Em 2014, durante uma trip para Pedra da Penha, nós (eu, Afeto, DuNada e Graveto) vimos uma falésia muito interessante à beira da estrada em Prosperidade (ES).
Na ocasião, nem chegamos a parar o carro para ver melhor a pedra, apenas guardamos na memória que ali tinha uma falésia muito interessante!
O tempo passou e um dia o DuNada, juntamente com o Dudu resolveram voltar a Prosperidade para ver melhor aquela falésia que tínhamos visto de relance!
No início do ano retornaram lá e gostaram do que viram! E assim começaram o longo processo de desenvolvimento de uma nova área de escalada (procurar os donos, explicar tudo, comprar chapeleta, procurar linha, limpar a pedra, arrumar a trilha…)
O tempo passou e depois de quase 6 meses de muito trabalho, o local finalmente foi “aberto ao público” com 12 vias.
Croqui da Falésia de Prosperidade.
Como um bom fominha, no último final de semana, à convite do DuNAda fui, juntamente com o Pedro “Graveto” “Estagiário”, conhecer a falésia negativa de Prosperidade!
Chegamos ainda na 6a feira a noite na falésia. A ideia era escalar no sábado bem cedo para aproveitar a sombra, já que a parede é voltada para sudoeste com sol à tarde.
Chegando lá, já estavam “os fominhas” Poul, Antônia, DuNada e Dudu nos esperando com a janta prontinha! Cardápio do noite: Massa ao molho pomodoro com cebola crua! Um bafo de delícia!
Bivaque na base das vias.
Cozinha. Organização é tudo! E é tudo que nós não temos…
O sábado começou cedo: 5h! E às 6h já estávamos entrando nas primeiras vias tentando aproveitar ao máximo o frescor da manhã (se é que existe frescor nessa região). Logo em seguida, ainda chegaram o Eric, Karapeba e o Gillan. E um pouco mais tarde o Rebit e o Amaral. Mais um pouco e aquilo virava um “encontro de escalada”.
Seção noturna na falésia “Prosperidade”. Pedro Pires na via Cassino Royale (6a).
À tarde, quando o sol começou a castigar a pedra fui solenemente convidado pelo DuNada para que eu trabalhasse um pouco. Após alguns rapeis infrutíferos, achei uma linha interessante na parte mais alta da pedra.
A linha, batizada de Eldorado, ficou iradíssima, com direito a passada em teto e viradinha adrenante, totalizando uns 20m de escalada com afastamento final de uns 3m!!! Algo inédito para os padrões daqui.
A roubada do ano
Durante a conquista, por causa da negatividade da rocha, precisei direcionar a corda com alguns Camalot´s para bater as chapas na base do teto. Como as peças estavam no carro, o Rebit prontamente se ofereceu para ir busca-las. Pegou a chave do carro, foi até o carro e voltou com as peças. Continuei o trampo e o Rebit foi embora mais cedo porque tinha um compromisso marcado em Vila Velha (140km de Prosperidade).
Terminei o trampo, esperamos o DuNada terminar de equipar mais uma linha (estávamos com apenas 1 furadeira) e fomos organizar os equipos para ir embora, pois no dia seguinte, a ideia era conquistar uma via na região de Estrela do Norte.
Lá pelas tantas surgiu a seguinte pergunta: Cadê a chave do meu carro?
Opção A: Dentro da minha mochila; opção B: No meu bolso; e opção C: com o Rebit!!!!!!!!
Procurei na mochila, procurei no bolso e nada! Liguei para o Rebit!
– Rebit, onde “tu colocou” a chave do carro?
– Cara, ficou ai!
– Não está aqui! Vê se não ficou contigo.
– Impossível! Mas deixo dar uma olhada nas minhas… Nãooooooo!!!!!! Tá aqui, veiooooo!!!!!
O resto vocês conseguem imaginar né?
Ficamos umas 4h esperando até o Rebit voltar de Vila Velha com a chave do meu carro.
O “Entregador de chave” chegou umas 22h e como ele já estava na roubada, ficou por aqui mesmo para escalar no dia seguinte!
A Cinderela e o Príncipe Encantado
Por causa do pequeno incidente do dia anterior acabamos indo dormir às 2h da madrugada e levantamos tarde no domingo. Ou seja, nada de conquistar!
Para piorar, o dia amanheceu chuvoso. Resolvemos voltar a Prosperidade para conquistar mais alguma coisa, mas à caminho, a chuva apertou e tivemos que abortar a missão. Lembramos de uma falésia chamada IBC em Cachoeiro! Como ninguém conhecia resolvemos dar uma conferida, pois sabíamos que em Cachoeiro não estava chovendo. As vias existentes não nos apeteceram a ponto que querer vestir a cadeirinha, então resolvemos dar “um pulinho” em Apeninos (Castelo)!
Se você tem noção da geografia da região vai entender que nos demos uma mega-ultra-rolê até chegar a Apeninos!
Chegamos em Apeninos e estava tudo sequinho! Finalmente uma notícia boa!
“Entregador de chaves”, “Delegado” e “Perguntinha”. O trio pensando em uma roubada para domingo…
Fui me aquecer numa via que eu ainda não tinha provado: Cinderela (5o), uma variante da via Rapumzel (5o). Excelente via de agarrões com veios incríveis que desafiam a imaginação! Cheguei na parada, olhei para cima e vi que a via poderia dar continuidade até o platô principal. Como o conquistador da via estava ali, perguntei ao DuNada sobre a possibilidade de fazer uma extensão. Na hora o DuNAda topou! Então catei o estagiário e mão na massa!
A extensão ficou bem curtinha, uns 6m de escalada a mais e ficou com 2 chapas mais a parada!
Rebit na mais clássica de todas as vias de Apeninos: Castelo Rá-Tim-Bum (6o grau).
Como o Graveto pediu para fazer o FA (fist ascent e não female ascent, kkkk) da via, lá foi o estagiário! Tremia como uma vara verde de tão nervoso! Tudo para não perdei o seu primeiro FA. Foi engraçado de fotografar! Mesmo assim, o garoto mandou bem e fez o FA da extensão.
Pedro “Graveto” fazendo o seu primeiro FA na extensão da via “Cinderela” (5o grau): Príncipe Encantado (7a).
Batizamos a extensão de “Príncipe Encantado”. Assim, se você fizer a via inteira ficaria assim: A Cinderela e o Príncipe Encantado! Sacaram?
A via completa foi graduada em 7a e tem aproximadamente uns 28m.
Mesmo as coisas não acontecendo nos conformes, foi um final de semana bem proveitoso com muito bullying e muita escalada! Valeu demais galera!
Para não deixar mentir sozinho, no blog do Rebit há a versão dele sobre o findi!
Quer saber mais sobre Prosperidade? Clique aqui!