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Cabeça de Elefante e inauguração da Toca

Cabeça de Elefante, a história

Um dia, quando o escalador Felipe Alves voltava de Colatina, visualizou uma parede promissora na saída da cidade. Logo em seguida, contactou o Iury, escalador local, e passou as coordenadas para fazer uma “acareação”. No início de agosto, o Iury, munido de facão e alguns “pupilos” foram conferir a pedra e ficaram impressionados com o potencial do local e logo abriram duas vias.

Desde então, todo Santo Dia, o Iury me manda uma mensagem convidando para conhecer o lugar, mas como estávamos no auge da primeira temporada pós-Covid, direcionei todo tempo livre para as “tradis” e joguei a visita para pós-temporada.

Com o fim da temporada e a chegada do calor, no último sábado fui conhecer a tão falada Parede da Cabeça do Elefante.

Como a parede fica na sombra pela manhã e conhecemos a fama do Sol de Colatina, decidimos chegar cedo para fazer render a manhã. Assim, às 6h30 todos nós estávamos na base da via para começar os trabalhos.

A parede fica numa feição geológica bem famosa do Espírito Santo, chamado por alguns autores de “Feixe Vitória Colatina” ou “Alinhamento Vitória Colatina”. Esse importante alinhamento geológico forma uma série de paredes entre as cidades de Vitória e Colatina. No meu entendimento, com base nas diversas paredes investigadas, essas paredes não apresentam potencial para conquista de vias esportivas, então não botei muita fé essa parede, mas pelo visto eu estava errado, ou há exceções.

A parede forma uma espécie de onda que vai passando de uma rampa até virar um vertical/negativo a medida que vai andando para o lado, formando uma espécie de onda que não quebra, permitindo abrir vias de todas as dificuldades.

A rocha é um gnaisse com enclaves bem comuns que tem por aqui, bem abrasivo e um pouco quebradiço, mas com agarras e buracos, coisa bem incomum.

Começamos os trabalhos conquistando a fenda mais óbvia da parede. Uma escalada fácil, III, longa e com boas colocações. Certamente será uma boa via para quem está aprendendo a escalar em móvel, por isso batizamos de “Aprendiz”.

A partir dessa via acessamos o topo da parede e dali descemos até um top montando pelo Iury na última investida e iniciamos a equipagem das vias.

Vista geral da parede.

Em uma manhã de trabalho equipamos 6 vias, uma no lado da outra. Em geral, quando fazemos isso, acabamos conquistando vias com estilos bem-parecidos devido à homogeneidade da rocha, deixando o setor bem repetitivo. O setor do Capeta em Viana é um exemplo clássico. Todas as vias tem estilo parecido e todos os crux estão sempre nos mesmos locais. Mas na Cabeça do Elefante cada via tem uma personalidade diferente, o que deixou o setor bem interessante.

Das 6 vias equipadas, o “Petit Céüse” foi a única que entramos nesse dia por ser a mais estética do local, por isso é a única que tem ascensão até então, um VI SUP de agarras com movimentação interessante. Já as outras, pelo que andei vendo devem estar na casa do VII, com exceção da “Antes do Sol Chegar” que parece ser mais dura, 8a?

Croqui do setor.
Luca provando a via “Petit Céüse” (VI SUP)

Para saber mais sobre o setor, clique aqui!

Toca

Assim que o Sol nos expulsou da parede, fomos almoçar numa churrascaria que tem ali perto. Sem dúvida a melhor parte do dia! Depois voltei à Vitória para participar da festa de inauguração da mais nova academia de escalada do Estado, a Toca!

O projeto da Toca foi idealizado pelo escalador Arthur Tenório que plantou a ideia em meados do ano passado e passou os últimos meses investindo tempo e dinheiro para dar forma ao sonho de ter uma “academia de escalada de verdade” no Espírito Santo. No passado já tivemos outros muros: um bairro Jardim da Penha, encabeçado pelo escalador Oswaldo Baldin; depois veio o Muro do Porko; e mais recentemente o Muro da ACE que ainda segue na ativa, mas nenhum desses muros chega aos pés do que é a Toca. Diria que a Toca está mais para concorrer com as melhores academias de escalada do Brasil. Com certeza, um empreendimento de alto nível com grande potencial para dar certo.

Toca

O evento foi um sucesso com a presença de vários escaladores e personalidades do nosso meio. Para o evento, os boulders foram “setados” pelo Alekinho, head setter, Luan e Jah que veio importado para setagem. As agarras e volumes seguem os padrões que temos visto nas outras academias do Brasil, usando o que há de melhor no país atualmente.

Tomara que esse seja o início de um novo capítulo da escalada capixaba. Quem sabe não sai dai um campeão olímpico!

Comentários

6 respostas em “Cabeça de Elefante e inauguração da Toca”

legal demais participar dos trabalhos, o conhecimento compartilhado é uma excelente ferramenta para as próximas gerações.

Uau!
Colatina está a todo vapor e Parabéns Naoki por sempre estar fortalecendo e agregando a escalada.

falei que era bom kkkk, mas até eu estava cético, tive que ver pra crer e foi igual, agora temos um excelente local, vlw Japa ajudou demais.

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