20 anos da ACE

No dia 8 de Abril de 2003, vinte e quatro escaladores capixabas uniram suas forças em busca de um ideal e fundaram a Associação Capixaba de Escalada – ACE.

Um dos principais “estopins” para fundação da associação foi a busca pelo direito de ter o acesso à Pedra Azul que estava proibido para prática da escalada pelos gestores do Parque Estadual. Na ocasião, viram que apenas com uma comunidade unida, organizada e representativa seria possível negociar e reivindicar, perante os órgãos públicos, o acesso a essa montanha. 

Foi uma luta longa que durou 12 anos para que finalmente TODOS os escaladores pudessem ter o direito de escalar essa montanha, conquista essa que só possível graças a força da Associação Capixaba de Escalada.

Hoje, a escalada da Pedra Azul está entre as 50 vias mais clássicas do Brasil, atraindo não só escaladores locais como muitos escaladores de fora do Estado e até de outros países.

Neste link há uma matéria que saiu no Jornal Mountain Voices sobre essa saga da Pedra Azul.

Graças a experiência positiva desse projeto, em 2019, mais uma vez a ACE conseguiu pleitear junto ao Estado, o direito de acesso a outro cume, o Forno Grande, que também esteve fechado ao público por muitos anos. 

Neste link há o relato da escalada inaugural ao Forno Grande com a presença do governador do Estado.

Outra atividade relevante da Associação é o Programa Adote uma Montanha da CBME. A ACE “adotou” o Morro do Moreno em Vila Velha e tem realizado atividades de limpeza e conscientização neste pico de escalada. O Morro do Moreno é uma área verde inserida dentro da cidade de Vila Velha que recebe um enorme influxo de pessoas durante os finais de semana que vão ao local não só para praticar escalada mas também para caminhar e contemplar a vista. Em virtude do grande volume de pessoas que adentram morro acima, o local sofre com problema de descarte de lixo, erosão nas trilhas e problemas sociais como assaltos e furtos. Os problemas do Morro do Moreno estão longe de serem resolvidos, sem dúvida precisaremos da ajuda do Estado em parceria com entidades locais que usufruem do espaço para buscar uma solução a longo prazo.

Ao longo desses 20 anos, a ACE também esteve a frente de outros projetos. Em 2005, dois anos após a fundação, foi realizado no Parque Pedra da Cebola em Vitória, o Io Encontro de Escalada do Espírito Santo que ao longo dos anos teve mais 11 edições em diversas outras cidades. A ideia do Encontro de Escalada foi desenvolver e divulgar novas áreas de escalada pelo Estado. Assim, a cada ano, quando era escolhido a cidade sede, as conquistas das vias eram direcionadas para essas cidades, ajudando não só a desenvolver a escalada, mas também estimular o turismo na região.

• 2005 – Vitória
• 2006 – Barra de São Francisco (foi uma abertura, mas contamos como Encontro)
• 2009 – Afonso Cláudio
• 2010 – Castelo
• 2011 – Cachoeiro de Itapemirim
• 2012 – Pancas
• 2013 – Viana
• 2014 – Águia Branca
• 2015 – Itaguaçu
• 2016 – Itarana
• 2018 – Castelo
• 2019 – Uliana

Em paralelo aos encontros anuais, a ACE também realizou e ainda realiza anualmente a Abertura da Temporada de Escalada do Espírito Santo. O primeiro evento foi realizado na cidade de Barra de São Francisco, na região noroeste do Estado, mas a partir de 2013, o evento é realizado sempre nas dependências do Lazer Furlan em Castelo.

Em 2012, foi inaugurado nos fundos de um imóvel, a Sede da ACE, onde foi construído um muro de escalada de aproximadamente 55m2, constituído de dois muros, um de frente para outro, destinado para prática e treinamento de escalada durante a semana. Durante a semana, esse é o point de encontro entre os escaladores e por diversas vezes foi palco de diversos eventos, como o Festival Boulder, Serra Master, Noite das Fitas e outros eventos integrativos. Atualmente o Muro da ACE é um centro de excelência em treinamento, possuindo todo suporte e equipamento necessário para aperfeiçoamento no esporte. Sem dúvida, de alguma forma, o Muro da ACE ajudou e segue ajudando a elevar o nível da escalada capixaba.

Neste link há um post sobre os 10 anos do Muro da ACE.

A partir de 2014, a ACE dispõe aos seus sócios um programa de subsídio (50%) à conquista de novas vias e manutenção em parceria com a fabricante de chapeletas Bonier. Essa parceria tem permitido elevar a qualidade das proteções colocadas nas montanhas do Estado, uma vez que todos as proteções são em aço inox. Além disso, a “bancada” da ACE possui, mediante a apresentação de projetos, verba destinada para aquisição e instalação de proteções fixas especiais, como grampos de titânio e proteções em aço inox 316L. Até onde sei, são poucas as associações e clubes do Brasil que possuem um almoxarife dessa natureza. Segundo minhas estimativas, foram abertas aproximadamente 220 vias, entre esportivas e tradicionais no Estado utilizando o material da conquista da associação.

Em termos de sócios, atualmente a ACE possui 42 sócios. Considerando que o universo de escaladores do Espírito Santo é na ordem de 100 pessoas, pode se afirmar que quase a meados dos escaladores fazem parte da associação.

A gestão da entidade funciona por Conselheiros eleitos por voto secreto a cada dois anos. Com isso não há a figura do presidente. Ao longo dos anos tivemos diversos Conselheiros na ACE que atuaram na organização da entidade, além de diversos Grupos de Trabalho para coordenação de atividades específicas.

2021-2022

• Eric Penedo
• José Márcio Moraes Dorigueto
• Natália Viana Tamiasso
• Lissandro Dilkin
• Dante Loubach de Lima

2017-2018

• Naoki Arima
• Luciola Selia
• Sandro Rodrigo Aniceto de Souza
• Lúcia Conrado
• Janaina Bastos Depianti

2015-2016

1. Jakson Henrique Antoniolli
2. Maurício Sartori
3. Redi Silva de Siqueira
4. Sandro Rodrigo Aniceto de Souza
5. Zudivan Peterli

2013-2014

1. José Márcio Moraes Dorigueto
2. Naoki Arima
3. Sandro Rodrigo Aniceto de Souza
4. Thiago de Souza Coelho
5. Maurício Sartori

2011-2012

1. José Márcio Dorigueto
2. Naoki Arima
3. Sandro Aniceto
4. Roney Magri
5. Thiago Coelho

2009-2010

1. José Márcio Moraes Dorigueto
2. Jakson Henrique Antoniolli
3. Oswaldo Cruz de Almeida Junior
4. Roney Celin Magri
5. Sarah Abner Castro Santos

Naturalmente, ao longo dos anos esse número flutuou bastante. Os registros indicam quem entre 2011 e 2014, a escalada capixaba viveu seu apogeu, em termos de praticantes, sócios, conquistas de novas vias e desenvolvimento de novas áreas. Atualmente a ACE vive um período de entressafra. Muitos dos fundadores da ACE ainda seguem na associação, mas já estão (estamos) cansados. Precisamos de novos ares dentro da entidade. Estamos vivendo a transição de uma geração que fez o seu papel no esporte e a busca de novos membros que aceitem abraçar essa causa de forma voluntária, sem esperar receber nada em volta. Neste link, uma vez escrevi sobre isso.

Vivemos um mundo diferente de 20 anos atrás, hoje o mundo é muito mais conectado e consequentemente, as relações interpessoais também mudaram. Se antigamente os Clubes e Associações tinham o papel de integrar, encontrar e trocar experiências, hoje em dia, a internet faz esse papel numa velocidade assustadora. A modernidade tem seus benefícios. Hoje em dia podemos nos conectar, quase que em tempo real, com tudo que acontece no outro lado do mundo, mas, por outro lado, nos distanciamos fisicamente das pessoas que estão próximas. E isso é refletido dentro da nossa Associação. A percepção que tenho é que estamos distanciando fisicamente e nos aproximando virtualmente entre os escaladores. Sem dúvida, um dos grandes desafios da Associação para os próximos anos será quebrar essa conexão e trazer novamente para perto os atuais e novos escaladores que irão nos representar no futuro.

Parabéns a todas as pessoas que fizeram e fazem parte dessa grande família!