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Proteções

Sempre que escalo, principalmente vias tradicionais, costumo levar a minha câmera presa na cadeirinha para ir registrando a escalada. Entre paisagens e escalada, sempre que aparece algo que chama a minha atenção gosto de fazer um registro. E se tem uma coisa que sempre rende boas fotos são as proteções fixas das vias. Cada proteção tem uma história, seja por parte de quem a colocou até de quem está a usando.

Selecionei algumas fotos do meu acervo para mostrar um pouco dessas “coisas incríveis” que eu andei vendo nos últimos anos viajando pelo mundo afora. Sempre lembrando que em todas, eu tive que clipar um mosquetão, passar a corda e rezar. Fé nunca é demais nessas horas!

Grampo no cume dos Três Pontões de Afonso Cláudio, Espírito Santo, Brasil. 1958. Esse é o famoso grampo que precisa ser laçado com a corda para fazer uma ascensão por corda fixa no último trecho antes de chegar no cume. Na conquista, o pessoal usou uma pedaço de pau para subir e bater o grampo. Embora o aspecto esteja ruim, o grampo está bem sólido. É só não passar o mosquetão no olhal que está tudo tranquilo. Antigamente, era preciso rapelar nesse grampo também, mas atualmente há uma linha de rapel mais tranquila pela face oposta.

Via Normal da Pedra Pontuda, Castelo, ES, Brasil. 1978. Essa chapeleta é uma das poucas proteções que tirei a foto e não usei depois. Achei que ela estava tão ruim que em caso de queda certamente iria arrancar da parede e perder esse registro histórico, então resolvi passar batido e colocar uma peça mais acima. Suspeito que seja uma das primeiras chapeletas batidas no Estado.

Freira, Cachoeiro de Itapemirim, ES, Brasil. 1948. Antigamente, o pessoal batia esses grampos mais longos não só para proteção, mas também para progressão. Usavam o como ponto de apoio ou ainda para fixar uma escada para ganhar altura e bater a próxima proteção mais acima. Embora fosse um grampo bem velho, dando essa boca de lobo me pareceu bem firme e senti firmeza para seguir escalando sem muito medo. Esse foi o grampo mais velho que usei como proteção na minha vida!

Cume do Pico 17 de Julho nos Cinco Pontões de Itaguaçu/Laranja da Terra, ES, Brasil. 1970. Famoso grampo “Stubai” de 1/4 com perfil quadrado. Na verdade, esses grampos não são Stubai, mas sim uma cópia nacional feita em fundo de quintal da versão original. Além de ter apenas 1/4 de polegada de diâmetro, ele tem um perfil quadrado, logo quando fixado no furo redondo, o grampo não tem boa superfície de contato com a rocha. Embora tenha todos esses problemas, ainda seguimos escalando e rapelando nesses ‘brinquinhos”. Ah, lembrando que nem todos os mosquetões cabem nesse furo pequeno!

Chaminé UNICERJ, Pedra da Andorinha, Cacheiro de Itapemirim, ES, Brasil. 1988. Um clássico grampo brasileiro bastante oxidado em uma chaminé bem úmida. Esse é um típico grampo verdadeiramente condenado. Para tentar minimizar o inevitável, passei a fita diretamente no grampo e segui a escalada. Por sorte, mais acima encontrei outro grampo, bem mais conservado!

Na mesma via, porém mais abaixo, numa enfiada anterior. Cunha de madeira abandonada. Antigamente essas cunhas eram uma excelente solução para fendas mais largas. Até hoje, cunhas de madeira são usadas, principalmente no Leste Europeu. Por sorte, por aqui elas estão em desuso e viraram peça de museu a céu aberto. Essa dai nem passei a corda porque estava de segundo : )

Via Inferno na Torre, Dedinho, Três Pontões de Afonso Cláudio, ES, Brasil. 1996. Piton velho com um cordelete igualmente velho na penúltima enfiada da via. Esse piton fica num dos piores runouts da via. Por ser um lance estranho, quase ninguém perde tempo nesse piton velho e toca o esticão sem proteger para chegar logo num grampo que está mais acima. Tirei a foto na descida, claro!

Via do Lagarto, Morro do Lagarto, Cachoeiro de Itapemirim, ES, Brasil. 1996. Esse grampo é icônico! Todos os grampos da via estão bem batidos, ou pelo menos foram batidos até o final, menos esse. Logo esse que antecede a um esticão com potencial fator 2, num lance onde a maioria não sabe para onde ir depois, pois a linha não é bem clara. Se eu soubesse, teria levado um martelo!

Se vocês estavam achando que essas proteções velhas são exclusividade do Brasil, fiquem sabendo que não! Lá fora também tem umas coisas bem estranhas.

Bridger Jack, Indian Creek, EUA – Estação de rapel clássica do deserto com direito a piton usado como grampo. Essa parada ainda está boa porque uma das proteções é uma chapeleta boa (dir.).

Ll Risveglio di Kundalini, Val di Mello, Itália – Parada em piton em vários blocos duvidosos. Pelo menos nessa via, todas as paradas são em piton e sempre em lugares onde não é possível reforçar com material móvel. Essa parada é da P1 da via. Como foi a 1a escalada no vale, me assustei de início, mas depois, a medida que fomos escalando fui me “acostumando”…

Fair Hand Line, Gelmerflush, Suíça – Parada em argola. Aparentemente a proteção parece bem robusta, o único problema é que a parada é simples e não tem como saber a qualidade da fixação. Confiei na pontualidade e qualidade Suíça!

Sagittarius, Gelmerflush, Suíça – Parada bem criativa para dar segurança e rapel. O esquema é muito bem feito, pois dispensa montar parada, basta bater a auto em um dos furos (tem 2) e na hora do rapel, a argola fica livre para passar a corda.

Eu ainda tenho outras fotos assim. Mais a frente farei outro post sobre o tema.

Bom final de semana e climb smart!

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