Em 2014, subi pela primeira vez o Pico da Bandeira pelo lado do Espírito Santo com o DuNada e o Monstro. Naquela ocasião, durante a longa caminhada de volta, ainda encantado pelas belezas naturais da região, prometi a mim mesmo que, pelo menos uma vez por ano, voltaria à região.
Assim, em 2015, voltei com a minha esposa Paula para repetir a dose, novamente pelo lado do Espírito Santo.
E esse ano, 2016, ainda não tinha cumprido a promessa. E oficialmente, a melhor época para subir o pico começa nessa época do ano e vai até meados de agosto.
No início do ano, o Chico, meu amigo de longa data do Rio Grande do Sul, e sua esposa Camila, entraram em contato comigo querendo conhecer os encantos do Espírito Santo e falaram que gostariam de subir o Pico da Bandeira. Pronto! Era a parceria perfeita que precisava para seguir com a saga. Até porque não é todo mundo que se dispõe a enfrentar uma empreitada dessas.
Na 6a feira, partimos de Vitória, a Paula, o Chico, a Camila e eu, rumo ao acampamento Casa Queimada no Parque Nacional do Caparaó, distante a 290km, para subir o Pico da Bandeira na madrugada de 6a para sábado.
Entre infinitas curvas e paradas estratégicas para conhecer um pouco a gastronomia local, chegamos no final do dia no acampamento. Montamos as barracas e tratamos de jantar cedo para reservar o resto da noite para descansar um pouco. Felizmente, dessa vez, havia muitos guarda-parques para botar ordem no acampamento, e assim, não tivemos muitos problemas com a vizinhança.
À meia-noite acordamos e nos preparamos para a caminhada de 4,5km até o cume do Pico da Bandeira. Comemos qualquer coisa e à meia-noite e vinte iniciamos a caminhada. Como o Chico e a Camila são andarilhos de longa data, conseguimos imprimir um bom ritmo nas primeiras horas e por volta das 2h30, já estávamos na base do Pico do Calçado. Como estávamos com muita folga (o nascer do sol seria só às 6h), resolvemos dar um tempo num local mais abrigado do vento e ali ficamos curtindo a noite enquanto víamos, ao fundo, a luz das lanternas das pessoas subindo a trilha.
Meia-hora depois seguimos a caminhada e por volta das 3h já estávamos no cume do Pico da Bandeira. Fomos para um “mocó” estratégico, esticamos o isolante e nos jogamos no saco de dormir para esperar o nascer do sol. Confesso, que dessa o frio estava caprichado. O meu saco de dormir de +12oC não foi páreo e passei um bocado de frio até a chegada do sol. Aos poucos o cume foi lotando de gente que vinha de todos os lados e ai já não foi mais possível dormir com os “uhuuu’s” e gritos de êxtase totalmente desnecessários…
Quando ficamos ali, naquele “frio dos infernos”, o espetáculo do nascer do sol é aguardado com mais anseio, pois o sol traz um pouco de calor, mas isso, claro, se o céu não estiver nublado… E dessa vez, o céu estava bem nublado e o sol custou a aparecer atrás das nuvens. Na mesma velocidade que o sol despontou no horizonte, ele foi embora para trás das nuvens novamente e assim ele permaneceu. Ou seja, o sol não esquentou em nada e continuamos passando muito frio… Esquentamos uma água no fogareiro, tomamos um chá quente para tentar aguentar um pouco mais e por volta das 7h iniciamos o longo caminho de volta. Assim, em movimento, pelo menos, não iríamos passar tanto frio.
Tocamos a descida em non-stop até o acampamento Casa Queimada e por volta das 8h30 já estávamos de volta para iniciar a longa jornada de volta até Vitória!