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Cotovelo Free

Dizem que a vida é um sopro. 

Em abril de 2019 fui com o Eric para Parede dos Sonhos, em Itarana, tentar liberar a variante “Dor de Cotovelo”. Na ocasião, a liberação não saiu, então prometi a mim mesmo que voltaria quanto antes para resolver a pendência, mas a vida é um sopro…

Os sonhos da Parede dos Sonhos.

O tempo passou num sopro, quando me dei por conta, já tinham se passado quatro anos. Então, estava na hora de voltar aquela aresta vertiginosa e liberar a enfiada.

Parede dos Sonhos.

Assim, no último domingo, aproveitando as boas condições do inverno, voltei com o Chuck para resolver essa pendência.

O Chuck ainda não conhecia a Parede dos Sonhos. A via não é o melhor cartão de visita para quem está chegando pela primeira vez, mas com certeza, é a linha mais espetacular da parede!

Como fazia quatro anos que não pisávamos por lá, estava com dúvida em relação à aproximação final. Tem um longo trecho de estrada de chão bem precária que só permite acesso com veículos 4×4. Por sorte, quando chegamos lá e perguntamos numa casa as condições da estrada, a senhora falou que a estrada estava boa porque passaram máquina! Por sorte, o pessoal está trabalhando, em frente a pedra, com maquinário pesado e por isso tiveram que arrumar boa parte da estrada. Agora está quase dando para ir de carro normal.

Com isso, tínhamos passando o primeiro crux. O segundo crux seriam os carrapatos! Em tempo de febre maculosa, esses aracnídeos são um problema para quem frequenta o mato e a Parede dos Sonhos sempre teve fama de ter muito carrapato no pasto. Pensando nisso, dessa vez, na noite anterior, tomei um banho com sabonete Sanasar para ficar fedorento. Na aproximação fui com uma calça. Assim que cheguei na base, troquei de calça e passei o dia com uma calça “limpa”. E quando voltei para casa, tomei outro banho com Sanasar. Aparentemente essa estratégia deu certo.

Preparando os equipos.

A escalada fluiu sem pressa. Tentamos subir o mais leve possível porque sabíamos que a via iria nos exigir bastante. Dispensamos as botas no início da via e levamos apenas 2L de água para nós dois.

O Chuck abriu os trabalhos guiando as duas primeiras enfiadas da Xixi Molhado que levam à base da “Dor de Cotovelo”.

Uma pausa para tirar um pouco de espinho.

Ai, peguei a ponta da corda e toquei a enfiada crux da via, uma aresta de 40m com proteção móvel no início e depois uma longa sequência técnica pela aresta aérea. A aresta não possui nenhum lance difícil em particular, a dificuldade está na constância, pois não há descanso. Outro aspecto que me cansou foi ter que escolher os cristais certos, tanto para os pés, quanto para as mãos, pois nem todos os cristais são resistentes. Para mim, acho que esse foi o crux da enfiada, pois na investida anterior, há 4 anos, cai justamente porque um cristal quebrou. E dessa vez não queria cair pelo mesmo motivo, porque vai saber quando conseguirei voltar novamente.

Acho que um dos grandes desafios das grandes paredes é exatamente essa questão logística. Nas esportivas, se você cai, pode voltar na próxima semana. Nas paredes, isso nem sempre é possível. Além disso, você precisa ter alguém disposto a ir junto, o que nem sempre é muito fácil, ainda mais nessas vias.

Aresta da Vivendo o Sonho.

Na conquista, a enfiada foi liberada com corda de cima pelo Rodrigo e Eric que deram 7a, mas acho que esse grau está sub-graduado. Eu daria no mínimo 7b ou 7c, principalmente se a pessoa entrar sacando e sem marca de magnésio.

Independente do grau, a enfiada é espetacular. Sem dúvida, a enfiada mais linda da Parede dos Sonhos e talvez até de Itarana.

Passado o lance, tocamos a via pela “Vivendo o Sonho” para fazer o cume e finalizar a escalada em grande estilo. Esse trecho da “Vivendo o Sonho” tem duas enfiadas que são incríveis: a enfiada da laca que é no mínimo assustador e a enfiada da fissura frontal que é estrelar!

Famosa laca assustadora da aresta.
Momento pra que isso?

Chegamos no cume por volta das 16h, após 5h 30 de escalada. Quatro anos atrás, Eric e eu realizamos a mesma escalada em 4h 30. Será que estamos ficando velhos?

E por fim, importante deixar registrado a hospitalidade e o agradecimento ao prof. Cesar Vicente de Itarana que nos recebeu em casa após a escalada para um café com sanduíche regado a boa prosa.

Valeu demais Chuck!

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