre Picton e Dunedin. Essa região é famosa por ser o habitat de leões-marinhos, morças, baleias, golfinhos e pinguins. Então fomos em busca deles na esperança de vê-los em seu meio natural.
Assim que o tempo melhorou e o prognóstico se mostrou promissor, resolvemos voltar para conhecer a região montanhosa indo diretamente para principal atração de toda Nova Zelândia e Oceania, o Milford Sound.
Segundo consta, essa é a atração mais visitada de toda Nova Zelândia com um enorme fluxo de turistas que vão à região para ver essa paisagem única. E ainda segundo as estatísticas, quase 99% das pessoas que visitam passam apenas o dia. Pensando nisso e na muvuca que poderia estar lá, decidimos passar 2 dias para aproveitar bem todas as belezas da região.
Milford Sound é incrível, único, mas confesso que esperava mais. Tinha lido em algum lugar que o lugar era mágico, que merecia horas de contemplação no silêncio, mas silêncio é a última coisa que tem lá. É gente para todos os lados e o pior, construíram um aeroporto para levar os turistas bastardos para um voo panorâmico. Fiquei imaginando como não deveria ficar aquele lugar no auge da temporada …
Deixamos Milford Sounds e seguimos em direção ao norte pela região dos Alpes até a pacata e charmosa cidade de Wanaka. De todas as cidades que visitamos, eu achei Wanaka a mais legal de todas. Também fica em Wanaka a árvore mais fotografada do mundo! Graças ao Instagram, essa árvore ganhou notoriedade e muita gente vai lá para tirar essa foto. A árvore não tem nada demais, mas preciso confessar que a composição é incrível.
Nessa mesma região, há outra atração “instagramática” que é famosa nas redes sociais, o Roy’s Peak. É uma montanha normal que num determinado ponto se tem uma vista incrível de toda região que justifica uma caminhada de 16km (ida e volta) com um ganho de elevação de 1200m. Naturalmente é quase impossível tirar uma foto nesse lugar, pois acreditem, há fila para tirar foto. Mas com um pouco de criatividade achamos o nosso cantinho, longe dos turistas, para curtir, o que foi para mim, a paisagem mais incrível de toda Nova Zelândia.
De Wanaka, seguimos mais ao norte até o Parque Nacional do Monte Cook, onde fica a montanha mais alta da Nova Zelândia. Como escalador, preciso dizer que essa foi a atração mais legal de toda viagem. É claro que não escalamos a montanha, mas deu para ter um gostinho do ambiente de montanha.
O centro de visitantes deste parque foi um dos melhores que já visitei em termos de valorizar a figura do “alpinista”. É como se ele fizesse parte da história da região. Confesso que até rolou uma inveja branca ao ver aquele centro todo bonitinho enquanto pensava no Parque Nacional do Caparaó que nem centro tem…
E também ali perto fica o Centro Alpino Sr. Edmund Hillary, onde há uma estátua de bronze em tamanho natural dele olhando para o Monte Cook. Para quem faltou na aula de história, Sr. Edmund Hillary foi, juntamente com o sherpa Tenzing Norgay, os primeiros a pisarem no cume do Monte Everest em 1953. Se o Brasil tem o Pelé como símbolo esportivo nacional, os neozelandeses têm o Sr Hillary como herói. Mas o que ele tem que o Pelé não tem é o rosto dele estampado na nota de $5,00. Eu acho que ele deve ser o único montanhista do mundo homenageado numa nota…
Dali, voltamos para o sul até Queenstown, onde passamos os últimos dias de férias na cidade que se auto-denomina “a capital mundial dos esportes radicais”. Eu acho que o secretário de turismo e esporte de Castelo deveria conhecer esse lugar, já que a cidade de Castelo se auto-denomina “Capital Capixaba de Esportes Radicais”…
De Queenstown pegamos um voo de volta até Auckland e dali, no dia seguinte, pegamos outro de volta para o Brasil.
Em nem tão poucas palavras, as últimas semanas foram isso. Com certeza tenho muitas outras histórias bacanas para contar, mas por ora deixo uma boa dose de fotos do país que é, com certeza, um dos melhores que já visitamos.