Em meados de 2020, em meio ao caos da COVID, nos organizamos afim de levantar fundo para fazer a manutenção da estrada de acesso ao Calogi. O trecho final de uns 800m passa por dentro de uma propriedade particular e a estrada andava bem ruim por causa das chuvas que criaram ravinas. Atualmente, somente carros altos com tração nas quatro rodas conseguem subir. No passado, até Corsa já subiu. A ideia era angariar fundos e pagar uma máquina para fazer os ajustes necessários. A grana conseguimos com a galera da escalada, mas na hora de arrumar uma máquina, empacamos. Procuramos várias empresas que trabalham com maquinário pesado e ninguém quis pegar o serviço. Provavelmente porque para eles não era interessante descolar uma máquina para trabalhar somente um dia.
No fim, “jogamos a toalha” e achei melhor devolver a grana. Propus aos “acionistas” a devolução e caso alguém desejasse, poderia doar para um fundo destinado a outras manutenções de Calogi. Para minha surpresa, mais de 90% das pessoas não pegaram o dinheiro de volta e agora nós temos uma boa grana para investir em Calogi.
Assim, no início do ano, usei parte das verbas para fazer a troca das chapas velhas do setor Excluídos (vide abaixo). Considerei que não seria correto usar o fundo para conquistar novas vias, então estou usando a verba somente para troca das proteções já colocadas.
| Descrição | Material | Quant. |
|---|---|---|
| Troca da parada da via Canhoto Psicopata | Argola Smile com chumbador inox | 2 |
| Troca da chapeleta da via Canhoto Psicopata | Chapeleta Bonier + chumbador inox | 1 |
| Troca da chapeleta da via Troco do Grego | Chapeleta Bonier + chumbador inox | 1 |
Além disso, com a ajuda do fundo, resolvi trocar a placa informativa que fica no início da trilha e foi elaborado pelo Poul há um tempo, mas que estava danificada. Um dia, os bois do vizinho entraram no pasto e destruíram a placa.
A placa não tem nenhuma novidade, aquelas infos básicas de boa conduta, um pequeno mapa de localização, um QR code para acessar a croquiteca e alguns telefones importantes em caso de emergência, com destaque para o CIA Tox em caso de picada de cobra.
No início achava que era bobagem essa coisa de placa, pois era chover no molhado, mas depois vi que isso era importante, tanto para mostrar aos proprietários que somos organizados e que nos importamos com o local, assim como para mostrar aos visitantes ocasionais as regras locais que podem passar desapercebidas.
Eis a placa!
Nesse mesmo dia, Lissandro, Yasmin e eu voltamos para o Setor Excluídos, onde estamos investindo tempo e dinheiro para desenvolver novas vias. Nesse dia, dei mais uma varrida na parede em busca de uma linha nova e no final do dia, após vários rapéis, abrimos um novo projeto batizado de “Meduza”. Esse projeto começa na “Presente de Grego” e depois segue em travessia à direita por um veio de rocha bem característico até o topo da parede. Infelizmente os primeiros metros desse setor carecem de agarras e há poucos pontos de saída. Por isso, a maioria das vias usam a mesma saída para depois ir se divergindo. Considerando que a saída do “Presente de Grego” é um boulder (V4), a Meduza deverá ficar na casa do 8a. Talvez um pouco mais por causa do crux final.
Nesse dia, aproveitando a pele boa, mandei dois projetos: “Fábula da Cigarra” que equipei no inicio do ano e a “Canhoto Psicopata”, antigo projeto que recentemente saquei algumas chapas (4) para escalá-la em móvel. A “Fábula da Cigarra” ficou como 7c de continuidade e a “Canhoto Psicopata”, um 8b a confirmar. Ambas vias ficaram muito boas, principalmente por causa do trecho em móvel que garante uma emoção extra. E a sensação de costurar a primeira chapa depois de vir protegendo em móvel não tem preço! É nessas horas que damos o real valor de uma chapeleta da inox reluzente!
