^ Amaral fazendo aquela “leitura” antes de entrar na sequência da “Expresso Siberiana” (8a).
Segundo meus cálculos, ontem rolou minha última escalada em rocha em terras Capixabas de 2017, já que semana que vem é Natal e depois Ano Novo. E para fechar o ano nada melhor do que passar um agradável dia de escalada em Calogi com os amigos repetindo via, tijolando os ante-braços e abrindo uma viazinha em móvel!
A nova via em móvel é uma linha que já tinha namorado a muito tempo, mas sempre ficava com medo de entrar por causa dos blocos entalados que pareciam desmoronar a qualquer momento. Mas depois de escalar coisas mais soltas e instáveis em Indian Creek, aquilo começou a parecer muito firme e estável. A linha começa na mega-clássica “Trem da Alegria até a 4a proteção (antes do crux) e depois sai em travessia à direita até encontrar a fenda da via Genoveva. A via segue pela Genoveva, em móvel, (#3) até a altura da parada e em vez de cair para direita, segue reto para cima pelos blocos entalados até a parada da via “Trem da Alegria”, totalizando uns 30m de escalada. Incrivelmente a via ficou muito fácil (V SUP) com boas coloções em móvel. Está ai mais uma via em móvel em Calogi para os “caçadores de fenda”. Para repetir a via é preciso 4 costuras, um jogo de Camalot (#.75-#4) e algumas fitas longas para minimizar o atrito (as peças ficam lá dentro dos blocos). Para confundir mais um pouco a cabeça das pessoas, o nome da via ficou “Último Trem”. Última via do setor + trem = Último Trem.
Segue o croqui atualizado com a nova via (27).
O destaque do dia foi para o Dani (SP) que mandou à vista a variante “Expresso Siberiano” (8a) – 22a. A “peleia” foi bonita, pois é uma via que exige muita tenacidade e resiliência quando se entra à vista. Inclusive, a via não tem um crux definido e o grau se dá justamente pela continuidade da escalada.
Também fiquei viajando numa das inúmeras perguntas sem respostas que a escalada proporciona. Porque nós ficamos repetindo uma mesma via dezenas, até centenas de vezes? Para os olhos de um leigo isso chega a ser uma bizarrice, mas nós (eu pelo menos) achamos aquilo o máximo. Eu acho que ficamos repetindo as vias em busca em sensações. Percebi que quando descemos de uma via ficamos pensando no tijolamento, na dor, na sensação de frustração ou eforia que uma via proporciona. E essa sensação é muito viciante e também muito passageira. Quando descemos de uma via parece que ficamos num estado de euforia passageira e logo aquilo passa e queremos repetir a experiência novamente. Parece que acabamos entrando num looping infinito. Por isso, talvez sejamos tão “viciados” em escalada.
Divagações à parte, também gostaria de lembrar que na próxima terça-feira, dia 19, vai rolar no muro da ACE, um treino/festinha de confraternização de final de ano. Não vai ser nada demais, será apenas uma noite de treino regado à pizza e muita conversa fora. Vale lembrar que nesse dia, não será cobrado diária no muro.
Até 3a feira!