– Oh Guili, para onde foi nas férias?
– Cara, fui para o norte do Chile, San Pedro de Atacama.
– Nossa, deve ser muito massa essa região!
– Sim, é fantástico, o som do silêncio de lá é incrível!
Foi mais ou menos com essas palavras que lá pelos idos de dois mil e lá vai pedradas, o escalador “Guili” descreveu como foi sua experiência na região de San Pedro de Atacama (SPA). Estranhamente aquela conversa ficou gravada na minha mente e toda vez que ouvia falar ou lia sobre o assunto, sempre pensava no tal “som do silêncio” e sempre pensava para mim: ainda vou ir ouvir esse som incrível!
Anos se passaram desde então, e em abril desse ano, nas minhas férias, rolou a possibilidade de passar alguns dias nessa região junto com a minha namorada.
Não vou me ater aos detalhes da trip, mas sim tentar passar aqui algumas, várias, dicas sobre o que fazer ou não fazer, pois o som do silêncio é espetacular e recomendo a todos conhecer essa região!
San Pedro de Atacama
Para quem não sabe, a cidade de San Pedro de Atacama está localizada no extremo norte do Chile numa das regiões mais áridas e secas do planeta (o meu nariz que o diga). Atualmente, a região é destino de milhares de turistas, principalmente europeus, que vão para lá conhecer as belezas naturais dessa região.
Para chegar lá, há duas rotas! Uma por terra e outra pelo céu. Por terra, é beeeeeeeem longe. De sampa até Santiago são aproximadamente 54h mais 26h até San Pedro!! Dureza né? De avião são 3h até Santiago e mais 2h até Calama, a cidade mais próxima com aeroporto. De lá são mais 98km até SPA.
A dica é ir de avião mesmo. Há 3 companhias que fazem Rio-SP-Santiago, a Gol (www.veogol.com.br), a TAM (www.tam.com.br) e a LAN (www.lan.com). Uma bardaba que eu li na net (www.mochileiros.com) é comprar o trecho Santiago – Calama no Chile mesmo, pois há tarifa diferenciada para quem compra no Chile e fora.
Os principais atrativos de San Pedro são: o Valle de la Luna, as Lagunas Altiplânicas, o Salar de Atacama com os seus lagos e o Geyser del Tatio. Claro, além da cidade pacata com a sua gastronomia variada.
Há diversas empresas que organizam esses passeios. Não precisa reservar nada com antecedência, basta chegar lá e dar um rolé pelas ruas. Oferta é o que não falta. Recomendo fechar todos os passeios com uma única agência assim rola um descontinho. Nós fizemos todos os passeios com a Maxin (fica a rua Caracoles, a principal). A empresa é voltada para um público mais jovem (sem grana?), pois comparada com as outras empresas, vai mais uma galera nova do que velhos e as vans são ao estilo Esquadrão Classe A em vez de microbus. Os guias são legais, alguns são melhores que outros. Inclusive tem um lá que é barbeiro. O cara conseguiu sair da pista e parar no barranco às 5h da manhã, a 4000m de altitude e a 0 grau de temperatura!!! Resultado, a van ficou presa na neve e tivemos que continuar a trip pegando carona com a concorrência….
Recomendo fortemente o passeio para ver o pôr do sol no Salar de Atacama (Laguna Cejar, Laguna Tebenquiche) – o pôr do sol mais belo!; o pôr do sol mais disputado no Valle de La Luna; e passar frio para ver o sol nascer (isso se a sua van não sair da pista antes) no Geyser del Tatio.
O passeio pelo salar de Atacama para ver o pôr do sol exige uma certa dose de paciência e espírito de aventura, pois são aproximadamente 34km de estrada de chão esburacada (se é que pode se chamar aquilo de estrada ).
Já o pôr do sol no Valle de la Luna é mais tranqüilo e mais perto (14km), mas muito disputado. Foi dificil fazer uma foto decente com tanta gente lá (juro que no dia que fomos lá tinha pelos menos umas 400 pessoas!!!!)
E o gran finale de San Pedro é visitar o Geyser del Tatio. Esse passeio também exige uma dose de espírito de aventura, pois são 98km por estrada de chão. E se não bastasse a distância, o passeio começa as 4 da manhã e chega lá ao amanhecer quando os termômetros marcam facilmente abaixo de zero. Isso porque o geiser fica a 4000m de altitude. E a essa altitude sabe o que acontece? Você passa mal!!!! Falta ar!!! Correr? Nem pensar!! Dor de cabeça!!! Um inferno!! Não sei como esses caras adoram alta montanha! Mas ainda assim digo que vale a pena!
Por ser uma atração internacional, SPA não é um dos lugares mais baratos. Lá tudo é muito inflacionado. Hostels, hotéis e campings são absurdamente caros (pelo que oferece). Os preços variam de $ 10.000 a 700.000 pesos chilenos a diária por pessoa. Abrindo um parênteses: $ 1000 pesos chilenos equivalem a mais ou menos R$ 4, 00 e 1 dólar americano vale uns $ 575 pesos. Como já dizia um amigo meu que quem converte não se diverte, vou passar todos os valores em peso chileno. Quem quiser converter….
Mas enfim, lugar para ficar tem aos monte. Nós optamos pelo camping, uma das opções mais baratas ($ 8000,00 por dia/pessoa). Ficamos na Takha-Takha (Caracoles, 101). Na verdade é um hostel que disponibiliza uma área para camping. Nós não gostamos muito do lugar. Não pelo lugar em si, mas pelo barulho, pois a área fica atrás do bar e a galera fica às vezes até as 3-4h da manhã fazendo barulho!
Se dormir em SPA é caro, é natural que comer também seja! Tanto comer fora quanto comprar comida no mercadinho da esquina. Mas vale a pena gastar uns $ 8000 para comer nos restauras bem interessantes que tem por lá!
Pucón
Depois de 1 semana de muito sol e pouca umidade, rumamos para o sul, mais especificamente para Pucón!
Pucón é totalmente diferente de SPA. É tipo um Gramado (RS) ou Campos do Jordão (SP) dos chilenos. O lugar é muito mais para ficar descansando sem fazer nada. Bem ao contrário de SPA, mas igualmente um pouco caro (hospedagem e alimentação).
Bem, eu sei que vou me ralar escrevendo isso, mas…. Ir a Pucón e não subir o Vulcão Villarrica é como ir a Roma e não visitar o Coliseu. O negócio se vê de todos os lugar. O vulcão está em tudo! É o símbolo da região e ainda fica lá soltando uma fumacinha (enxofre….).
Pois então, como estávamos lá, resolvemos subir o tal vulcão. Mais uma vez, há diversas agências que fazem esse “passeio” ($ 30.000-50.000). Quem for filiado a algum clube, associação ou grupo de escalada pode subir sem o acompanhamento dos guias, basta apresentar a carteirinha na entrada do parque. Como estávamos sem os equipos de gelo (botas, crampons, piquetas, capacete….), optamos em subir por agência.
Sobre a subida, posso dizer que é bem relativa. Pode ser fácil, difícil ou impossível. Se o clima estiver ruim, será osso. No nosso caso, o clima estava perfeito, sem vento, sol e relativamente quente.
Um outro fator é o condicionamento físico. Se você pratica exercício regularmente não terá muitas dificuldades. Mas se você por um sedentário, irá sofrer um pouquinho e talvez não consiga chegar (3-4h de subida mais 2-3h de descida). E o terceiro fator é o fator grupo. Se você for com um grupo forte é certo que o guia irá impor um rítmo mais forte e se você for o mais fraco do grupo, estará ralado.
Em suma a subida é bem gostosa, tipo um trekking com direito a usar crampon e tudo mais.
Uma dica legal: as empresas emprestam uma piqueta para ajudar no trecho de gelo e também para ajudar no trecho de pedra, pois a subida é uma cascalheira brava. Mas se você não for um anão, as piquetas não serão muito úteis no cascalho, embora se use. Estranhamente, os guias além da piqueta, usam um par de bastão para auxiliar na subida e os clientes não! Como eu tinha ganho um par de presente de aniversário levei para estreia-lo. E garanto, os guias não levam os bastões à toa! Por isso, se você tiver ou puder, leve um par! Seus joelhos agradecerão no final do dia!
Em poucas e rápidas palavras, Chile é assim! Um lugar incrível com uma cultura diferente e uma natureza espetacular. Recomendo a todos que conheçam esse país. E vale lembrar que temos o privilégio de morar “pertinho” desse país. Por isso, pé na estrada!!!
Quem estiver pensando em conhercer o Chile, recomendo fortemente comprar o livro Guia O Viajante Chile de Zizo Asnis & Os viajantes da Editora O Viajante (http://oviajante.uol.com.br/chile.htm) . Esse livro tem TODAS as infos necessárias. É uma mão na roda. No fórum do Mochileiros.com (www.mochileiros.com) há muitas dicas preciosas, perca um tempo lendo. Outro site legal é o site O viajante (http://oviajante.uol.com.br), lá tem uma seção chamada Barbadas e Roubadas, ajuda muito!!!
Uma resposta em “O som do silêncio”
Belos registros! Essa 1a. foto ficou incrível com essas linhas/camadas de gelo/água/terra/sol/vulcão/ar 🙂
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