Zé na travessia da 4a enfiada. Enfiada mais tranquila para relaxar o melão.
Se na semana passada, eu e o DuNada deixamos de pisar no cume da Pedra São Cristóvão por falta de chapas, dessa vez nos garantimos levando 20 chapas!!!! Precisava de só mais 5, mas vai saber… Cai um ali, perde outro aqui, falha ali… Também contamos com o reforço do Maurício PA e do “presidente” Zé Márcio. Assim conseguimos dividir melhor a escalada e poupar o melão nas enfiadas exigentes que tivemos que repetir para chegar onde paramos na semana passada (não deixamos corda fixa).
Repetindo a via, percebemos que a via não era tão trivial assim, a escalada, mesmo em aderência, é intensa e perturbadora para os melões. É preciso acreditar muito nos pés e flutuar nas agarras suspeitas com certa velocidade antes que os seus pés explodam dentro da sapatilha apertada ou faça querer desistir. Mas via ficou muito massa! Uma via dura, intensa e com um estilo de escalada totalmente ímpar: aderência stricto sensu!
Algumas pessoas amam de coração este tipo de escalada e outras a odeiam com todas as forças. Eu me incluo no grupo das pessoas que gostam, mas não a ponto de amar! Eu acho legal porque nesse tipo de escalada, a técnica está totalmente acima da força. Você pode pagar dez barras com um braço, mas se não tiver a técnica correta não será capaz de subir um metro. E também pelo fato desse tipo de escalada forçar o limite psicológico, pois a sensação que se tem é que vai cair a qualquer momento. Mas o que mais faz disparar o coração é quando aquela agarra de pé quebra e dá aquela escorregada básica e para logo em seguida!
Do último ponto até o cume, foram mais 3 chapas mais a parada. E é claro com um direito a (mais) um crux clássico no salpicado. E assim, após 5h de escalada, finalmente batemos no cume da pedra. Procuramos por vestígios no cume para certificar de que realmente ninguém havia pisado antes no cume (sempre tem um André Ilha, Jean Pierre, hahahahaha) e comemoramos a conquista.
PA limpando a 3a enfiada. Aqui, fazer cara feia não resolve… Para cima e avante!
Chegando no cume, sempre sob olhar e a benção do Pico Forno Grande ao fundo.
Cume!!!! Pausa para assinar o livro de cume e contemplar a vista!
Montanhas e mais montanhas a perder de vista…
DuNada no momento, foto para o Facebook.
Foto oficial do cume. O Céu era assim mesmo, azul! Sem Photoshop, só um filtro polarizador.
Forno Grande, montanha símbolo da região.
Betas para repetição:
Para chegar na via: Segue abaixo o tracklog de Limoeiro até o estacionamento na pedreira abandonada. Para baixar no tracklog, basta entrar no site.
Vale lembrar que essa pedra só é visíviel pelo outro lado, lado oposto a aproximação. Por isso é altamente recomendável levar o tracklog ou fazer um mapa. Por esse lado, a pedra só é visível no final da caminhada.
Outro detalhe, o mapa do Google está com a imagem de satélite desatualizada. A pedreira que aparece no mapa não está mais ativa e foi plantado eucalípto em todo o entorno.
A caminhada de aproximação é bem curta, 30min, porém bem intensa. A partir do “estacionamento” siga pela esquerda por uma estrada que foi toda revirada em direção a parte alta da pedreira abandonada. Depois, entre na plantação de eucalipto em direção à parte mais alta. Assim que chegar no cume desse morro, já é possível de ver a pedra. Do cume, siga à esquerda, passe por uma cerca de arame farpado e procure por uma trilha bem batida em direção ao colo que separa o morro da pedra. Assim que passar o colo e chegar na pedra, desça à esquerda em direção a única árvore que fica junto a pedra. Essa árvore fica ao lado de uma laca e onde começa um grande veio horizontal. Dali já é possível de ver a primeira chapeleta da via.
Para baixar o croqui em PDF, clique aqui!
Escalada:
1a enfiada – Enfiada tranquila, em travessia, pelo veio de cristal. 3 proteções mais a parada. 30m.
2a enfiada – Enfiada longa em aderência com um crux logo na saída. A enfiada segue em Z, por isso usar costuras longas para reduzir o atrito. 9 costuras mais a parada. 25m.
3a enfiada – Enfiada de 30m com 7 costuras mais a parada. Saindo da parada segue para à direita, vira um vertical e segue na aderência. A dificuldade da enfiada está na constância da escalada.
4a enfiada – Outra travessia à esquerda. 3 proteções mais parada. 20m.
5a enfiada – Enfiada longa de 40m que leva ao cume. 10 proteções mais a parada.
O livro de cume está no cume da pedra, dentro de um pequeno totem.
Grau de exposição e dificuldade
A via é bem protegida com chapas regularmente espassadas. Em vários momentos tem como passar os lances mais duros em artificial roubando nas costuras. O grau da via, sem roubar, é na casa do sétimo grau e o grau obrigatório 6o SUP.
Rapel:
As paradas estão com uma argola e fita de abandono. Recomenda-se levar fitas extras para reforçar as antigas.
P5 para P3, 50m em diagonal.
P3 para P2, 30m. Rapel na medida com uma corda de 60m.
P2 para base, 55m, Rapel em diagonal até o chão.
Equipo:
10 costuras, fitas longas, mosquetões para as paradas e 2 corda de 60m.
Outros betas:
- A via pega sol o dia todo. Levar protetor solar;
- Também fica voltada para uma face que pega bastante vento, no inverno, levar anorak ou corta-vento;
- Levar uma caneta extra para assinar o livro;
- O tempo médio para repetição é na ordem de 4h de escalada e 1h de descida.
Agradecimento especial ao DuNada, Zé e PA por dividirem o peso, a cordada e os grandes momentos na montanha. E também a ACE pelas chapas e chumbadores.