Yosemite, um pequeno guia

Atualizado em: 05/11/2021

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Chegando lá

Se você matou a aula de geografia, o Parque Nacional de Yosemite, fica no estado da Califórnia nos Estados Unidos. A cidade mais próxima é San Francisco que fica a 192 milhas de distância. Isso dá uns 300km. O tempo médio para fazer esse trecho é na ordem de 4h a 5h de carro.

Para chegar em San Francisco, há diversas opções de voos saindo dos principais aeroportos. Com raras exceções (Korean Air), todos os voos que saem do Brasil fazem uma conexão em alguma cidade antes (Miami, Dallas, Charlotte, New York….). Uma dica aqui é quando fizer o trecho doméstico nos EUA, comprar comida no aeroporto antes de embarcar, pois no voo doméstico não é servido nenhum tipo de lanche. Tudo é vendido! Menos a água. Lembrando, por exemplo, que um voo de New York para San Francisco dura aproximadamente 6h!

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De San Francisco até Yosemite, o ideal é alugar um carro em uma das dezenas de locadores que tem por lá. Para chegar nas locadoras, basta pegar um trenzinho gratuito que te deixa na porta.

Segundo o guia de escalada do Super Topo, ainda há a opção de ir de ônibus e trem até o Vale de Yosemite

Para alugar um carro nos EUA é preciso ter o CNH, passaporte e o cartão de crédito. Nunca usei a carteira de motorista internacional, a única vez que tentei apresentar um desses, a moça do balcão pediu a minha CNH e mandou guardar a carteira internacional.

De qualquer forma, o carro dá maior liberdade de deslocamento. Lembrando que os Estados Unidos é um país construído para ser circulado de carro. Dentro do parque há shuttles gratuitos que vão à diversas partes, inclusive para diversas áreas de escalada, mas há restrição de horário e rota. Em diversas ocasiões utilizamos esse serviço para circular dentro do parte, mas em 2 ocasiões ficamos na mão porque chegamos muito tarde no ponto e ficamos a pé.

A estrada de San Francisco até Yosemite passa por auto-estrada e estrada secundária. Não há sinalização indicando o parque até chegar bem próximo, por isso o ideal é ter um mapa rodoviário ou ainda um GPS. Nós usamos um aplicativo para iphone que roda com mapa offline.

Outro fator importante a considerar é que há poucos postos de combustível dentro do parque. Dentro do parque há um posto no início da subida para o Tioga Pass, um posto em Tuolumne e um outro na saída do parque em El Portal. O ideal é antes de entrar no parque completar o tanque para não ter que sair do parque só para abastecer (é longe).

O parque cobra um valor de U$ 20,00 por carro para entrar no parque (Vale e Tuolumne). Esse valor é válido para 7 dias de permanência. Ninguém fiscaliza dentro do parque se você está a mais de 7 dias ou se está com o ingresso vencido. Esse controle é feito apenas na hora de deixar o parque. Para período maior, o ideal é comprar o passe anual que dá direito a 1 ano de acesso. Esse passe sai por U$ 40,00 e pode ser usado por mais de um titular por carro. Se a ideia é visitar outros parques nacionais, considere comprar um passe anual válido para todos os parques nacionais dos Estados Unidos, pois a depender do caso ficará mais em conta.

Melhor época

Sem dúvida, a melhor época para escalar no Vale é durante o final da primavera/início do verão e final do verão/início do outono. A pior época é durante o auge do verão, quando o parque fica lotado de turistas e o calor vem com força máxima. Vale lembrar que a maioria das paredes ficam voltadas para o sol! No inverno faz frio suficiente para nevar, a ponto de fechar a estrada para Tuolunme (Tioga Pass Road). O início da temporada é uma boa pedida, mas sempre há o risco de pegar trechos molhados. Já para o final da temporada, o segredo é acertar o ponto antes da chegada da temporada de chuva que antecede o inverno.

Entre o Vale e a região de Tuolumne há uma diferença de aproximadamente 8 graus Celsius. Então, se estiver muito frio em Tuolumne ou chovendo, uma boa tentativa é descer para o Vale. E se estiver muito quente no Vale uma boa dica é subir para Tuolumne para escalar num clima mais agradável.

Comida

Dentro do parque de Yosemite, tanto no Vale, quanto em Tuolumne, há pequenos mercados que são bem completos. O preço, é claro, não muito convidativo, mas tem de tudo e quebra o maior galho. O ideal é comprar tudo em San Francisco ou arredores e comprar apenas o necessário nos mercados do parque.

Em Tuolumne há um único mercado ao lado do posto de combustível que tem bastante coisa, inclusivo gás propano para o fogareiro. Esse mercado fecha por volta das 18h.

Já no Vale, há um mercado no Curry Village e um outro maior no Yosemite Village. Ambas fecham as 21h e tem bastante coisa.

Hospedagem

Dentro do parque há diversas opções a depender do bolso de cada um.

Em Tuolumne, há um lodge e uma ampla área de camping que pertence ao parque. Fora do parque, há ainda algumas outras opões, mas sempre ficam longe do miolo do parque.

O camping de Tuolumne divide metade das vagas entre as pessoas que fizeram reserva via internet e uma outra metade para quem chegar primeiro (first come, first served). O sistema de reserva pela internet é bem fácil e prático, além de evitar muita dor de cabeça, pois na alta temporada é comum o camping ficar lotado. No sistema “chegar primeiro”, você tem que passar no centro de registro e ver se tem vaga para o dia. Não é possível fazer reserva para o dia posterior, somente para a partir do dia que chegar. O problema é que para garantir a vaga, é preciso chegar cedo (pela manhã) no centro de registro, enfrentar uma fila e rezar para que tenha vaga.

No vale é a mesma coisa. Há hotéis de luxo, cabanas de lona e área de camping. No sistema de reserva via internet há 3 opções (U$ 20,00 por carro com até 6 pessoas) e no sistema “ordem de chegada”, o famoso Camp 4 (U$ 5,00 por pessoa). Durante a alta temporada, é comum as filas começarem por volta das 2h da madrugada, com o pessoal dormindo na fila.

Para as reservas via internet, o ideal é fazer a reserva com pelo menos 4 meses de antecedência sob o risco de ficar sem vaga, principalmente para a alta temporada, verão.

Vale lembrar que é proibido dormir no carro, assim como bivacar fora da área do camping sob pena de multa. O bivaque é permitido em algumas áreas, mas para isso é preciso ter uma permissão especial.

Banho

Tuolumne – Esqueça banho quente. Pode sair batendo de porta em porta que não vai encontrar nada! Em compensação tem o rio ao lado do camping para se banhar, o único problema é que a água poderá estar gelada!

Valley – Além do rio, há dois lugares onde é possível tomar um banho decente. No Curry Village há um banho completo por U$ 5,00 com direito a toalha limpa, sabonete e shampoo. No Housekeeping, ao lado da lavanderia, há um outro banho nesse mesmo esquema.

Para banho 0800, basta chegar depois das 22h no Curry Village que não há mais ninguém cuidando (só tem que levar a toalha).

Equipamento de escalada

Para escalar as vias tradicionais em livre a regra é: menos é mais! O segredo é escalar leve e rápido.

Para maioria das vias uma corda fina de 60m resolve todos os problemas. Em algumas vias é preciso uma segunda corda (retinida) ou uma corda dupla (melhor) para descer, embora muitas vias que precisam de rapel sejam preparadas para descer com apenas uma corda, no entanto você ganha muito tempo no rapel com duas cordas.

O estilo predominante em Yosemite exige muita proteção móvel, inclusive nas paradas. Para 90% dos casos, 2 jogos de friends e 1 a 2 jogos de nut resolvem todas as necessidades. Em algumas vias é bom ter um Camalot #4 ou #5 (ou equivalente), mas não é a regra. Um tamanho que é muito usado é o Camalot #.3, .4, .5 e .75 (ou equivalente). Se tiver um jogo triplo desse tamanho ajuda bastante, embora não seja obrigatório. Levando um jogo triplo dessas peças não é necessário levar 2 jogos de nut para maioria das vias, embora os nuts sejam um bom coringa caso necessite abandonar alguma via pela metade.

Além disso, fitas de 60cm para extensão são muito utilizados para minimizar o atrito da corda.

Como as paradas são em móvel, um cordelete de 6m ou uma fita de 240cm são muito úteis para montagem das paradas.

Quanto ao tipo de sapatilha, uma sapatilha confortável para aguentar um dia inteiro de escalada é fundamental. Em muitas vias, há muito trabalho de aderência em granito polido, por isso uma sapatilha com uma sola mais macia ajuda a dar mais confiança.

Em muitas vias, a descida é feita via caminhada, por isso é preciso levar a bota de aproximação para cima. A dica é usar uma bota leve para poupar peso. Barefoots são uma boa opção para poupar peso. Também dentro dessa linha, muita gente escala com Camelback para abrir mao de uma mochila de ataque. Como em geral a aproximação é curta, muita gente se equipa no estacionamento e faz a aproximação sem uma mochila de ataque para poupar peso. Embora a regra seja escalar leve e rápido, duas coisas não podem ficar de fora, uma headlamp e um anorak (ou corta-vento). É comum no fundo do vale fazer mais calor do que nas partes mais alta. Além disse, o vento é um outro elemento muito constante durante as escaladas.

O uso do capacete é quase que obrigatório, principalmente porque a maioria das vias tem grande circulação. Embora as vias seja bem batidas, ainda há muita pedra solta. Também é muito comum a queda de equipamentos (mosquetes, freios…).

Se você der mole e deixar cair um nut ou perder um friend na fenda, tanto em Tuolumne (posto de gasolina) quanto no Vale (Curry Village) há uma pequena loja de escalada com todas essas coisas.

Para compras maiores, na região de San Francisco há várias lojas de escalada. Em Berkley há uma REI muito boa. De quebra, ali perto há um outlet da The North Face.

Perigos

A maior preocupação do parque em relação ao perigo é com os ursos que habitam a região. Os ursos são atraídos pelo cheiro da comida que os frequentadores trazem e quando acham, fazem um belo estrago. Por isso, toda comida precisa obrigatoriamente ser guardada em caixas metálicas que são disponibilizadas em todo o parque. O não cumprimento dessa regra pode gerar multas altíssimas aos infratores.

Outro perigo, principalmente no verão, são os raios e chuvas torrenciais que atingem a região. Como a maioria das vias não tem parada fixa, abandonar uma via às pressas é bem complicado, pois é preciso descer deixando material na parede. Por isso, é muito importante ficar de olho no clima. A dica é sempre passar no centro de visitante para ver a previsão do tempo do dia seguinte.

Graduação

Você já deve ter lido em algum lugar que o grau de Yosemite é mais duro que a média. Senão, fique sabendo que isso é verdade. Por isso, antes de sair por lá testando os seus limites, o ideal é dar uma calibrada na graduação para ver como se sente. Uma coisa muito importante a ser lembrado é que a dificuldade técnica e qualidade das proteções não necessariamente andam juntos. Avalie bem isso antes de entrar em uma fria.

Em geral, o ideal é começar com algo tranquilo como 5.6 ou 5.7 para só depois provar um 5.8 ou 5.9. Principalmente se você não estiver acostumado a escalar em móvel. Também é importante lembrar que, quando a maioria das vias foram abertas na região, o limite máximo de dificuldade estava na casa do 5.10. Então, tem muito 5.6, 5.7 com cara de 5.9. O 5.10 é um grau bem exigente. Não vá achando que só porque manda aquele 6o grau na falésia perto de casa que vai sair se dando bem nos 5.10 de Yosemite.

Vias

Abaixo listo alguns betas que não estão no Guia do Super Topo e que podem ser interessantes.

Tuolumne Meadows

Southeast Buttress (5.6 – 210m) – Cathedral Peak – Essa via é quase que mandatório para quem for para a região de Tuolumne. Tem uma aproximação razoavelmente longa, 3h, quando comparado com as outras vias da região. A escalada é fácil, 5.6, e as proteções são bem boas. O problema ali é a altitude que beira em torno de 3000m. O granito não é polido como em algumas partes do vale. Uma dica é, se der tempo, entrar na North Face do Eichorn´s Pinacles que fica ao lado, bem na descida.

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Zé Márcio guiando a 2a enfiada da Southeast Buttress, Cathedral Peak, Tuolumne.

North Face (5.4 – 40m) – Eichorn´s Pinacles – Essa é uma escalada que vale a pena casar com o Cathedral Peak. Não vale a pena caminhar 3h para escalar somente esta via. A escalada é curta, 1 enfiada, e o cume maravilhoso. O guia (Super Topo) bota o maior medo falando de uma travessia no começo, mas fique sabendo que é puro catastrofismo americano. Pessoalmente achei o trechos logo acima, que só dá para proteger nos pitões abandonados pior que a travessia. O legal é que no cume tem um livro de cume e o rapel é bem fácil.

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Eichorn´s Pinacles visto do cume da Cathedral Peak.

South Crack (5.8R 160m) – Stately Pleasure Dome – Esse domo é quase obrigatório, ainda mais porque a via começa ao lado da estrada. Sem contar o visual que se tem do lago Tenaya. A South Crack é uma daquelas vias para quem quer desfrutar uma bela fenda frontal de mão e dedo. A saída da via é bem dura, mas pode ser facilmente contornado usando uma outra fenda à esquerda. A terceira enfiada é graduada em “R” de runout. O trecho é um esticão de uns 30m em aderência com um ponto para colocação móvel, bem no meio. De início apavora, mas assim que começar a escalar vão surgindo várias “agarras”. A 4a enfiada é um pouco confusa. As fendas da esquerda puxam o escalador para evitar o trecho de aderência sem proteção, mas a via é mesmo pela aderência e sem proteções.

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Se equipando na base da Stately Pleasure Dome.

West Country (5.7 160m) – Stately Pleasure Dome – Outra via no domo com acesso ridículo. A escalada é muito prazerosa e sem grandes perrengues, exceto na 2a enfiada, onde fica o crux da via. O segredo nesse trecho é escalar rápido para passar logo o trecho que exige maior pressão. Uma boa dica é chegar cedo e fazer mais de uma via no mesmo dia. Isso se o lugar não estiver muito cheio. Coisa bem comum… A descida é pelo lado da pedra, acompanhando um grande diedro. O início da descida é marcado por um pinheiro com ponto de rapel (fita mais argola).

West Crack (5.9 210m) – Daff Dome. Via muito completa com diedro, negativo, fenda grande, fenda de dedo… É uma outra via quase que obrigatória de Tuolumne, por isso espere encontrar fila. Dica 1: reserve um Camalot #.75 para o final da 1a enfiada, senão vai suar no esticão final. O guia fala em 2 Camalot 5 como opcional. Eu digo que é uma boa ideia leva-las. Senão vai ter que esticar uns 10m num trecho vertical escalando uma fenda larga pegando nuns choquitos por fora. A descida é via rapel pelo outro lado da via. O guia fala em descer desescalando por um outro lugar, mas é roubada! Principalmente se você não estiver acostumado a solar (para baixo) lances de 4o grau em granito polido.

Regular Route (5.9 270m) – Fairview Dome – O Fairview é um enorme domo que se destaca na paisagem e a sua face norte chama muito a atenção pela imponência. A via transcorre por um único sistema de fendas da base até a metade da via, o que facilita encontrar a base da via. Isso se já não tiver fila. A via tem 12 enfiadas, então considere começar cedo a escalada. Também considere a possibilidade de pegar tráfego lento acima. As primeiras enfiadas são as mais exigentes, depois ela vai facilitando bastante. A partir da 8a enfiada já é possível de escalar em simultâneo se estiver familializando com a técnica, isso ajuda a ganhar bastante tempo. A descida é bem tranquila, exceto para achar o começo da trilha assim que sair do costão final.

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Face norte do Fairview Dome visto do cume da Daff Dome.

Yosemite Valley

Nutcracker (5.8 180m) – Manure Pile Buttress – Vai clássica para quem vem pela 1a vez ao Vale. A via é muito agradável, o acesso tranquilo, a descida de boa e demanda pouco tempo. Por isso a via é bem frequentada. O guia bota o maior terror num lance de balcão. Diz que se cair pode quebrar o tornozelo e dá detalhes sobre como passar esse lance. O fato é que não é tudo isso. A agarra é boa e a virada bem tranquila. Há trechos mais encardidos para baixo do que esse lance em particular, como a 4a enfiada onde tem uma travessia estranha e um lance de entalamento de punho.

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Murilo na última enfiada da Nutcracker.

After Six (5.7 180m)- Manure Pile Buttress – Muito se fala dessa via. Todo mundo recomenda, mas a via não é tudo isso. É praticamente uma escalada em degraus. O único lance legal é a 1a enfiada, depois está mais para um trepa pedra. É uma boa via para quem quiser fazer uma aclimatação na pedra e sentir a textura.

Royal Arches (5.10b 420m) Royal Arches Area – Via clássica! Obrigatória. Todo mundo escala, todo mundo quer escalar! Então espere encontrar muito tráfego, principalmente de cordadas lentas. A via tem 16 enfiadas, por isso considere começar cedo a escalada. Além disso, a via pega sol o dia inteiro, então quando mais cedo começar melhor. O guia igualmente dá detalhe sobre o crux de 5.10 que pode ser facilmente “roubado” fazendo um pêndulo. Inclusive há uma corda abandonada para isso. Em livre, o lance não é um bicho de 7 cabeças e é bem protegido. Só não há aquela chapeleta no meio da travessia que aparece no guia. A descida é via rapel.

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Murilo na travessia após o crux da Royal Arches.

East Buttress (5.10c 330m)- Middle Cathedral Rock – Via clássica em um granito mais “deteriorado”. A via é bem mais vertical que as supracitadas. As enfiadas também são bem mais constantes e o fator psicológico começa a pesar mais. A única enfiada fácil da via é a 1a. Depois ela se mantém bem constante até o final. O crux é bem protegido com chapas e pode ser facilmente roubado em A0. A via transcorre muito por lacas suspeitas, por isso é muito importante saber avaliar as colocações. A descida é um capítulo à parte. Considere chegar no cume ainda de dia porque se chegar a noite, as chances de se perder são bem reais. Em caso de chuva, nem tem descer, pois parte da descida é por dentro de uma grande calha d´água. Nessa mesma calha, há diversos pontos onde é preciso descer rapelando em bico de pedra e estações de rapel.

Snake Dike (5.7R 240m) – Half Dome – Um longo dia! Essa seria a melhor definição para essa escalada. A via exige uma aproximação de 9km com ganho de desnível na ordem de 800m. Além disso, a descida é mais longa, são 12km de caminhada. A escalada em si, não leva mais do que 3h de escalada a depender do tráfego. A via é graduada em “R”, mas os lances são bem tranquilos pois há muita agarra e a inclinação baixa. É só manter a calma e ir para cima.

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 Segunda enfiada da Snake Dike, Half Dome.

Kor-Beck (5.9 180m) – Middle Cathedral Rock – Essa via é 3 estrelas no guia. E de fato é uma via 3 estrelas. Não é uma escalada muito agradável, a não ser que você seja fã de chaminé e offwith, além de outras bizarrices, mas é uma bom treino para entrar na East Buttress do El Capitan. 

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Última enfiada da via Kor-Beck.

Aid Route (5.10 A0) – Swam Slab – Via curta com apenas 2 enfiadas. Ela fica bem ao lado do Camp 4 e conta com outras vias mais curtas. Tem um começo boulderístico em agarras cavadas!!!! Depois segue por uma fenda igualmente “cavada” pelos pitons… Logo, não é uma via muito bonita, mas é importante conhecer para saber como é escalar em piton scars. Principalmente se for entrar na Serenity Crack. Via ruim de proteger… Como qualquer outro piton scar crack!

Lena’s Lieback (5.9) – Swan Slab – Fica ao lado da Aid Route. Essa, tem quase nada de piton scars, mas é uma boa via para aprender a sentir o granito liso e ganhar (ou não) confiança nos pés.

Super Slide (5.9 150m) – Royal Arches Area – Via tranquila que acaba no meio da parede. Uma boa opção caso a Royal esteja muito cheia. A última enfiada é a melhor de todas.

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Chegado no final da Super Slide.

Serenity Crack (5.10d 120m) – Royal Arches Area – Via um pouco mais dura. Boa para testar como se sai num 5.10 de fenda. A primeira enfiada é super ruim de proteger, principalmente os primeiros metros em piton scars. No croqui fala em um bolt na saída a 10m do chão, mas na verdade não existe!!!! Bom não cair.

East Buttress (5.10b 420m) – El Capitan – Se você não for escalar a The Nose ou o Zodiac, mas quiser escalar o El Capitan, uma excelente opção é a East Buttress. Ela fica no canto direito do imponente monolito, num ponto mais baixo, mas isso não quer dizer que seja uma escalada mais fácil. A aproximação é relativamente tranquila, tirando o trepa pedra para acessar a base. Nessa hora é só lembrar dos bagualeiros que precisam fazer a mesma trilha com seus pesadíssimos haulbags que o cansaço vai sumir na hora. A escalada em si não é lá grandes coisas. A rocha é bem suspeita o tempo todo com muitos trechos bem expostos. O crux é bem protegido, em móvel, e o lance relativamente curto. A dificuldade desta via está, mais uma vez, na extensão e tempo de escalada, pois é uma escalada que demanda um dia inteiro de atividade. A descida é um outro capitulo à parte, pois exige fazer rapel por uma outra linha. Estude com a mesma atenção que a subida no guia.

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Escaladora desconhecida na East Buttress.

Dias de descanso

Tuolumne – Não há muito que fazer no dia descanso nessa região senão ficar apreciando a natureza. Para um dia de “canso”, uma boa pedida é cruzar o passo e ir até a cidade de Marmmoth. A cidade tem uma estação de ski com todas as comodidades. Inclusive há uma excelente loja de escalada na cidade.

Valley – Para o dia de descanso, uma boa pedida é conhecer o centro de visitantes e suas lojas no entorno. Para um programa mais “canso”, vale a pena dar um pulo de carro até o Glaciar Point para curtir um belo pôr-de-sol. Outro lugar interessante ali perto é a floresta de sequoias em Mariposa Groove.

Dicas gerais

  • Chegue cedo na base das vias para evitar fila! Se você for entrar nas vias clássicas, sempre terá algum transito e a melhor forma de escapa-lo é chegando cedo. E quando digo cedo, é acordar às 4h30!
  • Se chegar tarde e encontrar fila, avalie o tempo de espera, de escalada e descida para ver se vale a pena ficar na fila, às vezes é melhor voltar no dia seguinte;
  • Outra dica importante é estudar antecipadamente a aproximação. Principalmente se a escalada começar cedo no dia seguinte à luz de headlamp;
  • Leve sempre uma cópia do croqui da via, mesmo nas mais simples, pois há muitos pontos onde é fácil de se perder. E lembre-se: estação de rapel não é necessariamente parada de via.

Bibliografia

Tuolumne Free Climbing – Greg Barnes, Chris McNamara e Steve Roper. Super Topo. 216 pg.

Yosemite Valley Free Climbing – Greg Barnes, Chris McNamara, Steve Roper e Todd Syndner. Super Topo. 209pg.

High Sierra Climbing – Chris McNamara e McKenzie Long. Super Topo. 232 pg.

http://www.brasilvertical.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=79%3Ayosemite-valleyescalada-e-trekking&catid=57%3Aescalada&Itemid=60

http://www.adventurezone.com.br/blog/base-climb-eua-2009-escalada-em-yosemite

http://www.riocaminhadas.com.br/yosemite/index.htm

http://karinafilgueiras.blogspot.com.br/2010/10/escalando-fissura-maos-com-luva-karina.html

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