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O óbvio precisa ser dito

Na semana passada, na volta de Castelo, passei na região de São Manuel para conferir uma montanha que havia visto no Google Maps. Olhando de longe, e de drone, parecia bem promissora, com muitos veios, buracos e totens.

Chegando em casa, fui estudar um pouco mais sobre o achado e descobri um artigo científico sobre a geologia da região (Decol et al., 2021), e para meu desagrado descobri que a rocha é um granito tipo G5. Os granitos G5 são, em geral, granitos com textura bem fina e homogênea, ou seja, sem agarras. Mas quando vi de longe não parecia tão homogênea, muito menos parecido com os outros granitos G5 como a Pedra Azul, por exemplo.

De qualquer forma, na face norte dessa montanha visualizei uma linha fendada bem natural que levava ao seu cume. Parecia uma escalada rápida e fácil. Fenda, granito com muitas agarras aparentes e pedra pouco inclinada. Jogo rápido!

Assim resolvi dar um pulo no último final de semana para fazer essa conquista “expressa”.

Convidei o Graveto e o DuNada que logo toparam sem perguntar muito sobre as pretensões.

A previsão para o final de semana não era das melhores, uma forte instabilidade marítima prometia trazer muita umidade e chuva para o Estado. Mais uma vez estudei os mapas e entendi que essa frente não avançaria muito para dentro do Estado. E como a região de Castelo fica bem para dentro do Estado, teoricamente não seria tão afetada.

“Fichas na mesa” e pé na estrada! Saímos de Vitória às 5h da manhã sob chuva, mas assim que chegamos na região de Pedra Azul, a chuva cessou e o céu azul apareceu timidamente. Dali até a região de São Manuel foram mais 50km e nada de chuva pelo caminho. Aparentemente as nuvens se concentraram em volta do Pico do Forno Grande que estava funcionando como um atrator de chuva.

Pedra Azul com nuvens e céu azul.

Encontramos o DuNada no caminho e fomos direto até a propriedade do senhor Agostinho. Na semana passada, já tinha conversado com ele sobre a intenção de escalar a montanha anexa a Pedra da Nogueira, então a conversa fluiu bem. De início, o senhor Agostinho não parecia “botar muita fé” nas nossas intenções, mas mesmo assim foi bastante cortês em nos mostrar o melhor caminho para chegar na base da montanha.

Separando o material.

A aproximação foi tranquila e rápida. Logo encontramos a base do grande totem/fenda. A primeira coisa que vi ao tocar na rocha foi que o artigo científico estava certo. A rocha tinha uma textura fina, logo sem agarras. Segunda coisa que chamou a atenção foi que a fenda era uma chaminé larga. De drone parecia mais estreita, mas era o que tínhamos para hoje.

O tempo estava estranho, uma hora parecia que iria chover, outra hora parecia que iríamos fritar na pedra, mas no geral estava suportável, considerando a clima atual.

Começamos a conquista subindo um trepa-mato na esperança de encontrar rocha limpa logo acima. Subi uns 15m e já fiz um zig-zag na corda e tive que estabelecer uma P1 para cortar o atrito. Dali para cima uma chaminé larga com um afunilamento estranho me aguardava. Mais uma vez não consegui conciliar bem o atrito e tive que estabelecer outra parada a uns 15m acima, num segundo platô.

Dali para cima parecia que a fenda iria estreitar e a escalada se tornar mais interessante, mas antes tinha que passar por uma “provação”, uma seção de oposição em Camalot #4. Para mim, essa largura é a pior que tem junto com a fenda de #.75. Nessa largura, a minha mão não é grande o suficiente para entalar nem para enfiar o ombro e subir em fenda de meio corpo. Por isso, preciso usar as duas mãos para fazer um entalamento conjugado (stacking) e ir subindo, um suplício. 

Passado trecho de #4 estabeleci uma parada numa grande árvore e chamei os meninos. O Graveto subiu de segundo, em oposição, sem esboçar muita dificuldade. O problema de subir guiando em oposição é que fica difícil ver e proteger o lance. Em Indian Creek ouvia muita gente gritando “no lieback” quando alguém fazia isso em top rope, justamente por isso.

Lance do Camalot #4.

A próxima enfiada parecia melhor. Cada vez mais, a fenda ia diminuindo de tamanho. Agora, a minha preocupação era a fenda sumir e virar um diedro cego num granito liso, mas por sorte, por mais 30m, o diedro se mostrou imaculadamente perfeita.

Graveto limpando a 4a enfiada.

Estabeleci a P4 no final do primeiro sistema de fendas, onde bati as primeiras proteções fixas da via. Até então havíamos subido uns 80m sem precisar bater nenhuma chapa.

A essa altura, eu estava começando a entender que essa conquista não seria tão fácil quanto estava imaginando. A pedra estava mais inclinada do que o esperado e a fenda estava consumindo bastante tempo e energia. Para piorar, havíamos levado poucas chapeletas. Se quiséssemos fazer cume numa única investida, teríamos que ser mais rápidos e econômicos na via.

E para piorar, enquanto contava as chapas, por descuido, acabei deixando cair uma chapeleta! Agora teria que substituir a chapeleta faltante por coragem!

A próxima enfiada seria uma transição de um sistema de fenda para outro, passando por um longo trecho de aderência. Por sorte, a pedra deu uma trégua na inclinação e a transição foi relativamente fácil.

A essa altura, nós já éramos a atração dos moradores da região. Conseguia ouvir as pessoas comentando sobre a nossa escalada e dava para ver que muita gente estava acompanhando de perto a nossa conquista.

A travessia nos levou a um segundo sistema de fendas, dessa vez um pouco mais suja. Pelo menos a pedra era menos inclinada, o que facilitou a conquista.

DuNada limpando a 6a enfiada.

Carreguei dois jogos no rack e subi largando peças com força pela enfiada até esticar a corda. Como subi muito pesado, resolvi deixar a mochila com a furadeira na parada e içar somente se fosse necessário. Assim que a fenda acabou, pedi para amarrar a furadeira na retinida para puxar a furadeira. Puxei 55m de retinida que teimava em prender em tudo que encontrava pela frente. Quando finalmente a furadeira chegou, descobri que os dois inteligentes esqueceram de colocar as chapeletas na mochila. Logo estava com a furadeira, mas sem as chapeletas para fazer a parada. Devido à vegetação não tinha como jogar a retinida de volta para içar novamente. Sem muita opção, estabeleci uma parada móvel e chamei os dois desatentes. No meio da discussão sobre o esquecimento das chapas o Graveto largou:

– O óbvio precisa ser dito!

Pronto, já tínhamos o nome da via!

Parada móvel usando a retinida como fita porque já não tinha mais fita.

A essa altura, o horário estava bem adiantado. Também dava para ver que a chuva estava nos rodeando e a qualquer momento poderíamos ser sorteados, então o sentimento de urgência se fazia onipresente.

A partir desse ponto, também comecei a ficar preocupado com o nosso estoque de chapeleta, pois o rapel parecia complicado com tantos zig zagues. Talvez fosse necessário bater algumas paradas de rapel ao longo da descida, logo teria que considerar isso na conta.

Estiquei a próxima enfiada economizando chapas. Pensei em esticar uma corda inteira, mas assim que encontrei um headwall resolvi cortar a enfiada para facilitar a virada final. Não tentem emendar essa enfiada!

A essa altura o DuNada já estava com a bateria na reserva. Perguntou se a via não poderia terminar na base do headwall, mas ali não parecia um “cume” de montanha. Contei umas mentiras e tentei levantar um pouco a moral para ganhar o último trecho.

Assumi a ponta novamente e parti para conquistar o último tiro. A virada do headwall ficou bem aérea e bonita. A luz dourada do final do dia trouxe um pouco de inspiração e acelerei para cima. Bati a parada num pequeno platô e chamei os dois. O meu relógio marcava 16h30. Foram aproximadamente 6h30 de escalada para conquistar 8 enfiadas, iniciamos a conquista às 10h30. Mas ainda nos restava o longo caminho de volta. Ali, já sabíamos que a descida seria a luz de headlamp.

Vista do cume para os lados do Forno Grande (encoberto).
Foto no cume com Forno Grande ao fundo.

Descemos estabelecendo uma linha de rapel utilizando as últimas 4 chapeletas que sobraram. Enquanto descíamos concentrados, ouvi alguém lá de baixo gritando:

– Fulano, o pessoal está descendo! Venha ver!

Assim que chegamos na casa do senhor Agostinho, toda famíla veio nos receber e contar que passaram o dia vendo nossa escalada. Pelos detalhes do relato deu para ver que realmente passaram praticamente o dia inteiro acompanhando a nossa escalada. E de quebra, ainda fomos recepcionados com um saboroso mocotó que desceu redondo depois de tanto esforço.

Ainda passamos um bom tempo contando as histórias da conquista para o pessoal. Depois dali fomos direto para casa da tia do DuNada em Apeninos onde passamos a noite.

Uma das coisas mais legais dessas conquistas é quando há esse engajamento dos moradores locais com o nosso esforço. Dava para ver e ouvir que eles estavam torcendo pelo sucesso da nossa escalada e ser recepcionado desse jeito, depois de um longo dia de escalada, fez valer qualquer esforço e sofrimento.

Linha da via

No dia seguinte, após uma boa noite de sono, ainda demos uma passada na Parede de Apeninos para conferir dois projetos que abrimos na semana passada. Fiz o FA da “Joelho de Porco” e graduei em VI. E o Graveto ainda fez o FA da “A saída me condena”, sugerindo um 7a/b. E o DuNada ficou dormindo na rede!

Apeninos!

Para mim, a região de Castelo tem a paisagem e as montanhas mais bonitas do Espírito Santo. A maioria das pessoas que vem ao Estado escalar nem passa por lá e vão logo para região de Pancas que também é muito legal. No entanto, ainda acho que Castelo seja mais completo por possuir uma geografia bem ímpar, com várias gemas escondidas que estão apenas ao alcance das pessoas que desejam se perder pelas estradas vicinais da região!

Montanhas do complexo de Alto Chapéu.

Gratidão ao DuNada por mais essa conquista e ao Graveto por voltar às conquistas depois de tantos anos off. Acho que a última vez que nós três nos reunimos para conquistar foi há 10 anos, na conquista da via “Ascendência Térmica” em Itarana.

Largartixa.
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Apeninos trip

Lá por volta de 2010, quando começamos a desenvolver a parede de Apeninos em Castelo, sempre comentávamos que um dia tínhamos que ir lá só escalar, sem levar furadeira, e curtir um pouco o lugar… mas isso nunca aconteceu… Foi preciso esperar 14 anos para finalmente fazer isso no último feriado de Nossa Senhora da Penha.

Foram três dias de escalada sem compromisso, repetindo as vias clássicas e relembrando porque elas são clássicas, mesmo depois de 14 anos.

Éric trabalhando a via Terceira Faixa (7c)
Porko na via Castelo Ra Tim Bum (VI)

Para fechar com “chave de ouro” a estadia “curtição”, Porko, Eric e eu ficamos no Abrigo de Montanha de Apeninos- AMA, o primeiro abrigo de montanha do Espírito Santo que fica aos pés da pedra! Um luxo!

Abrigo de Montanha Apeninos.

Escalar com o Porko sempre é sinônimo de luxo e pouca escalada! Então o churrasco comeu solto! Não só na janta, mas também no almoço e quase no café da manhã.

Café da manhã.
Carne na brasa, ou no fogo?

Para não dizer que deixei a furadeira em casa, assim que os dois foram embora no domingo, conquistei uma via (projeto), à direita da via Contramão (7b), batizada de “Homem de 4 mil anos”. 

No sábado, enquanto me dirigia para Apeninos, dei um pulo na Gruta de Limoeiro que fica ali perto para conhecer o local. Na verdade, já tinha ido há 17 anos, mas agora o local ganhou mais infraestrutura e as visitas são guiadas. O guia Nícolas me apresentou a gruta e contou toda história do local, inclusive sobre a descoberta dos restos mortais de um indígeno da idade antiga, datado em 4 mil anos. Achei aquilo incrível, então resolvi fazer essa pequena homagem ao antigo morador da região.

Gruta do Limoeiro.

Já na segunda-feira, foi feriado estadual, conquistei uma via à esquerda do setor 4×4. Havia visto essa linha na Abertura da Temporada do ano passado. A linha segue por um grande diedro em arco para direita e me pareceu bem óbvia e promissora. Resolvi conquistá-la em solitária e em artificial, aproveitando a fenda, mas assim que coloquei a terceira peça, um Totem Preto, ela sacou com o peso porque a rocha se esfarelou e tomei um voo. Parei num Totem Amarelo e acabei machucando um pouco o joelho no impacto. Por causa desse incidente, no mínimo aterrorizador, batizei a via de “Joelho de Porco”. A via ficou Ok, a rocha é um pouco decomposta, mas diria que ficou interessante. Bati algumas chapas para melhorar a proteção, mas a via requer complemento com peças pequenas (até #.75).

Apeninos no primeiro plano e o Forno Grande ao fundo.

Assim que desci da via, visualizei uma linha à direita com potencial para ser uma escalada bem agradável. Bati as chapas e logo em seguida o Xerxes e a Lu apareceram no setor para prová-la. A via ficou ótima, mas a saída acabou destoando um pouco, por isso foi batizada de “A saída te condena”. O lance não foi isolado, mas deve ser um 7a. 

Lu trabalhando o projeto “A saída te condena”.

Na longa volta para Vitória, ainda passei novamente na região de Limoeiro para conferir o potencial para novas vias numa montanha que, no mínimo, é diferente geologicamente. Fico impressionado como tem pedra nesse lugar, um verdadeiro paraíso para quem gosta de conquistar!

Montanhas de Castelo, essa pedra tem pontencial!

Daqui a duas semanas estarei de volta, agora para Abertura da Temporada de Escalada, um evento super clássico do calendário capixaba. Espero que o São Pedro nos envie um pouco de frio, porque o calor está complicado por aqui!

Forno Grande ao amanhecer
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ATEES 2024

Anotem na agenda: dias 20 e 21 de abril, Abertura da Temporada de Escalada do Espírito Santo!

Como de praxe, o local sede será no lazer Furlan em Castelo e a concentração para escalada será em Apeninos e Furlan.

Para saber como foi o evento passado clique aqui!

Para ler mais sobre os principais picos de escalada de Castelo, clique aqui!

Em breve teremos a programação oficial no site do evento.

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Samba no pé

Domingo

Domingo de Carnaval amanheceu ensolarado. Pela janela do quarto olhei em direção ao Calogi e vi algumas nuvens. Sabia que durante a madrugada tinha chovido de leve. Lembro de ter acordado com o som da chuva.

A mochila já estava pronta!

Passei na padaria e pé na estrada para conquistar mais uma via em Calogi, dessa vez em solitária.

No ano passado, quando fiz um sobrevoo de drone pelo Calogi, observei uma linha bem interessante à esquerda da via “Quebra Coco”, na face nordeste. Essa é uma face que fica um pouco escondida e com bastante vegetação, mas graças ao drone pude ver uma linha interessante passando por um totem suspenso.

No final do ano passado foi inaugurada a rodovia “Contorno do Mestre Álvaro” que desvia a saída norte de Vitória por fora do perímetro urbano da Serra. Para nós que vamos direto ao Calogi, esse contorno foi uma benção. Agora saio de casa, coloco o carro no piloto automático e só desligo na estrada de chão! Sem radares e semáforos!

Assim que entrei na estrada de chão vi muitas poças de água pelo caminho. Tudo indicava que de madrugada choveu bastante. Mesmo assim, mantive o plano. Calogi tem fama de repelir a chuva.

Chegando mais perto, constatei que a chuva pegou em cheio na pedra. Muitos escorridos de água, principalmente na face nordeste. Mesmo assim resolvi fazer a aproximação, só de facão, para estudar a saída da via.

Assim que cheguei no colo, pulei uma cerca e ao passar por cima de um tronco seco fui atacado por uma abelha que me picou na mão esquerda. Uma segunda abelha foi para minha mão direita e mais uma picada! Corri para me afastar do enxame, mas o estrago estava feito.

Segui para base da pedra e constatei o óbvio: estava molhada, encharcada seria a palavra mais adequada.

Num momento de insanidade achei que pudesse escalar mesmo assim. Ensaiei uma saída de tênis, mas lembrei que estava sozinha na montanha. Seria imprudência demais…

Resolvi voltar para casa e deixar para outro dia. Melhor cuidar das picadas que estavam me incomodando.

Terça-feira

Voltei ao Calogi na 3a feira de Carnaval. Acompanhei o tempo mais de perto e tudo indicava que a pedra estaria seca.

De fato, a pedra estava seca. Mas agora, o mesmo Sol que secou a pedra estava querendo me fritar no granito preto. O termômetro estava marcando 32 graus Celsius. Na pedra, facilmente chegaria aos 35 graus. A chapa iria esquentar.

Preparando os equipos. Pesado!

Por volta das 10h30 iniciei os preparativos e comecei a conquista. Passei pelo trecho outrora molhada. Ainda bem que não subi no domingo. O início é bem estranho.

Pedra estranha, agarras estranhas e tato estranho. Lembrei que em 2022 escalei em solitária a via do lado, Quebra Coco, e passei por um trecho bem parecido.

Saída da via.

Cheguei numa árvore, lacei e segui. Estiquei para esquerda e de repente senti um tranco na corda. O Silent Partner travou! Tentei destravar, mas algo não estava certo e não consegui destravar. Meio sem opção e no perrengue bati uma chapa para tentar resolver o problema. O sol estava castigante, precisava de sombra para ver melhor o que estava acontecendo. Resolvi descer para estudar melhor na sombra.

Tentei de todas as formas destravar, mas o aparelho emperrou e não tinha solução. Para não perder a viagem, resolvi usar o Gri-gri. Uma pequena adaptação aqui e logo estava de volta à primeira chapa para dar sequência a escalada.

Bati mais 3 chapas e estiquei toda corda até chegar num platô onde estabeleci a P1. Sem dúvida foi a enfiada mais sofrida devido ao calor. Sempre que batia uma chapa tirava a sapatilha para dar um respiro.

Pelo menos a P1 tinha uma meia sombra e um pouco de vento, mas o calor seguia implacável. Sabia que a via tenderia a contornar a pedra para leste, seguindo contra a direção do sol, por isso sabia que logo logo entraria na sombra.

A segunda enfiada saiu rápida. Terreno fácil, apenas uma chapa fixa para orientação e o resto em móvel e proteção natural. A P2 era mais confortável que a P1 e o melhor de tudo, na sombra.

Final da segunda enfiada.
Sombra!!!!
Sombra!

A terceira enfiada seria pela lateral do totem. Tudo indicava que seria mais uma enfiada desfrute e toda protegida em móvel. Na saída rolou um lance um pouco mais difícil e depois a escalada seguiu por um mar de agarras com muitas opções para peças.

Saída da 3a enfiada. Muito gerenciamento de corda.

Assim que cheguei na P3 a parede estava totalmente na sombra e o vento do final do dia soprava com bastante intensidade. Era tudo que eu desejava e estava precisando para terminar a conquista.

A 4a enfiada era para ser só um protocolo, mas a saída se mostrou mais difícil do que o esperado e mais acima, a rocha mudou de textura e as agarras sumiram. Tive que bailar, ou sambar na aderência para ganhar os lances.

Saída da 4a enfiada.

Nessa enfiada bati 3 chapas. E após esticar uns 40m cheguei numa clareira que havia mirado de longe para finalizar a via.

Dali, uma pequena caminhada para direita me levou diretamente para parada final da Quebra Coco, por onde desci até o totem e do totem até a base.

Vista do cume com a sombra do Calogi e o Monte Mestre Álvaro ao fundo.

Cheguei na base do totem por volta das 17h45. De longe foi o pior tempo para uma conquista, mas devido ao calor não tinha como ir mais rápido.

Em linhas gerais, posso dizer que a via ficou bem aventurosa. Não tem nada muito difícil, mas requer um pouco de navegação. Diria que é uma excelente opção para um meio turno de escalada num dia de verão.

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Resumo de janeiro 2024

O mês de janeiro foi bastante quente e úmido por aqui. Diria que está sendo uns dos janeiros mais quentes. Realmente está bem desagradável escalar nos últimos dias, tanto indoor quanto outdoor. Com isso, tenho dedicado mais tempo à equipagem e conquista de novas vias do que a escalada em si.

Em meados de dezembro, publiquei um post falando sobre o início do desenvolvimento do Setor Arapuca em Calogi. Desde então, só tenho ido lá, principalmente com a Jana e o Felipe. Atualmente, o setor já conta com 7 vias e 3 projetos. 

Somente num dos finais semana, pela manhã, aproveitando um bom vento nordeste, conseguimos escalar com certo nível de decência. Nesse dia deixei a furadeira de lado, calcei a sapatilha, passei muito magnésio e tratei de derrubar alguns projetos.

Felipe Alves na “Marcha das Formigas”, um clássico!

Também durante o mês de janeiro, trabalhamos na construção de um Moonboard no Muro da ACE. Desmontamos o setor vertical e levantamos um muro de 40 graus para receber as agarras do Moon versão 2016.

Trabalhando na estrutura do muro.

Ainda no campo indoor, trabalhei dois dias na Academia Toca (Vitória – ES) “settando” com o Alequinho e o Luan no setor cave. Foi um longo dia de trabalho, mas acho que o resultado ficou bem bacana. Aproveitei para pegar uns betas de “settagem” com os jovens!

Trabalho de setagem.
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Retrospectiva 2023

Mais um ano chegando ao fim e mais um resumão sobre 2023 para relembrar o ano.

Olhando por alto, 2023 foi um ano bem fraquinho por aqui. Já tivemos anos melhores. O gráfico abaixo que mostra as conquistas de vias por modalidade expressa bem como foi a temporada.

Penso que estamos passando por uma fase transitória na escalada capixaba. Geração antiga tirando o pé e a nova geração ainda pegando o ritmo. Além disso, devido ao El Ninõ, tivemos uma temporada bem chuvosa e instável, foi preciso muita resiliência e boas horas analisando a previsão do tempo para garantir alguma escalada.

Escalando em Itaguaçu.

Esse ano tivemos novamente a Abertura da Temporada de Escalada do Espírito Santo em Castelo, um evento organizado pela Associação  Capixaba de Escalada que completou 20 anos de existência.

Foto oficial da ATEES 2023.

Além desse evento, em agosto, tivemos a segunda edição do Curso de Prevenção de Acidente, o PAARE ministrado pelo escalador Nativo nas instalações do Corpo de Bombeiros e ginásio Toca.

Turma do PAARE 2023.

Já em novembro tivemos o Festival de Boulder da Toca em comemoração ao aniversário de um ano do ginásio de escalada. Semanas mais tarde, aconteceu no ginásio Colaboulder, em Colatina, um simulado de escalada como parte do evento de confraternização de final de ano.

Festival de Boulder da Toca.

No campo dos boulders tivemos a repetição do famoso boulder Cirurgia Moral (V9) pelos escaladores Felipe Alves e André Magalhões, que também mandou o Hereditário (V8) – Morro do Moreno. O escalador Luan mandou o boulder Diamante Bruto na versão SDS (V10), Morro do Moreno. Já o Alex Mendes abriu e mandou o Adamantium (V13) – Morro do Moreno, estabelecendo o boulder mais difícil do Estado.

Entre as mulheres, o destaque vai para Gaby que fez a primeira ascensão feminina do boulder Caramujo com Rabo (V7) também no Moreno.

Gaby num V1 de travessia em João Neiva.

Nas esportivas tivemos a descoberta de três novos setores de escalada: Casotti em Colatina, Militão em São Roque do Canaã e Peroba em Domingos Martins. São todos setores pequenos que ainda contam com poucas vias, mas com potencial para serem boas zonas de escalada.

Em Calogi, o setor da vez está sendo o desenvolvimento do Setor Arapuca, que até então já possui 9 vias/projetos.

Conquistando em Peroba.

Em termos de ascensões expressivas tivemos o FA da via Sem Brincadeira (11a) pelo Alex Mendes em Amarelos e a primeira repetição da via Centenário (10c), em Calogi, pelo escalador Felipe Alves.

Já nas paredes, em abril tivemos a conquista de mais uma via nos Três Pontões de Águia Branca pelos escaladores, Zé Márcio, Sandro Souza, André Tesourinho, Eric Penedo, Osvaldo Baldin e João Vitor. Outra conquista expressiva foi a conquista de uma nova via na face nordeste do Itabira pelos escaladores Neni Gababardo e Gareth Leah. E mais para o final do ano, os escaladores paranaenses Ed Padilha, Val e Willian conquistaram a segunda via na Pedra da Lajinha, em Afonso Cláudio.

Entardecer na Pedra da Lajinha.

Mais para o final do ano, em dezembro, as escaladoras Sarah Cantarino, Joyce Baiense e Marcela Muttz realizaram a primeira ascensão feminina da via “Inferno na Torre”, no Dedinho dos Três Pontões de Afonso Cláudio.

Três Pontões ao entardecer.

Em termos de liberação de vias, rolou a liberação integral das vias Dor de Cotovelo na Parede dos Sonhos e Despedida de Solteiro na Pedra Paulista.

Pedra Paulista

Que venha 2024 com muitas conquistas e escaladas!

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Setor Arapuca

Para quem vê o Calogi de frente, uma parede à direita sempre chama a atenção pela imponência e cor alaranjada. Uns 13 anos atrás, passei na base e achei muito lisa, sem potencial para novas vias.

Tempos atrás o Alequinho passou por lá e achou que poderiam sair algumas vias de 10o grau.

Mais recentemente o Felipe e a Jana também passaram por lá e viram que mais para direita, na parte escura, a parede poderia receber algumas vias mais fáceis.

No mês passado, Chuck e eu abrimos uma variante ali perto, na Arapuca. Aproveitando que estávamos por lá, fomos dar uma olhada no setor novamente. De fato, o lado direito parecia muito mais promissor do que o lado esquerdo alaranjado.

Fiquei na dúvida sobre desenvolver esse setor, pois a maioria do pessoal que vai para o Calogi não passa do Totem. O Setor Excluído é praticamente um setor esquecido e o Vale Perdido anda bem abandonado nos últimos tempos. E esse setor novo fica mais longe e com uma aproximação bem marota. Sempre que vou lá me perco na volta…

Como o verão é um período propício para desenvolver novas áreas esportivas, já que não tem como fazer parede nesse calor, resolvi iniciar a investida nesse setor ermo com a Jana e o Felipe.

Iniciando os trabalhos. Foto: Jana

Após duas investidas equipamos 8 vias, duas mistas e 6 fixas. Dessas, apenas duas foram encadenadas e o resto segue como projeto, mas todas são bem factíveis. Em algumas, chegamos a isolar todas passadas. 

Com isso meio que finalizamos o lado direito do setor. Agora o desenvolvimento segue para esquerda em direção à parede laranja. Devido à complexidade desse lado, imagino que o ritmo do trabalho caia um pouco. Até então conseguíamos acessar o topo pelo lado, mas agora ficará mais difícil e trabalhoso acessar o topo.

Jana trabalhando a via “Árvore Proibida” (8a).

O setor tem se mostrado uma grata surpresa. Vias curtas, mas bem estéticas e diversificadas. A opção de poder escalar em móvel também é um charme. Se o pessoal deixar a preguiça de lado, garanto que encontrão bons projetos para o verão!

Felipe isolando um projeto hard sem nome, via #4 no croqui.

Por hora, devemos fazer um pequeno recesso de final de ano, mas em 2024, com certeza, voltaremos para dar continuidade aos trabalhos e quando chegar a temporada cair dentro com força total nos projetos!

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Karoo

Passei os últimos dez dias pela África do Sul, a trabalho, com a minha esposa Paula.

Foram dias bem pesados de trabalho de campo, acordando cedo, indo dormir tarde e sendo castigado pelo calor atípico. Por outro lado, tivemos a oportunidade de conhecer e ver paisagens incríveis, além de observar muita vida selvagem.

Entardecer na região de Tanqua.

Em meados deste ano, quando soube dessa viagem, comprei um teleconversor de 2x para minha objetiva Fuji 55-140mm. Com isso, transformei a minha 200mm equivalente em uma 400mm.

Segue abaixo algumas fotos nessa configuração. As fotos foram tiradas na Reserva Inverdoorn, Cabo da Boa Esperança e Boulder Beach.

Leão na Reserva Inveroorn.
Girrafa na reserva.
Cheeta comendo um sushi de frango.
Rinocerontes passeando.
Zebra.
Elefante Africano.
Babuíno no Cabo da Boa Esperança.
Pinguins em Boulder Beach.
Pinguins!
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Acontecimentos recentes

Nas últimas semanas rolaram algumas coisas bem interessantes e variadas por aqui:

Festival de Boulder da Toca

No mês passado, o ginásio de escalada Toca, completou um ano de vida e para comemorar a data realizou um Festival de Boulder. O time de route setters da Toca prepararam 50 boulders inéditos e o evento aconteceu no formato Festival durante 3 dias. Ao final de três dias, entre mortos e feridos, foi feita a soma, pontos corridos, para ver quem foram os melhores em cada categoria.

Foto: Matheus Vidal

Segue a classificação final:

  1. 1- Felipe Alves – 226,3
  2. Jordan Libaldi – 190,6
  3. Naoki Arima – 170,1
  4. Pedro Teixeira – 165,7
  5. Daniel Caixeta – 148,6
  6. Lucas Vieira – 122,0
  7. Luca Temponi – 104,0
  8. Gustavo Krohling – 93,2
  9. Janaina Depianti – 92,6
  10. Felipe Branquinho – 88,0

Da minha parte fui um pouco enferrujado dos boulders, mas me esforcei para não fazer feio. Estava longe de fazer como o Felipe Alves que fechou todos os 50 boulders em três dias.

Achei os boulders bem montados e bem adequados para o público que esteve presente. Acho que foram uns 90 inscritos no evento.

Foto: Matheus Vidal

Artigo

Na semana passada recebi a notícia de que um artigo sobre o potencial geoturístico do Espírito Santo foi finalmente publicado. Ajudei muito pouco no artigo organizado pelo Adilson da CPRM de Belo Horizonte. É um artigo bem técnico de geologia, mas tem uma parte bem importante que fala sobre a potencialidade das montanhas do Estado para o turismo, que também inclui a prática de esporte como a escalada.

Como geólogo e escalador espero que esse pequeno passo seja o estopim para o desenvolvimento deste tipo de turismo no Estado. Mas vendo o que ando vendo, ainda acho que temos um longo caminho pela frente.

Caso alguém tenha interesse em ler o artigo, segue o link.

Araponga – Calogi

Já no último domingo, aproveitando uma janela atípica de primavera, Chuck e eu conquistamos uma nova trad na face sul de Calogi.

A face sul de Calogi é uma face pouco conhecida e frequentada. Noventa e nove porcento da galera vai até o Calogi escala no Totem e só. Em 2012, Dunada e eu conquistamos a primeira e única via dessa face, a Arapuca que desde então, até onde sei, teve apenas duas repetições.

A ideia de voltar aquela face e abrir uma nova via surgiu a partir de um sobrevoo de drone que fiz por aqueles lados no ano passado. Na ocasião vi que poderia sair uma via mista à esquerda da via Arapuca, passando por uma série de feições que pareciam fendas.

Fomos sem pressa. Sem compromisso para fazer cume ou terminar a via. Levamos uns 30 minutos para fazer a aproximação. A caminhada aos pés da montanha sempre é mais chata devido às pedras soltas.

Encontramos a base da via Arapuca e optamos por repetir a 1a enfiada para ganhar o platô e dali divergir para esquerda. Poderíamos ter saído um pouco mais pela esquerda, mas teríamos que bater algumas chapas. Assim, preferimos a saída da Arapuca que é em móvel com apenas uma proteção fixa.

Estudando a parede.
Chuck na saída da Arapuca.

Do platô da P1, abri os trabalhos saindo bem a esquerda para contornar uma espécia de gruta que parecia intransponível pelo meio.

Passei à esquerda da gruta, mas logo descobri que quanto mais à esquerda, mais vertical ficava a parede. Achei uma linha boa um pouco antes e fui subindo. Depois de duas chapas queria tocar à esquerda, mas uma bela banda de rocha me hipnotizou para direita, levando de volta para Arapuca.

A travessia à direita me levou praticamente de volta a via Arapuca. Nesse ponto bati uma parada após esticar quase 35m de corda. Chamei o Chuck que subiu provando a enfiada e logo parti para conquistar a 2a enfiada.

Dessa vez estava determinado a tocar para esquerda. Recuperei o terreno perdido com outra travessia à esquerda até achar uma belíssima linha de agarras com algumas feições que lembravam fendas. Essa enfiada ficou algo incrível! Parede vertical, um mar de agarras e uma sensação de exposição fora do comum. Acho que nunca vi um pedaço de rocha com tantas agarras legais em nenhum setor de Calogi.

Graças às agarras esculpidas pela ação do tempo, a conquista fluiu bem. A medida que ia subindo fui achando boas colocações móveis. Com isso, a enfiada de 50m ficou com apenas 3 proteções fixas.

Olhando para cima a procura do melhor caminho.
Chegando na P3.
Headwall.
Chuck limpando a enfiada.

Estabeleci a P2 num divisor de pedra. Poderíamos fazer outra travessia à esquerda e pegar um belíssimo diedro, tocar reto para cima por um headwall ou cair para direita novamente e encontrar a P3 da via Arapuca e seguir para o cume por ela.

Devido ao tempo e a quantidade de chapa que tínhamos, optamos em sair pela direita e emendar a via na Arapuca. Para essa conquista havíamos levado apenas 20 chapas.

A terceira enfiada ficou curta, mas bem intensa e interessante, uma mescla de exposição, movimentos atléticos com uma pitada de aventura.

Conquistando a terceira enfiada.
Chuck chegando na parada.

Chegamos na P3 da Arapuca e resolvemos fazer cume para descer pela trilha. Passei a ponta da corda para o Chuck, mas ele falou que a sapatilha estava muito folgada e me passou a ponta quente de volta.

Toquei a última enfiada sem antes penar para fazer o crux. Lance maldito de VI em abaulado com chapa no pé.

Chegamos no cume por volta das 16h30. A ideia era descer caminhando, mas não encontramos a trilha e tivemos que descer pela via. Acho que o mato cresceu muito nos últimos anos e está bem difícil caminhar pelo cume.

No meu relato falo que é impossível descer pela via, mas agora com a P2 da Araponga em chapa é possível descer tranquilamente com duas cordas de 60m.

Pessoalmente gostei muito da via. A estética, a exposição e as agarras dessa linha são, sem dúvida, um aspecto diferenciado. Espero voltar em breve para livrar as enfiadas e quem sabe buscar uma linha para chegar no diedro da esquerda. Só falta a coragem.

Valeu Chuck por topar mais uma!

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Há uns 12 anos, quando vim morar no Espírito Santo, surgiu um rumor sobre uma possível área de escalada no norte do estado. Foi descrita como uma floresta de blocos imersa numa mata exuberante, mas sem potencial por apresentar poucas agarras.

Sempre quis saber onde ficava esse lugar, mas nunca consegui achá-lo no Google Maps. Até que um dia o Iury encontrou um video no You Tube sobre um tal de Gruta do Militão em São Roque do Canaã. Na hora, associei a gruta com esse lugar e fiquei bastante curioso para saber mais sobre o local.

Enquanto estava fora, o Iury e a turma do Colaboulder fizeram duas visitas à região para negociar o acesso à pedra. De início, o proprietário foi bastante relutante em permitir o acesso, mas após algumas conversas, o pessoal conseguiu finalmente a autorização (com várias ressalvas).

No último sábado, Chuck e eu, juntamente com a Cíntia, Eduarda, Iury, Luca e Wesley fomos desbravar o local.

A área fica a leste da cidade de São Roque do Canaã, próximo à localidade de São Jacinto. Geologicamente fica no que os geólogos chamam de Lineamento Vitória-Colatina, uma feição estrutural de caráter regional que é possível observar claramente nas imagens de satélite. De fato, o local é bem singular. Numa rápida olhada, presumi que no passado geológico, ali tivesse um totem, ou até mesmo um pontão que pela ação erosiva desmoronou e formou uma enorme pilha de blocos, alguns com mais de 30m de altura. O empilhado de blocos formou uma intrincada rede de grutas, corredores e passagens estreitas.

Já rodei bastante esse Estado e é a primeira vez que vejo uma feição dessas. O mais próximo que já vi foi no setor Vale Perdido em Calogi que também se formou num processo bem parecido, mas numa escala menor.

Por ser um complexo de blocos empilhados, a caminhada e orientação são bem mais difíceis. Nessa primeira visita mal conseguimos ver tudo e muito menos explorar o potencial do local. Sem dúvida é um lugar que precisa bater muita perna para entender e conhecer todos os cantos.

Nessa primeira visita fomos direto a um bloco que o Iury classificou como o setor mais fácil. Um bloco negativo com vários buracos de uns 20m de altura que fica logo na entrada do setor.

Montamos um rapel e logo começamos a avaliar mais de perto os tais buracos. Logo vimos que a rocha era bastante decomposta com grandes lacas suspeitas. Conseguimos achar uma linha que evitasse essas lacas e ali nasceu a via “.50”, a primeira via do setor. A via ficou com aproximadamente 15m de extensão e o grau sugerido foi um 7b (aguardando novas repetições para confirmar o grau). Devido à qualidade da rocha, a 3a proteção não ficou no melhor lugar; por isso, há um runout entre a segunda e a terceira que exige um pouco de atenção. Se cair puxando corda é chão!

Luca equipando a via .50.

Depois dali, fomos num outro bloco, ali perto, e abrimos uma via em mista. A via, batizada de “Soldado Raso” começa numa placa tecnik protegida com duas chapas. Depois entra num diedro em móvel até virar o tetinho e seguir por mais três proteções fixas até o cume do bloco, totalizando 20m de via. Grau sugerido VI. Levar Camalot do #.4 até #1.

Conquistando a via “Soldado Raso”.

Já mais para o final do dia, voltamos as nossas atenções para um bloco que fica logo na entrada, onde vimos um bom potencial para alguns boulders e uma fenda frontal de mão. Nesse bloco abrimos dois V0’s, “Tiro de Festim”, um boulder que começa na aresta e “Tiro de Borracha” que começa um pouco mais a direita e junta com a “Tiro de Festim”. Mais à direita abrimos a “Tiro certeiro” uma fenda frontal de mão que acaba numa árvore. Escalei a fenda em móvel, mas é possível escalar em highball com alguns crashs (V0).

Agradecimento ao Iury e a turma Colaboulder pelo convite e por viabilizar o acesso. Espero voltar num futuro breve para seguir explorando melhor o local e conquistar novas linhas.

A turma!

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