O outono chegou! A pré-temporada começou, mas esqueceram de avisar o Sol… Porque o maçarico continua forte por aqui. Mas se a fissura por uma parede for maior, a nossa melhor opção nos últimos tempos tem sido a Parede Polese em João Neiva que oferece vias relativamente curtas, até 200m, com sombra pela manhã.
Recentemente fui aproveitar essa sombra. Tem um post aqui!
No último domingo voltei com o Iury para conquistar mais uma via nessa parede.
Usamos a mesma estratégia que rege o verão: saída de Vitória às 4h, aproximação no sereno para molhar os pés e iniciando a escalada nos primeiros raios de Sol.
De toda extensão da parede, uns 300m, uma linha tinha ficado na manga. A cereja do bolo da Parede Polese. Trata-se de uma linha que inicia num diedro que se formou a partir de um desmoronamento recente para depois seguir pela face da pedra até o topo.
Por ser uma feição geológica recente, o diedro inicial é de excelente qualidade, lembrando muito as fendas perfeitas do Frey. Levei 3x o Camalot #.5 e .#75 e me deleitei nos 25m de oposição até estabelecer a P1. Para não dizer que a fenda é 100% perfeita, por ser um desmoronamento tinha muita pedra solta. Digo tinha, porque na descida fizemos um belo facelift e a fenda ficou 100% segura para as muitas repetições que virão. Fui irônico, ok?!
Depois da cereja do bolo, seguimos a conquista pela face da pedra dentro do estilo “mesmo de sempre”. Muitas agarras, verticalidade e chapas distantes. A segunda enfiada ficou com 55m e foi graduada pela Iury em IV SUP. Ele não deixou eu dar IV. Veja croqui abaixo.
Já a terceira enfiada seguiu o mesmo estilo da anterior, mas dessa vez com menos agarras, menos chapas e mais vertical ainda, totalizando mais 55m de escalada. Já a graduação ficou estimada em V SUP com o crux no meio do esticão.
Por questões logísticas, leia-se erro, levamos menos chapas do que o necessário. Por isso acabamos não tocando o trecho final por dentro das bromélias até o topo. Acho que faltaram uns 30m.
Por outro lado, também sei não a serventia de tocar esse último esticão burocrático. Além disso, acho que a via não será tão popular devido aos móveis e da dificuldade. Assim, consideramos a conquista concluída ao final da 3a enfiada. Quem sabe, talvez, no futuro, role dar aquele esticão final, mas não vai acrescentar muita coisa.
Quanto ao nome “A Belinha e a Fera” é uma singela homenagem do Iury à cadelinha “Belinha” que faleceu de câncer no início do ano. Uma homenagem digna e justa!
Eu sei que a via não terá tantas repetições, mas gostaria de incentivar muito a galera para que entrasse pelo menos na 1a enfiada que é absolutamente incrível. Sem dúvida é uma escalada diferenciada para os padrões locais e posso garantir que está entre as melhores fendas do estado.
Por fim, agradecimento ao Iury por topar mais uma conquista e a Associação Capixaba de Escalada por subsidiar o material de conquista.
Ah, na volta ainda passamos em Barra do Triunfo e fomos almoçar no Dado’s Burger! Fica aí a dica para quem quiser matar a fome pós-escalada e de quebra incentivar a economia local. Barra do Triunfo é um ovo! É só perguntar onde fica o Dado’s Burger que todo mundo sabe!
Uma resposta em “A Belinha e a Fera”
Eu que agradeço o convite, e a homenagem, o Polese creek tá demais