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Bonito e Pantanal

O Brasil é um país enorme, somos a quinta nação em área territorial e só ficamos atrás da Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. Temos 8,51 milhões de km2, um pouco menor que a Europa que tem 10,18 milhões de km2. Por isso é até difícil definir o Brasil em uma única palavra, símbolo ou foto. Dizer que o Brasil é o país do Carnaval, do samba, ou que aqui só tem índio e macaco é no mínimo pejorativo. Somos um país com muitas facetas, culturas, geografias e costumes distintos. E a soma de tudo isso, talvez seja a verdadeira identidade do Brasil.

Considero-me um privilegiado por ter a oportunidade de conhecer esse Brasil gigante, mas ainda assim acho que conheci apenas uma pequena parte. As minhas viagens de escalada, a trabalho, as saídas de campo e estudos geológicos e as viagens a passeio me ajudaram a conhecer um pouco mais esse país que, às vezes nem damos tanto valor e acabamos viajando para o exterior por status. 

Aliás, viajar pelo Brasil não é para os fracos. Embora sejamos uma nação continental, a estrutura turística, a malha de transporte e infra-estrutura deixam a desejar quando comparado com outras nações mais turísticas como os Estados Unidos ou qualquer país da Europa. E os reflexos estão em números: o Brasil, em 2017, recebeu 6 milhões de turistas estrangeiros, segundo o site do Governo. Para se ter uma ideia, a cidade italiana de Veneza, recebeu em 2019, 12 milhões de turistas! É praticamente o dobro em relação ao Brasil e Veneza não passa de uma cidade alagada!

Mesmo assim, há algumas pontos turísticos do Brasil que são praticamente mais visitados por estrangeiros  do que por brasileiros! Como por exemplo a Amazônia Brasileira e o Pantanal! Enquanto os brasileiros vão a Paris, os franceses vem para o Brasil conhecer o exuberante bioma. Até a pouco tempo era mais barato e fácil viajar para Europa do que para a Amazônia. Eu mesmo aproveitei essa onda do câmbio favorável e provei toda estrutura para receber os turistas para conhecer diversos países, até porque eu sabia que essa bonança econômica não perduraria por muito tempo. 

De fato, nos últimos anos a nossa moeda está se desvalorizando progressivamente e está ficando cada vez mais oneroso viajar para a terra do Tio Sam ou para o Velho Mundo. E para agravar mais ainda a situação, em 2020 tivemos a pandemia para deixar tudo mais complicado. Com isso, os nossos olhos (Paula e eu) se viraram para dentro do país como uma opção para descansar uns dias. De todas as regiões do Brasil, nos faltava ainda “pincelar” o centro-oeste, principalmente a região de Bonito e o Pantanal mato-grossense. Para mim, essa região não é novidade. Desde criança o Pantanal sempre nutriu meu imaginário. Numa época, onde a janela do mundo vinha pela tela da televisão, eu ficava vidrado vendo as matérias do Globo Repórter ou do Globo Rural nas manhãs de domingo.

Já tentamos visitar essa região numa outra oportunidade, mas acabamos desistindo, justamente por causa dos valores proibitivos e acabamos viajando para outro lugar, mas dessa vez, com a crise e a baixa da demanda de turistas estrangeiros, conseguimos um plano razoável, mas ainda muito aquém da realidade brasileira.

Passamos 7 dias na região de Bonito e Pantanal, incluíndo os deslocamentos. Basicamente levamos 12h de Vitória até a cidade de Bonito, entre voos, conexões e transporte terrestre. Não vou chorar as pitangas falando que em 12h daria para ir à Europa e que se fosse em qualquer país com turismo levado mais a sério teria voos regulares de São Paulo até Bonito, mas enfim… Vamos falar de coisas boas!

Bonito

Bonito é uma cidade que se especializou no conceito de ecoturismo no início da década de noventa e tem o título de capital nacional do ecoturismo, onde o carro chefe são as flutuações nos rios cristalinos da região. Além disso, tem outras atrações como trilhas, cachoeiras e cavernas, mas para mim, isso é secundário. Cachoeiras e cavernas tem em qualquer lugar do Brasil, mas as flutuações são exclusividade de Bonito. Tanto é que durante toda nossa estadia passamos basicamente fazendo flutuações pelos principais rios da região (Rio da Prata, Rio Sucuri e Aquário Natural). Na internet há várias dicas e recomendações sobre essas flutuações, mas o que podemos dizer que cada flutuação é única. Não tem essa de: se fizer uma fez todas. Porque isso não é verdade. Tudo vai depender do dia, da hora, da sorte, ou do azar. Para se ter uma ideia, muita gente fala que a flutuação do Rio da Prata é a melhor de todas, mas para nós, a melhor foi no Aquário Natural. 

Flutuação no Aquário Natural com as Piraputangas, o peixe símbolo de Bonito, MS.
Flutuação no Aquário Natural, Bonito, MS.

Outro aspecto que chamou a nossa atenção foi a organização de todas as atrações. Ok, aqui tem um ponto discutível, pois para fazer as atrações você precisa comprar um pacote numa agência, e fazer os passeios sempre acompanhado de um guia. Simplesmente não tem como fazer nenhum passeio por conta e tudo isso sempre será um pouco salgado. Nós não gostamos muito desse tipo de passeio, pois queremos ter o nosso tempo para fazer as coisas, principalmente quando se trata de fotografar, mas não teve jeito. Ou entra no esquema ou fica de fora. Uma vez desembolsado, vale cada centavo investido. A estrutura de visitação de todas as atrações é impecável! Às vezes, falávamos que não estávamos no Brasil, principalmente no que se refere a pontualidade. Aliás, parece que a pontualidade é um aspecto que o povo de lá presa muito. Lembro que o nosso café da manhã, servido no quarto, por causa da pandemia, vinha na hora marcada, sem 1 ou 2 minutos a mais ou a menos!

Casal de Araras no Buraco das Araras, Jardins, MS.
Entardecer em Bonito.

Já as agências, que é um outro ponto que nunca fui muito fã, dessa vez, precisei dar o braço a torcer, pois fomos muito bem atendidos por uma equipe muito solícita. Costumo dizer que vender pacote é fácil e só sabemos da verdadeira idoneidade de uma empresa na hora que o bicho pega! E quando nós precisamos de uma ajuda por causa de um passeio que foi cancelado por causa da chuva, a nossa agência, ABN Turismo, “se virou nos trinta” para nos encaixar no dia seguinte sem comprometer o nosso cronograma. Ponto para eles!

Abismo Anhumas, Bonito.

Pantanal

Depois de 4 dias em Bonito, saímos do Cerrado e fomos para região do Pantanal sul, ainda no estado do Mato Grosso do Sul. Lá nos hospedamos num hotel (Jungle Lodge) que atente majoritariamente turistas estrangeiros, mas por causa da pandemia, éramos os únicos hóspedes num hotel para mais de 180 pessoas!

Entardecer no Pantanal.

O Pantanal é um lugar fantástico! Naturalmente não tem nada a ver com Bonito, é outra pegada, um prato cheio para quem curte fazer uma imersão na natureza e apreciar a abundante vida selvagem. Já fizemos duas viagens com essa proposta, uma vez para região de Banff no Canadá e outra para Yellowstone nos Estados Unidos e posso garantir que o Pantanal dá de 10 na biodiversidade. A variedade de pássaros, répteis, peixes e plantas é um show à parte! Praticamente vimos todos os grandes animais da região, menos a famosa e desejada onça-pintada que é o máximo do avistamento na região. Bom, pelo menos nós não a vimos, mas o contrário não tenho tanta certeza assim! Segundo o nosso guia, isso deve, em parte, estar relacionado com as queimadas que também afetaram o Pantanal Sul e provavelmente afugentaram as onças para o interior. No último dia, antes de voltarmos para Vitória, demos uma volta na região de carro e vimos muitas áreas queimadas. Uma coisa é ver as áreas queimadas na televisão, outra coisa é ver ao vivo e “sem cores”, in situ. Bate uma tristeza e uma desesperança na humanidade…

Pelo menos agora temos mais um motivo para voltar à região: tentar ver a famosa onça-pintada! Quem sabe dessa vez pelo lado norte do Pantanal que também é bastante famoso e muito conhecido pelos turistas estrangeiros… Agora é ficar de olho nas promoções e planejar a volta!

Flutuação no Rio da Prata, Jardins, MS.

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